sábado, 1 de novembro de 2008

PRIMEIRA MULHER DÁ LUGAR A HOMEM DO POVO

Vitória histórica de Roberto Pina faz toda a cidade de Igarapé-Miri “ vestir” Vermelho

(Por Antonio Marcos)
Como à quatro anos atrás, quando uma mulher chegava pela primeira vez a prefeitura de Igarapé –Miri , em outubro de 2008 outro fato histórico aconteceu na Capital Mundial do Açaí. Pela primeira vez na história do Miri um candidato do Partido dos Trabalhadores chega ao palacete Senador Garcia. Um homem do povo, de origem humilde, nascido às margens do Rio Santo Antônio, Roberto Pina de Oliveira transformou-se em uma das personalidades mais influentes do Baixo - Tocantins, “formado” no interior dos movimentos sociais e na “Universidade da vida”, Pina, passou a ser a referência do partidos dos trabalhadores nos últimos tempos e a ter o seu nome consolidados por militantes e simpatizantes do partido ao longo de três eleições, onde foi passo a passo conquistando a confiança e “ a força do povo” . Com a apoio do PTB de Francisco Pantoja (que se transformou no vice de Pina) e demais lideranças políticas (como Deputado Miriquinho, Deputado Cezar Colares, Graça Leão e outros) que ao lado de lideranças comunitárias e empresários locais em nome da causa miriense (com o projeto de construção de um novo Igarapé-Miri) foram unindo forças à candidatura Pina 13, que foi se transformando passo a passo em uma opção consistente e inovadora aos olhos dos eleitores mirienses.
No tão esperado 05 de outubro, com 15.485 votos, contra 12.517 votos da atual prefeita Dilza Maria Pantoja Correia e 930 votos de Pastor Alberto Amorim, o nome de Roberto Pina foi enfim consolidado como prefeito eleito de Igarapé-Miri. Quanto os votos do candidato Mário da Costa Leão (Ex-prefeito do município) vale lembrar que não foram computados visto que sua candidatura encontrava-se indeferida.
No mesmo dia 05, por volta das 17: 30 minutos, já era possível escutar os primeiros estouros dos fogos que a principio timidamente e logo após dominados por um clima de “euforia vermelha” começaram a ganhar todas as ruas da cidade. A festa estendeu-se pela noite e manhã seguinte. À tarde, logo cedo, a festa tomou as ruas de Vila Maiauatá com a presença de Pina e vereadores eleitos, em segunda a carreata da vitória (após ato de solidariedade à família de “Manoelzinho”, que faleceu logo após o anúncio da conquista) ganhou as principais ruas de Igarapé-Miri. Todos contagiados pela emoção que era despertada pelas bandeiras vermelhas que anunciavam a passagem do novo prefeito, a nova primeira dama do município e o vice Francisco Pantoja que ao lado de Pina cumprimentava os moradores da terra do açaí, todos ansiosos e esperançosos de que o novo mandato possa representar um novo tempo para o povo miriense!

EDITORIAL

VIVA A DEMOCRACIA !
Prof.Antonio Marcos Ferreira
antoniomarcospoeta@yahoo.com.br


No último dia 05 de outubro milhares de brasileiros foram aos colégios eleitorais de todo o país, a fim de “fazer valer” o tradicional exercício de cidadania, efetuando a escolha “consciente” de prefeitos e vereadores, quais exercerão os devidos mandatos durante o próximo quadriênio (2009 – 2112).
O que não fora diferente no nosso querido município de Igarapé-Miri, “Capital Mundial do Açaí”, onde 34.430 (trinta e quatro mil quatrocentos e trinta) dos nossos 39.820 ( trinta e nove mil oitocentos e vinte) eleitores compareceram a este ato de cidadania.
Foi um dia de festa. Uma festa da “democracia”! Opa! Disse democracia? Sim, uma democracia nem tão democrática, capaz de deixar perplexo qualquer admirador da boa ética kantiana¹ (fundamentada no princípio da autonomia e do dever).
Certamente todos sabem ao que quero me referir, Ora! No nosso município tal como em outros municípios deste imenso estado (seja no Baixo-Amazonas ou Sul do Pará, quanto aqui nesta região, a poucas “léguas” da capital), os períodos eleitorais são marcados por festivais de irregularidades, que vão desde a propaganda ilegal (que nos diga a Dra.Rejjane de Oliveira, juíza eleitoral, que esteve em Vila Maiauatá a poucos dias da eleição ao lado do promotor Dr. José Nazareno Barros) à tradicional compra de votos no dia das eleições.
Disseram que tinha candidatos pagando até 30 reais por voto, no município. Ora vejam só! Corrupção que é inclusive alimentada por aqueles que inconscientemente ou por necessidades da ocasião acabam colocando a venda seu poder de decisão. Por sorte parece que nosso povo está ficando mais atento quanto aos “famosos” oportunistas de plantão, a prova disso está no fato de que nessas eleições a lógica que apontava como vencedores os candidatos com maior poder aquisitivo, não prevaleceu exatamente conforme pressupunha a regra. Tomara que estejamos no caminho certo. Que viva a democracia!
¹Referente à Filosofia de Immanuel Kant, da Obra Metafísica dos Costumes

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Considerações Pós(tumas)-5 de Outubro em Igarapé-Miri...


Considerações Pós(tumas)-5 de Outubro em Igarapé-Miri...Contribuições às nossas REFLEXÕES feitas ao longo da Vida Pública

Professor Israel Fonseca Araújo
Em minha “cachola”, há muita coisa a ser dita acerca tanto dos meses que antecederam as Eleições de 5 de outubro de 2008, quanto sobre o depois do dia “D”. Mas por conta de espaço temos de fazer muitos cortes, eleger alguns links e direcionar as considerações. É o que tentarei fazer aqui.
Como trabalho (e milito) na Educação Escolar Pública, esse é meu primeiro foco. Dos Vereadores Eleitos, duas pessoas são professores(as), não mais em atividade: FUXICO (DEM) e CARMOZINHA (PV) – esta, aposentada. Do total de 114 candidatos, encontrei 11 docentes, entre quem ainda labuta e quem já está “descansando” – com inclusão dos supracitados. Somamos os votos depositados a esse total de 11 e, salvo engano, constatei 3.615 votos. Daria para fazer 01. Mas, fiquei “a me perguntar”: qual critério a escolher para empossar essa Autoridade Constituída, caso essas pessoas se unissem em torno de nossa causa e resolvessem nos representar na Câmara (risos!)? A idade? O número de pleitos nos quais concorreu? Seria a Titulação Acadêmica? Bom, neste caso o escolhido (e chamado) seria o Prof. Doutor Paulo Sérgio de A. Correa (UFPA), cujo Currícullum Vitae dispensa apresentações, mas... apenas 61 pessoas votaram nele. 02 ex-secretárias de Educação naquela lista: Conceição Bastos (PP, 446, 27ª) e Mônica Pinheiro (DEM, a mais recente, 163, 49ª). Um professor de vários anos de professorado, Gênesis (PR), com 42 votos e, Patrick (PDT), que também é músico há vários anos, com 27 votos: há quem diga que professor não se elege aqui no “Miri”. Há controvérsias. Mas são muitos os casos desanimadores, entre eles alguns recentes.
Quanto às posturas políticas e ideológicas (e cristãs, para algumas pessoas), já descobrimos quem é quem em muitos casos. Muita coisa escusa, inefável, impossível de se engolida e muitos outros “i” ou “in”. É em momentos como esses que realmente conhecemos algumas pessoas, já que um ato vale mais do que cem mil palavras, não é mesmo? Digo sem medo de me equivocar que alguns conceitos e muitas pregações necessitam de uma revisão bem mais profunda do que aquela que derrubou o trema, via “Novo” Acordo Ortográfica da Língua Portuguesa: certamente nós, mirienses, teremos competência para tal. Mas o Palanque será desmontado em breve (Amém!) e a nossa nada mole vida (por aqui) continuará.
Quanto aos números (pois as pessoas adultas “só” acreditam em números), PINA (PT) venceu com uma diferença de 2.968 votos (15.485 (53,52 %) contra 12.517, da segunda colocada, Dilza Pantoja, PMDB, 43,26 %). Elegeram Vereadores(as): PMDB (03), DEM (02), PV (01), PR (01) e PSB (01), todos da “Unidos por Igarapé-Miri”, e PT (02). Em virtude da Legislação Eleitoral brasileira, para a Vereança (na Proporcional) Maria José Corrêa (PR) foi eleita com 511 (22ª Colocada) e Rufino Leão (PP), com 967 (4º Colocado), ficou eliminado. Haverá certa renovação(?) de 50% na nossa Douta Casa de Leis: saem Danda, Géo, Norma, Amorin e Rufino Leão para as entradas de Elivelto, Santury e Constância (debutantes) e re-entradas de Toninho Quaresma e João do Carmo, que ficaram uma Legislatura “de fora”. Amorin, inclusive, teve para Prefeito redondos 100 votos a menos do que na sua última empreitada para Vereador (1.030-2004, para 930-2008).
A primeira mulher eleita para o “Palacete Senador Garcia” (Dilza Maria Pantoja Corrêa, pelo PFL, atual DEM) não conseguiu se reeleger e cede a vez para um “primeiro homem do povo” (Roberto Pina Oliveira, PT, militante social e carpinteiro naval).
E, quase terminado, deixo três “Boas Novas”: 1) sinceramente espero que certa literatura (com “éle” minúsculo) pare de circular por estas bandas, já que a motivação de sua existência ou desapareceu ou está prestes a desaparecer; 2) desejo que nossos(as) Representantes na Câmara cumpram o papel para o qual foram contratados, cujo Mandato é de seus respectivos Partidos Políticos, que não entrem para a Vereança já em desvio de função e, 3), que seja feita uma Transição de Governo criteriosa, democrática e transparente, com o fito de dar à Comunidade Miriense a certeza de que teremos um Mandato “Com a Força do Povo” e de bem municiar o novo grupo político-administrativo que assumirá o Executivo local, que a convivência pacífica e harmoniosa se instale aqui nestes “Caminhos de Canoa Pequena”. Muitas justas realizações às pessoas eleitas.

Nota: O Povo Miriense estará de Olho bem “Vivo” em vocês, futuras excelências. Bom trabalho!

Da SEDUC-PA e da SEMEC de Igarapé-Miri. Na WEB afolhademaiauata.blogspot.com e/ou (e-mail) fonsecaraujo@bol.com.br. Com a Colaboração de Antonio Marcos Quaresma Ferreira

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Uma Croniquinha de Lingüística

Sobre certas “coisas”, em tempos de Campanha Político-Eleitoralstrong>
Prof. Israel Fonseca Araújo ,
fonsecaraujo@bol.com.br/afolhademaiauata.blogspot.com

Estes tempos de Propaganda Político-Eleitoral são, realmente, no mínimo instigantes. Por, pelo menos, cinco razões, conforme trataremos a seguir. Primeiro, porque continuamos a ver certas candidaturas que beiram à suspeição, haja vista que: qual é a intenção de uma pessoa desconhecida do Povo Miriense, sem nenhum trabalho por este Chão, e que mesmo assim vem empatar nossos lhos e ouvidos com “balelas” que para nós não teriam valor ainda que fôssemos por demais ingênuos(as), coisa que está longe de sermos. São os(as) que caem de pára-quedas, os “Candidatos Doril”, segundo recente definição do editor do Jornal Miriense. Segundo, ainda há quem creia que, para ganhar as Eleições, basta ser selecionado(a) na Convenção Partidária, fazer o Registro da Candidatura, estar com a ficha “limpa”, mandar fazer (muitas) músicas e distribuir coisas, sem nem um papelzinho fotocopiado que seja, contendo suas Propostas, seu Projeto para depois de leito(a), para que saibamos quais são as Metas que essa pessoa perseguiria a partir de 02 de janeiro de 2009, (seja para a Vereança ou para o Palacete “Senador Garcia”). Terceiro, nestas Eleições LULA (Presidente do Brasil) é das pessoas mais disputadas, em Igarapé-Miri, Abaeteuba, Cametá, Belém... Há quem deixe sua imagem em segundo plano e ponha a do Presidente, em primeiro, mostrando (pelo menos) duas coisas: 1ª) LULA está muito “bem na foto” e por isso se tenta tanto atrelar a imagem do homem dos dezenove dedos, lá de Pernambuco, a sua; 2ª) fica parecendo que, com LULA, se faz o Povo esquecer que quem se candidata tem de ter Propostas, Planos, Metas... É bom que não esqueçamos que LULA ajudará, mas não administrará, nem legislará os/nos “vários 1.000” Municípios brasileiros. Quarto: você já observou que umas pessoas/candidatas(os) posam pra foto já “de lado”, como quem já “tá se mandando”? Será que já é um movimento de virar as costas pra quem lhes deu um Voto de Confiança? CUIDADO, eleitor(a), com essas pessoas.
Também, “perambulando” pelas ruas deste “Miri”, tenho lido algumas coisas e ouvido outras, interessantes, senão vejamos a seguir. a) Precisamos ter cuidado com nossas placas, faixas, pois muita gente de fora passa diaria, semanal e/ou mensalmente por nossa Cidade onde, além de toda uma imagem negativa que temos oferecido e que nem o Açaí está conseguindo abafar, fica muito feio escrever o “A” (preposição/artigo) em lugar do “HÁ”, de “haver”, “existir”: vamos vender em bom estado o nosso peixe!; b) algumas letras de Músicas e/ou de Chamadas me chamaram a atenção, pois trabalho diariamente com a Linguagem (e Verbal, sobretudo). i) É o caso de uma candidatura que já fala em “administrar a Câmara” de Igarapé-Miri. Fiquei numa “pequena” dúvida: seria o caso de administrar o Prédio ou de exercer a Presidência daquela Douta Casa de Leis? Caso se trate da segunda hipótese, é muita audácia; se é da primeira, trata-se de uma função, no mínimo, curiosa – alguém tem de dizer a essa pessoa sobre Legislar, Fiscalizar, Representar o Povo; ii) A Chamada de “Jesus”, uma das candidaturas proporcionais deste Pleito, garante que “nesse você pode confiar”, numa nítida referência ao descrédito que repousa sobre a classe política brasileira. Concordo com este respeitado homem, mas fico me perguntando: se em Jesus não pudermos confiar, em quem confiaremos – nós que somos cristãos(as)?; iii) A música que fala “Ei, você aí, me dá um voto aí” parece ser das mais ousadas, diretas: através de uma paráfrase àquela letra de Carnaval, a candidatura pede direta e desinibidamente o Voto de quem quer que seja; iv) Ainda a estratégia furada de algumas pessoas que nem ligam para a nossa população, mas, AGORA e DE REPENTE, se intitulam amigos(as) de nossa Gente, cheias de “Compromisso”, “Competentes”, acenam para todo mundo, falam, cumprimentam...: que é isso, aqui nós temos Memória! O tempo de enganação “em massa” está passando, e vamos trabalhar!; v) Agora, todo mundo é Amigo(a) do Povo e há certa disputa (implícita às falas) para ganhar a corrida pela amizade do Povo, e depois surrupiar seu/meu Voto; vi) Por fim, mas não terminando, meu filho Giovanni, 11, me alerta para o fato de que algumas músicas, até “boas” pra ouvir, foram estragadas por candidaturas, uma vez que, no futuro e ao serem ouvidas, teremos de lembrar das conversas fiadas desta Campanha. Ademais, é a estratégia “X” contra a “Y”, à semelhança de uma disputa entre gladiadores romanos. Juízo, Coerência e Respeito às pessoas a gente tem que ver por aqui.


Prof. de Língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Ig.-Miri (PA) e da SEDUC-PA.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Trabalho e tecnologia

O Emprego de hoje e dos próximos anos
*josiel_farias@hotmail.com

O mundo nunca experimentou um avanço tecnológico como dos últimos 60 anos. Enquanto que no século XIX, uma invenção demorava décadas para ser ultrapassada, hoje calcula-se que a cada seis meses uma novidade tecnológica já esteja defasada, e isso é tão verídico que as operadoras de celulares vem cada vez mais com aparelhos multifuncionais, as câmaras fotográficas quem o diga.
No mundo dos negócios não é diferente, haja vista de que ele se desloca de uma base tradicional ou industrial para uma economia de serviços baseada na informação, essa mudança é tão importante quanto a passagem da economia agrícola para o mercantilismo. Entretanto podemos deixar de citar o quanto isso mexe com perfil dos empregados no cenário mundial, se no início do século XX o setor que mais empregava era o industrial, hoje e nos próximos anos, sem sobra
de dúvidas é o da tecnologia da informação e processamentos da informação que obrigará os chamados trabalhadores da informação, bem como: programador de computadores, professor, pesquisador, advogado e consultores a ser - se já não são, os mais procurados no mercado de trabalho.
Portanto, a qualificação desses profissionais, e de outros que também

serão exigidas, é de grande importância para um mercado cada vez mais globalizado e com um mercado gigantesco que é o da tecnologia da informação.

*Acadêmico no curso de Recursos Humano - Univesidade Paulista (UNIP)

Croniquinhas do Prof. Israel

Uma Croniquinha de Lingüística:
Sobre A.N.B., Calypso e F.H.C.
Prof.

Israel Fonseca Araújo – fonsecaraujo@bol.com.br


Olá, tanta gente! Às vésperas do Natal (2007), estava eu querendo escrever acerca da linguagem da propaganda aplicada, especificamente, à época natalina. Iria falar dessa desleal apelação que é feita às pessoas, sobretudo às mais “ingênuas”, haja vista que (numa dentre tantas outras perspectivas de análise) o verdadeiro valor do Natal fica esvaziado: o viés capitalista é (sobre) posto a quaisquer outros – o importante (?) é vender, lucrar e... quem não compra e/ou não ganha presente... Bom, mas em fins de novembro último (2007), o PSDB fez a sua Convenção Nacional e o (agora) ilustríssimo senhor Fernando Henrique Cardoso (a seguir, apenas a sigla FHC) tirou-me a possibilidade de uma ótima noite de sono. Ah!, por quê? As próximas linhas falam por si.
O (antigo) excelentíssimo senhor FHC, ex-presidente de nosso País¸ no momento de falar a seus correligionários “tucanos”, com toda a autoridade que tem um sociólogo da sua envergadura, formado em nível de Pós-Graduação pela Sorbone (Paris), professor em Universidade estrangeiras, esposo de Ruth Cardoso (in memorian, professora e pesquisadora da USP, também grande intelectual)..., disse que nós precisamos de pessoas “milhor” preparadas para nos governar. Pessoas que falem bem (que não “maltratem”?) a nossa língua e também outras línguas! Gosto de algumas das falas de FHC, porque ele é um exemplo vivo de variação lingüística – talvez por isso a sensação de que essa Língua seja “nossa”.
Obviamente que, em virtude do contexto, o Palácio do Planalto respondeu à acusação que FHC fez a LULA (sem crase).
Não estou aqui defendo ou acusando “A” ou “B”. Mas não posso me calar (nem podemos) ante tamanha petulância. Lula transgride as regras que (des) organizam a Sintaxe de nossa Língua: ainda bem que ele e outros fazem isso, do contrário a nossa Língua seria de quem? Dos imortais que já morreram? (SIM. Eu também sou um transgressor!) Mas este texto deve caminhar para seu término. Vamos?
Caso FHC fosse tão competente (em estudos lingüísticos) quanto Marcos Bagno (fala-se “Bânho”), Luft, Sírio Possenti e outros tantos (as), talvez eu tivesse dormido bem (perdão pela redundância: mas não sei se SIM nem se NÃO), mas sustentar um argumento por conta da titulação é uma grande ingenuidade – maior do que a aventável incompetência linguística que ele tentou imputar a Lula. Beira à ignorância, coisa que não se espera de um intelectual desse porte. Não que eu esteja defendendo aqui a inoportuna “especialização” (quando falo nesses estudiosos da Linguística), mas esse tipo de postura, vinda justamente de um sociólogo, PACIÊNCIA!.
Os fenômenos lingüísticos somente ganham sentido quando contextualizados. É por isso (também) que o Ensino de Língua Materna em nosso País ainda é tão caótico: ainda há tanta gente teimando em ensinar português (apenas) pela memorização de regras gramaticais, pelo elenco de frases soltas, que ilustram fatos metalingüísticos acerca de classificação de palavras, da Sintaxe (de regência, de concordância e de colocação pronominal).
(Sobre Calypso é uma história acerca da Ana Maria Braga (não disse “Brega”: disse “Braga”), que envolve “poqueca [é] de ventrecha [é] de filhote”, segundo ela disse, MAS... só na próxima). Um forte abraço e até ela.

Nota: Este texto foi escrito em janeiro/2008 e ligeiramente reescrito em junho/08.

Uma Croniquinha de Lingüística:
Sobre como fazer uma poqueca de ventrecha...Prof. Israel Fonseca Araújo – fonsecaraujo@bol.com.br


Em nossa última conversa, quando “dialogamos” acerca da atitude do (antigo) excelentíssimo senhor FHC, no que diz respeito à fala do (atual) excelentíssimo senhor Luiz Inácio Lula da Silva, não autorizada pela Gramática Normativa da Língua Portuguesa, disse que numa “próxima” Croniquinha falaríamos sobre uma “poqueca de ventrecha de filhote”. Pois bem: vamos saborear esta iguaria?
Foi na edição dia 26/12/2007, do programa televisivo global “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga, que o Chimbinha (esposo da Joelma: não se pode falar dele sem se referir a ela, pois a Banda mais parece trabalho de apenas eles dois!. É o que acho!) foi ensinar como se prepara a tal poqueca.
Estava eu (acidentalmente) vem TV, quando a apresentadora ANB (para rimar com TV) anunciou que o citado músico estaria em seu programa e ensinaria a preparar uma “poqueca [é] de ventrecha [é] de filhote”. Fiquei excitado quanto à “poqueca [é]”, que esse gênio da guitarra iria nos ensinar a preparar. Mas qual não foi a minha surpresa quando Chimbinha disse (após algumas perguntas de ANB) que uma “poqueca [ê]” é uma espécie de embrulho: senti-me em casa, identificado.
Quantas vezes já não fiz uma poqueca [ê] (conheço essa pronúncia – timbre fechado – cujo objeto, materializado, é usado para iscar o matapi e pegar camarão...)! Você certamente já percebeu que a “poqueca [é]” de ANB é uma variante da nossa “poqueca [ê]”, que a sua “ventrecha [é]” é a “ventrecha [ê]”, que (enfim) estamos diante de um caso de variação lingüística no que concerne à pronúncia das palavras. Neste caso, trata-se tão-somente de uma mudança de timbre, mas há muitos outros fenômenos que por aí estão transitando: um dia poderemos degustá-los.
Que bom! A NOSSA Língua varia, muda, não é um esqueleto morto (lembram dos “imortais que já morreram”? É a redundância em pessoa aqui antes seus olhos). Mas de esqueleto ela quase nada tem. Por outro lado, é indispensável frisar que nem todos os estudiosos (as) de nossa Língua reconhecem o poder dessa variação, que a nossa Língua sempre mudou e sempre mudará, pois é um organismo vivo, dinâmico e que inserido está na dinâmica da sociedade (que nunca pára de dinamizar-se). Tem pessoas que se assumem enquanto autoridades em questões de linguagem que querem uma língua estática, traduzida num parâmetro que serviu de parâmetro há tantos séculos! Tem pessoas que acreditam em discos voadores (não sou contra), que acham que o boto realmente engravida uma mulher, que acreditam em tanta coisa!
Óbvio: a crença é fundamental em nossas vidas, bem como os sonhos, as metas... Alguém que não gosta nem de “ventrecha [é]”, nem de “ventrecha [ê]” é alguém que pensa e que sonha diferente. A diferença é salutar. Quem não gosta da diferença acha “burra” a pessoa que diz fuguista, buto, anssim. É óbvio que existe o padrão, mas este não pode aprisionar os (as) falantes, e antes do padrão vem o cidadão (não foi cidadã porque não rimaria). Ah!, ia esquecendo de duas coisas: 1) na escola devemos aprender a Norma Padrão, pois as outras já sabemos, e 2) a história da iguaria do 1º parágrafo era brincadeira. Bye.

Nota: Este texto foi escrito em janeiro/2008 e ligeiramente reescrito em junho/08.

Acredite, se QUISER – e ria, se PUDER

Acredite, se QUISER – e ria, se PUDER
Prof. Israel Fonseca Araújo1
Prof. José João Quaresma Pena2


Esta conversa é, quase que totalmente, acerca da nossa experiência com os Concursos Públicos (nesse “nossa” ainda há umas dezenas de colegas nossos!). São vários Concursos promovidos por Prefeituras Municipais daqui do Pará.
Quando pensamos que já vimos tudo sobre as Prefeituras (digamos: 99,01%), lá vem mais surpresas: as mais bizarras possíveis.
No Concurso da P.M. de Moju (2005/IDEA), a cada intervalo de tempo aparecia alguém da Organização para dizer que em tal trecho teríamos de fazer uma pequena alteração; na Prova, nem sequer um negrito para melhor visualizar o início da questão seguinte, nem um enter-zinho...
No de Igarapé-Miri (2006/ESAMAZ), candidatos (as) saíram da Casa da Cultura e foram à barraca de Sant’ana, com suas cadeiras, pari-passo, conversando – depois de ter faltado energia lá na Casa... E, quanto aos gabaritos, a cada dia um novo até que chegou o definitivo.
Em Abaetetuba (2008/CEFET), alternativas de “A” a “D”, numa Questão não tinha a letra “C”. Suspeitou-se que essa alternativa fosse a verdadeira: teria sido para facilitar?!
No da SEDUC-PA (C-125/FADESP), para Professor AD-4, em algumas salas, haja chuva! e, para Técnico em Educação, envelope “levemente” aberto. Motivo: teria caído do nono andar de um prédio (isso é boataria, gozação): assim, não há virgindade que agüente!
(Quanto aos critérios de desempate, Moju é mais “humanitário”: tem a maior prole e o fato de ser casado. Aí, meu amigo me sacaneia: nesse caso, Israel, tu me ganhas: eu tenho só um casamento e tu, dois...)
Novamente Concurso da P.M. de Moju (2008/IDEA), na hora de já começarem a realização das Provas Objetivas (o Certame não tinha a “Prova de Títulos”) uma constatação: não havia provas para todas as pessoas que estavam em algumas salas de aula, no horário da manhã, ainda bem que se descobriu isso com tempo para (pasmem!): ir à xerocadora fotocopiar textos para alguns candidatos (as), era só o pessoal ficar quietinho, nas salas, esperando, enquanto pessoas “idôneas” iriam tirar as tais cópias. Resultado: pessoas se revoltaram, saíram de algumas salas, o Certame teve suas provas adiadas. O IDEA, juntamente com a Comissão Organizadora do Concurso, informou (no endereço www.comtalento.com.br) que a realização das Provas tinha sido suspensa por conta de “tentativa de fraude”, por parte de candidato (Falsidade Ideológica), o que teria de fato ocorrido (envolvendo um miriense, conhecido nosso!), mas nada disse sobre aquelas outras “coisinhas”.
Em Paragominas (CAJAV), há pouco mais de um ano, a Prefeitura local realizou um Concurso Público. Nada mais natural, segundo diz a Lei Máxima de nosso País. Mas, um “pequeno” detalhe nos chamou a atenção: nos Vencimentos, havia o Salário Base (por ex.: R$ 280,00) e mais uma Cesta Básica! Aqui o nosso espanto: essa Cesta Básica seria só para o primeiro Vencimento ou para toda a vida do Servidor? E mais ainda: ela passaria com ele para a Aposentadoria? Ao receber o Contra-Cheque, essa Remuneração, embora esquisita, viria especificada. A parte paga em dinheiro, decerto seria depositada na Conta Bancária do Servidor. E a Cesta Básica? Seria via Vale? E esse Vale, vale mesmo?
Mas são os Procedimentos de Inscrição o que mais nos fascinam: no de Moju (2008/IDEA), até 29/02/08, o candidato deveria pagar o valor da Inscrição e depois voltar à Internet para saber quantas vagas tinha, em quais localidades e (o mais importante) qual o valor dos vencimentos para aquele cargo e, finalmente, finalizar a sua Inscrição.
Essa coisa da PM Moju/IDEA nos deu uma idéia: IGARAPÉ-MIRI, para não se “rebaixar” ao vizinho amigo, teria os seguintes Procedimentos de Inscrição em seu próximo Certame: o candidato (a) a cargo de Nível Superior deveria: A)Ir à grande rede saber das Informações Gerais sobre o Concurso; B)pagar o valor de 69 reais (acréscimo de 15% em relação ao último realizado) “em qualquer agencia bancária”; e C)retornar à rede para concluir a sua Inscrição...
Ao chegar à página da instituição organizadora, munido do número da Autenticação referente ao pagamento dos sessenta e nove, uma MENSAGEM IMPORTANTE, que nos diz:

“Prezado candidato, lamentamos por informar, mas nosso Quadro de Cargos de Provimento Efetivo não possui um que seja compatível com a sua qualificação profissional. Dessa maneira, sua Inscrição não poderá ser concluída. Informamos ainda a V. Senhoria que o valor recolhido para as Inscrições não será devolvido em hipótese alguma. Aguardamos por V. Senhoria em nosso próximo Certame e, desde já, contamos com a sua valiosa compreensão”.

Você duvida disso?

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Eleições 2008 - Carta do Prof.Israel

Carta Aberta à Comunidade Igarapemiriense sobre as Eleições de 5 de outubro:
Nosso futuro continua EM JOGO, e agora mais em jogo ainda


Prof. Israel Fonseca Araújo(*)

Olá, amigos e amigas de nosso amado Igarapé-Miri. Pessoas de todas as raças, todos os segmentos sociais, de quaisquer “níveis” de escolarização, todos os credos religiosos, todas as ocupações profissionais – dentre outros pontos. Sim, você que já se habituou a ler meus textos neste blog e demais pessoas que, por vários motivos, somente agora se colocaram ante estes escritos. Enfim, nós, pessoas que amam o Município de Igarapé-Miri.
Realmente, nosso futuro continua em jogo, agora nessas semanas que antecedem às Eleições de 2008 (Proporcionais: Vereadores/as – e Majoritárias: Prefeito/a), as maiores em poluição sonora que este nosso “Miri” já viu. Também a maior em uso de recursos financeiros (pois toda a “barulhada” que temos de agüentar de segunda a domingo denuncia que há muita grana circulando nesse meio) e em recursos humanos; a maior do ponto de vista da sedução dos eleitores (as)... Pessoas que a gente nunca vê por aqui, trabalhando, lutando pelo bem, pelo desenvolvimento do “Miri”, de repente aparecem: caem de pára-quedas para surrupiar o nosso Voto.
Você já observou que pessoas que nunca falam com você, seja nas ruas, nos prédios públicos, seja onde for... de repente param e falam com você, lhe enxergam. Que “acaso”, você não acha? Conto-lhe uma historinha (verdadeira): uma pessoa que me conhece há muitos anos, depois que assumiu certa “patente” aqui em Igarapé-Miri, falava com várias pessoas, com pessoas que estavam no mesmo lugar/grupo em que eu estava, só não falava comigo: era como se não me visse. Depois de um ano e meio, chegaram as Eleições de 2006 e, misteriosamente, essa pessoa volta a me cumprimentar nas ruas... mais alguns meses de seu silêncio e, agora (Eleições de 2008), a dita cuja já me vê, puxa conversa, dar risadinhas... Você não acha uma atitude desse bastante suspeita?: defendo que deveria haver um “PROCON” específico para isso.
Atualmente, temos umas pessoas que se declaram apaixonadas por nosso “Miri”. Agora é “DEDICAÇÃO” pra cá, “COMPETÊNCIA” pra lá, “COMPROMISSO” dali, “RESPEITO” pra acolá, “AMOR” por Igarapé-Miri etc.. Ouvimos (e lemos) tantas coisas boas da parte de quem às vezes se suspeita que seriam (verdadeiramente) sanguessugas, institucionalizados (as) ou não. Descobrimos umas “caras” tão inéditas por aqui que ficamos com dois pés atrás. Seria protesto, desabafo, revolta pessoal esta escrita? Pode ser, mas não exatamente pessoal. Há que se ver, primeiramente, se essa carapuça coube em alguém ou não. Depois, enganam-se as pessoas que acham que podem virar as costas para o desenvolvimento sustentável de Igarapé-Miri e, só para subtraírem os nossos Votos, aparecem agora com a cara mais (des) lavada possível. Para essas “cabeças”, um alerta: nosso Povo está calejado, vacinado por tantas vezes em que fora enganado. A cada sofrimento, mais um pouquinho de aprendizagem, de maturidade.
Vivemos uma situação híper-delicada por estas bandas, onde, a meu ver, só uma força-tarefa poderia nos socorrer deste quadro que dispensa comentários, em várias frentes, para que o nosso “Miri” passe a respirar “sem a ajuda de aparelhos”, seja lá em quais áreas for. Lembro do “Aviso aos eleitos”, do meu colega/professor Elvis Nunes Corrêa, logo após o resultado das Eleições de 2004, mas não sei até que ponto aquela leitura “tocou” a nossa alma.
05 de outubro de 2008: a hora de votar, que exigirá de nossa parte a escolha de propostas de candidatos comprometidos (as) com nosso Ig.-Miri, cujo plano (para depois de suas Posses) esteja bem elaborado. Pessoas em quem possamos ver competência e compromisso com nosso crescimento. Maturidade que já faz a diferença, agora, na hora de observarmos quais os Candidatos (as) não respeitam o nosso sossego de depois do almoço, depois das 18/19h, aos domingos (e sábados, sagrados para os Adventistas do Sétimo Dia), que põem uns “Pops Sons” nos seus carros e abusam da Lei do/a Mais Forte, onde pode mais quem tem mais dinheiro – ou só pode quem tem dinheiro. Isso tanto na Eleição Proporcional, quanto na Majoritária. E, também, isso diante de uma das classes mais desacreditadas de nosso País: a dos políticos (as).
Temos por aqui cinco candidaturas de prefeitáveis (10 pessoas) e bem mais de cem para a vereança. Os anos 2009-2012 responderão por nossos atos de alguns segundos diante de uma Urna Eletrônica, creio que sem direito a mais arrependimentos. É como aquela propaganda da Justiça Eleitoral que trata das oportunidades, dizendo que quatro anos é tempo demais, pois após esta a nossa próxima oportunidade de decidir o futuro de nosso Município (isso em tese) será em outubro de 2012. Parafraseando aquela emissora de TV, dá para dizer: “Segurança”, a gente tem que ver “por aqui!”. Estamos na torcida por nosso Igarapé-Miri.

(*) Professor de Língua Portuguesa na rede pública de ensino de Igarapé-Miri (PA), SOME, Zona Rural/Ribeirinha (fonsecaraujo@bol.com.br).

segunda-feira, 28 de julho de 2008

ALGUNS POEMAS DE ANTONIO MARCOS

QUEM É ANTONIO MARCOS
Antônio Marcos Quaresma Ferreira, filho de Antonio da Costa Ferreira e Maria Raimunda Quaresma Ferreira, nasceu aos 24 de março de 1980 às margens do Rio Mamangalzinho, em frente a Vila Maiauatá (a Veneza da Amazônia), município de Igarapé-Miri, região Baixo–Tocantina, no Pará. Estudou na Escolas: Nossa Senhora de Nazaré, Antonio Lopes da Costa e Dalila Afonso Cunha, tendo concluído o ensino Médio na Escola Ginásio Fernando Ferrari, em Marituba (Região Metropolitana de Belém). Cursou Filosofia Natural pela Organização Internacional Nova Acrópole.Graduou-se em Filosofia Licenciatura Plena / Bacharelado pela na Universidade Federal do Pará. Atual coordenador do GECS [Grupo Ecumênico Salmo 133.].Membro do Grupo de Intercambio da Paróquia de Confissão Luterana em Belém . Na literatura é conhecido em sua região pelos seus folhetos em cordel. Autor de “A Poesia Igarapé-Miri” e “Versos de Açaí.Integra a Associação Artística Ananin (em Ananindeua), participando da 1 Antologia Poética desta entidade, onde atuou também, como radialista durante 2 anos ao lado de J.Anestor e Ivan Costa na apresentação do Programa 5 Carmita Cultural, pela Radio Comunitária FM Cabana. Atualmente dedica-se ao magistério como professor no ensino médio. Colaborador dos Jornais Miriense (de Igarapé-Miri) e Jornal de Ananindeua. É o atual diretor de edição do Jornal Informativo “A folha de Maiauatá”, que tem publicação mensal. Editor do Blog http:// afolhademaiauata.blogspot.com.

e-mail:antoniomarcospoeta@yahoo.com.br

POEMAS REGIONAIS


1 - VERSOS DE AÇAÍ

Moleques de bocas pretas
Correm no meio da mata
Na mata do velho solo
Dos engenhos e da cachaça

Cana hoje já não existe
Hoje a terra é de Açaí
O maior produtor do mundo
É Igarapé-Miri

Cultura que conquistou
O Pará e o Brasil
Ó que fruto tão pai-d’égua
Mais gostoso tu já viu ?

Caboclas com panos nas testas
Com as mãos pretas no alguidal*
Vão amassando e peneirando
O fruto do açaizal

Pra servir como sorvete
Como creme ou picolé
Mas, Para o bom caboclo da região
O “bão” mesmo é o “pirão”
Na hora da refeição!

*Alguidal ou alguidar: recipiente feito de argila usado para extração ou armazenamento de vinho de açaí




2- IGARAPÉ MIRI DE HOJE

Minha Igarapé-Miri
Sede do meu município
Não esqueço jamais de ti
No cais olho teus barcos
Fico a ti contemplar

Lá na praça Padre Henrique
Vejo a beleza do mar
E tomar mingau gostoso
De açaí ou miriti
E a contemplar minha cidade
Minha Igarapé-Miri

Vejo a Igreja de Santana
E o palacete Senador Garcia
O Estádio Municipal
E o “Moca” todos os dias
E o novo Templo Central

Igarapé-Miri de hoje
Terra de Maria e de José
Não esqueço de tua gente
Cheia de fervor e fé
Lá de cima do coreto
Imagem que não esqueço
Da cidade miriense
Do Mindó, do Eládio e Maria José

*MOCA: Mendigo popular no município de Igarapé-Miri.

3- CANÇÃO DA MINHA TERRA

Minha terra tem mangueiras
Tem açaí e taperebá
Tem pupunha de primeira
Tem castanha-do-Pará

Tem pescado, pratiqueira
Tem puraquê e tucunaré
Tem tribos, tem muitas raças
Tem gente de muita fé

Tem pássaro bem-te-vi
Tem curió
Tem maguari
Tem gente que chora e sorri

Minha terra tem mangueiras
Tem açaí e taperebá
Não permita Deus que eu morra
Distante do meu lugar

Distante da minha terra
Distante do meu Pará

4- MEMÓRIA DE IGARAPÉ-MIRI
Assim era meu Miri
Por todos admirados
Chego nem a acreditar
Quando o caso me é contado

Uma terra de leite e mel
Grande produtores de cana
Muitos latifundiários
Velha terra de Sant’Ana

Homens ilustres trilharam
Um caminho que fez historia
Passagem de canoa pequena
Que hoje temos em memória

Orgulho-me dos velhos tempos
Eládio Lobato registrou
E o barão de Igarapé-Miri
Até Belém lhe homenageou


5-MAIAUATÁ
Rio Maiauatá
Tuas águas lançantes
em pleno luar
Conduzem os sonhos
de um ribeirinho
Que ainda cedinho
começa a sonhar...

Acorda menino!
Desata tua rede;
que o dia está por vir!

Deixa de preguiça
te benze logo
e te põe de pé !
toma um gole de café
Vamo’s para o Igarapé
Que é já hora de despescar o matapi! (...)

CRÔNICA

Iguais
Isaac Fonseca¹
Há coisas pretas e brancas. Mas, também, vermelhas, amarelas e laranjas. Só pra não me alongar muito.
O café feito em nossas casas é preto. Já o leite é branco. Eu, por exemplo, adoro café, mas não gosto muito de leite, a menos que os dois estejam juntos.
As medalhas que os franceses ganharam na última copa do mundo de futebol são brancas, e as dos italianos amarelas. O motivo (oculto) de muitos ataques ao Iraque pelos Estados Unidos é preto – o petróleo.
No verão quente da Amazônia a chuva é recebida com alegria. Suas gotas são brancas, cristalinas, e servem para fertilizar o solo.
A palmeira mais querida no Miri, cientificamente, chama-se Euterphe Oleracea, entretanto, nós a conhecemos por açaí. Sua força já nos proporcionou o título de “capital mundial deste produto”. Quando maduro, seus frutos ficam pretos, ao se tornarem vinho, ganham a cor violácea. Ainda não vi quem o despreze neste município. Em Paragominas muitos não gostam de açaí. Não raro adoram queijo, que é branco.
Conheço pessoas que não dispensam um mamão, cujo interior é vermelho. A banana eu curto “pra caramba”, apenas quando fica amarela.
Minha cor preferida pra roupa é o preto. No entanto, nunca encontrei um médico trabalhando que não fosse de branco.
Tem os partidos políticos. O PSDB, que agora faz oposição no Pará e no Brasil, milita no amarelo; os da situação são vermelhos. Igarapé-Miri, por sua vez, está sendo governado pelos Democratas (ex-PFL),( alias hoje pelo PMDB) com suas bandeiras em laranja, mas, o Pina, que ainda se quer Prefeito, defende o vermelho.
No campo dos relacionamentos sou dado a fazer amigos. Tenho muitos: brancos, negros, mulatos e tantos mais. Meu parceiro, que neste ano foi aprovado no vestibular pra Matemática, tem o cabelo avermelhado, mas é natural. Há também os que pitam os seus, e eu não tenho preconceito com isso. Gosto de conversar com idosos de cabelos brancos. Dizem que tê-los é sinal de experiência.
Fiquei muito feliz meses atrás, ao saber por uma pesquisa do IBGE que, dos 100% de habitantes brasileiros, 51% têm raízes indígenas.
Na turma de Letras onde estudo há os que gostam de literatura; outros se afinam com a lingüística, e alguns vão mais pela gramática. Apesar disso, suas diferenças em nada os dividem, pelo contrário, ainda mais os fortalecem, porque os tornam mais completos enquanto grupo.
Vejam só como são as coisas: o Ministro da Cultura no Brasil é negro. Uma das riquezas do nosso país. O cantor, talvez de maior renome por aqui, chama-se Roberto Carlos. Ele é branco. Porém, o “rei” do futebol, inclusive em termos mundiais, que também é brasileiro, é negro.
Bom, em suma, tenho ainda que parafrasear o que outrora se disse sabiamente: cuidemos das crianças... e os adultos não serão castigados!
(inspirado em brancos e negros, de Pedro Bandeira – do livro Palavras de encantamento, coleção Literatura em Minha Casa, 2001; v. 1)



isaac.fonseca@yahoo.com.br
9168-7092

¹Acadêmico do Curso de Licenciatura Plena em Letras (Língua Portuguesa), pela Universidade do Estado do Pará (UEPA)/Núcleo de Paragominas. Colaborador dos jornais A Folha de Maiauatá e Miriense.

ENTREVISTA

VILA COMPLETA 107 ANOS DE HISTORIA E VOLTA DISCUTIR EMANCIPAÇAO
SOBRE A QUESTÃO CONFIRA A ENTREVISTA DO HISTORIADOR E ECONOMISTA ROSARIO PANTOJA , UM DOS ARTICULADORES DO MOVIMENTO PRO-EMANCIPAÇÃO.

No dia 04/07/2007 saiu notícia no jornal O Liberal – Repórter 70, nestes termos:
“Moradores da Vila Maiauatá estão juntando fôlego para se dedicar ao desafio de se separar do município de Igarapé-Miri. Durante todo este mês de julho, vão se reunir com lideranças políticas do município, tentando articular um projeto de lei a ser apresentado à Assembléia Legislativa com a proposta de emancipação”Para falar sobre a questão, conversamos com o prof. Rosário Pantoja(RP), um dos articuladores do movimento pro-emancipação da Vila Maiauatá.
A FOLHA : Prof. Rosário Pantoja, qual é a situação do processo de emancipação político-administrativa de Maiauatá na Assembléia Legislativa do Estado do Pará?
RP: Precisamos contactar com a Comissão de Divisão Administrativa em Assuntos Municipais da A.L para saber sobre o processo de Maiauatá. Se continua arquivado, se foi reaberto ou se precisa apresentar um novo projeto. No dia 20/05/2007 saiu na imprensa notícias sobre o assunto. O Estado está dependendo da aprovação do Congresso Nacional da Proposta de Emenda Constitucional(PEC), que determina de quem é a prerrogativa da elaboração de critérios mínimos a serem seguidos pelas localidades à emancipação.
A FOLHA : Maiauatá precisa realmente se separar do município de Igarapé-Miri? Por quê?
RP: Há uma necessidade urgente. O município dispõe de um território muito extenso. É crescente o esvaziamento da área rural por falta de políticas públicas. Os recursos públicos que o município recebe são escassos e não se vê eficiência nos atendimentos e no alcance de toda a população. A localização da Vila Maiauatá no coração geográfico do município possibilita melhor alternativa para alavancar as forças produtivas da região.
A FOLHA : Você sabe que em 1991, Maiauatá teve a experiência do plebiscito, isto é, o povo foi consultado para se manifestar se queria a emancipação. O resultado foi maciçamente favorável. Porém, houve grande abstenção de eleitores, o que causou o indeferimento do processo pela justiça eleitoral e o arquivamento do projeto de emancipação na Assembléia Legislativa. Em um novo plebiscito, isto pode se repetir?
RP: As regras do plebiscito de 1991 exigiam que houvesse a participação de 50% dos eleitores da região(área urbana e rural). Este quorum não foi atingido. Dos 4.643 eleitores aptos a votar, só compareceram 1.710 eleitores. Não houve campanha de divulgação da eleição, principalmente na área rural. É preciso ficar atento para as regras e critérios que foram estabelecidos. A eleição deve envolver todos aqueles que tem o sentimento pela mudança de um novo destino.
A FOLHA : Historicamente alguns políticos de Vila Maiauatá tentaram romper com a sede do município, mas foram vencidos. Hoje, as atuais lideranças de Maiauatá têm mais condições de se unirem e fortalecer a região em prol da emancipação? Poderia apontar algumas dessas condições?
RP: Acredito que é possível vencer todos os desafios, a começar pela superação das diferenças partidárias dos atuais vereadores. A realidade hoje é bem diferente do passado, quando a luta pela emancipação suscitava um certo preconceito cultural pelo não rompimento.Maiauatá já tem mais de 100 anos de construção de história, remonta os tempos da “Casa-Grande”,ou seja já possuímos uma identidade.
A FOLHA : Na atual divisão administrativa do município de Igarapé-Miri o distrito de Maiauatá já conta com uma população estimada em 20 mil habitantes, e tendo a Vila Maiauatá, sede do distrito, a concentração de 6 mil habitantes. Ocorrendo a emancipação para a constituição de um novo município, não vai enfraquecer ainda mais a região como um todo?
RP: Pelo contrário, significará o fortalecimento e maior integração da região. Na área rural há ausência de governo, de ações de políticas públicas para o povo. Na Vila Maiauatá se percebe isso. Os recursos são mal aplicados e gerenciados e se concentram na cidade de Igarapé-Miri. Por falta de políticas públicas o povo deixa a área rural e vem pedir socorro na cidade e na Vila Maiauatá.
A FOLHA : Para a criação de um município deve ser levado em conta o padrão de crescimento demográfico da área a ser emancipada; a estrutura econômica e a receita tributária? Sobre isso qual é a realidade de Maiauatá?
RP: A discussão desta questão passa pelo tipo de relação que a Prefeitura mantém com Maiauatá. Uma relação perniciosa.A sede se beneficia da geração de tributos sobre mercadorias que são produzidas e circulam pela região de Maiauatá. Recursos que legalmente são transferidos pelo fundo de participação do município, mas que ficam concentrados na cidade. A Vila fica sempre a “ver navios”.Os vereadores deveriam ter o interesse de reverter este tipo de relação. É como aquele filho que sempre viveu junto da sombra paternal de proteção do pai. Mas o pai não faz nada para que o filho desperte em construir com os seus próprios méritos à sua vida.Maiauatá precisa despertar para romper com esta relação perniciosa.

ÉTICA E POLÍTICA

Os Dotados por Ares




Merynilza Santos de Oliveira
merynilza@yahoo.com.br

Ares, ao conversar com os demais deuses do Olimpo, confessou que tinha
dado a Xena a valentia de ir até o Fim, independendo dos custos desse Fim, haja vista que se o Bem era desejado os meios assim mesmo o eram: morte, sofrimento, covardia, perda, tudo valia a pena.
Essa história repete-se, Ares deve orgulhar-se novamente perante os deuses da crueldade que incute nos homens. Deve falar por estes momentos: “estão vendo o Bush, ele mesmo, ele é o Cara”. Arrasar dois países por dinheiro, espera aí, os EUA são a economia mais forte do mundo, ah, mas seja pelo que for, o importante é lutar e ir até o fim.
Maquiavel mesmo com os seus “os fins justificam os meios” teria vergonha desse cara. A ética menos cristã, menos humana para defender o governo, como a maquiavélica, teria medo desse Cara.
E, nós aqui no Brasil, talvez nos sentiríamos presunçosos em diferenciarmos-nos totalmente desse “tipinho”. Porém, não dá, somos a vergonha dos deuses, estamos sem Fim, sem meio, trancafiados num limite eleitor de maus dotados por Ares, destruidores de sonho, de desenvolvimento, de vida decente. E o pior de tudo é que esses “tipinhos” não têm Fim.

Canto do Estudante

ANALFABETISMO TECNOLÓGICO A CEGUEIRA SOCIAL
*Ivanete Ferreira
Apesar do índice de analfabetismo ter diminuído nos últimos anos ainda existem em nosso país milhares de pessoas analfabetas.O que se observa é que em outros tempos as pessoas não eram analfabetas por escolha, mas, sim pela escassez de oportunidades.No entanto mesmo com todas as dificuldades muitas dessas pessoas estudaram e adquiriram certa formação.Nos dias de hoje observamos que embora nossas escolas ainda não tenham alcançado a meta que desejamos, elas estão de certa forma evoluindo.Afinal qual seria a verdadeira importância da educação?
Quando não temos acesso a educação de qualidade somos privados de participar da vida política e social do país de forma ativa.A política é a base de uma sociedade.Quando não temos participação na mesma, não temos argumentos convincentes para reivindicar nossos direitos de cidadãos.Mesmo assim ainda existem muitos que batem no peito dizendo “Eu não gosto de política,”COITADOS!Não sabem que no arroz, no feijão, na farinha e inclusive no açaí que vai todos os dias para suas mesas, está contido certo efeito da ação política, mesmo sem a sua participação direta!
Outra questão é que com a chegada da globalização no Brasil, o homem acabou sendo substituído por máquinas ou teve que aprender a competir com esta, ou seja coube a ele ter que aprender a dominá-la ou pelo menos entender o seu funcionamento. Mas apesar dessa evolução tecnológica existem em nosso país inclusive em nossa região milhares de analfabetos diante das máquinas.Ou seja, nos dias atuais não basta apenas conhecer a língua portuguesa ou os fundamentos da matemática – Precisamos sim também estar atualizados diante da revolução tecnológica, pois, na fila dos capacitados os que não estão plenamente adequados ao sistema serão simplesmente incluídos, queiramos ou não!

*Estudante de cursinho pré-vestibular em Ananindeua, natural do município de Igarapé-Miri.

NO RESPLENDOR DA MEMÓRIA

A EXPANÇÃO DO NÚCLEO URBANO DE VILA MAIAUATÁ
*Rosário Pantoja
A formação da área central continuou com outras obras como o calçadão na frente da igreja a construção da primeira rua de madeira em frente o mar, que substituía o caminho feito de açaizeiros.Tal infra-estrutura possibilitou o surgimento de diversos trapiches para embarques e desembarque, instalações de mais casas comerciais e estímulos ao movimento do comercio marítimo na região.Outra obra importante construído nessa fase inicial foi o grupo escolar denominado Antonio Lopes da Costa, nome em homenagem a um grande industrial do Rio Maiauatá.
Fundamentalmente essas obras contribuíram para atrair visitantes, viajantes, que muitas vezes constituía-se em novos habitantes da pequena Vila.O fato e que rapidamente aumentou a população e o movimento mercantil, principalmente por aqueles que intermediavam a circulação das mercadorias para outras localidades do Estado do Pará ou da Amazônia.
O crescimento da Vila Maiauatá era resultado da expansão econômica do município que se refletia em diversos setores, como da construção naval, em ativação dos estaleiros de embarcações, pescas, criação de aves e caça de animais e na implantação dos engenhos de cana-de-açúcar.
Com porto geograficamente bem localizado, a margem do rio Meruu-Açu, na pequena baia formada pela confluência do rio Meruu-Açu e o rio Maiauatá, Vila Maiauatá viabiliza a integração fluvial dos municípios da micro-região.Assim, no inicio possibilitava o escoamento da produção e a parada obrigatória das embarcações que transitavam para a capital do Estado.Daí a importância econômica no tocante sua participação na arrecadação fiscal do município e por conseqüência nas relações sociais e políticas junto às lideranças da cidade de Igarapé-Miri.

* Economista e Historiador pela Universidade Federal do Pará

Educação e Linguagem

EDUCAÇÃO E LINGUAGEM LÍTERO-MUSICAL NO BAIXO-TOCANTINS,QUE TAL ESSA POSSIBILIDADE?

Antonio Marcos Ferreira¹
A maioria das interpretações da Filosofia de Platão assinalam a linguagem poética como uma contraposição ao conhecimento filosófico-cientifico, visto tratar-se de uma linguagem de natureza fictícia.O episódio alegórico da expulsão do poeta da cidade, registrado em A República de Platão , mostraria tão bem tal concepção do filosofo. Todavia há de se acentuar que o próprio Platão faz uso dessa linguagem em sua Filosofia, por exemplo no mito da caverna.Assim, podemos sugerir que a linguagem poética (artística) mesmo em Platão é utilizada de maneira positiva, isto é, como instrumento pedagógico.
Ora, quando falamos em linguagem litero-musical no Baixo Tocantins,queremos sugerir a utilização da nossa linguagem artística como instrumento pedagógico.Certamente recurso não nos faltará ,haja visto o grande potencial artístico existente em nossa região.
Se fizermos uma rememoração na história da região do Baixo-Tocantins, nos impressionaremos com grandes referências tanto literárias quanto musicais.Segundo a revista MARGENS (2005) há poucas décadas por exemplo, até Jazz se produzia por aqui (Igarapé-Miri e Abaetetuba).Se bem que aqui tal categoria musical era chamada de Jazzes, isto é, devido a peculiaridade lingüística cabocla da região, nessa época destacavan-se diversos grupos como: Jazze Brasil, Jazze Tupi, Jazze do Manivela, Jazze União e tantos outros que animavam as noites de festas. A maioria das composições além de valorizar os aspectos regionais possuíam um lirismo extremamente rico.
Hoje,são poucos os artistas locais que ainda persistem com esse tipo de composição e os que ainda sobrevivem, quase não conseguem sair do anonimato, já que não possuem incentivos por parte do poder público.
Por conta dessa negligência de nossos governos ficamos a “mercê” de composições extremamente vulgares que além de depreciar a classe feminina tratando-a como simples objeto de prazer, não conseguindo em nada acrescentar para boa arte e a única coisa que conseguem é promover uma massificação social. Nessa perspectiva,até mesmo nossos bregas que antes até continham melhores conteúdos acabaram reduzindo-se a um entretenimento extremamente barato.
Mas o que fazer para mudar tal realidade?Será que ainda existe alguma possibilidade de promovermos algum resgate ou construirmos uma nova realidade no âmbito de nossa cultura? Particularmente acredito que sim. Há poucos em Igarapé-Miri confesso que fiquei abismado ao contemplar um concurso de música popular promovido pela secretaria de cultura onde pude perceber quanta qualidade artística nosso município possui, lembro-me que o vencedor do concurso,popularmente conhecido por Bilochel (ex-vocalista do grupo Magnatas do Som) emocionou a todos presentes ao entoar a música “Caminhos de Canoa pequena” (primeiro lugar no concurso).
Poderíamos nos perguntar quantos Bilocheis ainda temos em nossa região escondidos pela falta de incentivo? Assim como tantos poetas, escritores, que apesar de serem frutos desta terra nem sequer têm direito a participar de pelo menos uma antologia literária.
Nossa tentativa é aqui propor a partir do ponto de vista educacional buscarmos resgatar tais artistas e utilizá-los no processo educacional. Assim como conscientiza-los da rica qualidade de expressão existente em nossa própria região,que além de contribuir para o processo educativo, poderá servir para alavancar inclusive o turismo adormecido pela falta de preocupação.Certamente não faltará boas composições para serem trabalhadas.Acho mesmo é só a através do reconhecimento da nossa capacidade de produção é que poderemos adquirir conhecimento para a conquista de nossos horizontes! É isso !!!

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¹Graduado em Filosofia Licenciatura Plena/Bacharelado pela UFPA (Universidade Federal do Pará).Fez Curso em Filosofia Natural pela Organização Internacional Nova Acrópole. Atua como professor no ensino médio e cursos pré-vestibular.Colaborou com Jornal Miriense, atualmente colabora com o Jornal de Ananindeua e edita o informativo A Folha de Maiauatá.Secretario da Associação Artística Ananin. Autor de Versos de Açaí, Poesia de Igarapé-Miri e CONTRASTES,poemas que nascem na Amazônia (produção literária independente a ser publicada em setembro de deste ano em parceria com o poeta e professor Israel Fonseca Araújo).Editor do BLOG www.afolhademaiauata.blogpot.com

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Texto sobre as Eleições 2008, em Igarapé-Miri e em Belém

Uma Croniquinha – que “não é” de Linguística:
Anotações sobre as Eleições 2008, em Belém e em Igarapé-Miri
Prof. Israel Fonseca Araújo(*)


Cinco de julho deste ano: eis a data-limite para os Partidos Políticos/Coligações efetuarem o registro de candidaturas junto à Justiça Eleitoral, em todo o território nacional, fato que não poderia ser diferente em Igarapé-Miri. Nem o foi. A seguir e de forma bastante “leiga” faremos algumas considerações sobre esse pleito que nos espera (é pleito, mesmo!).
Inicialmente, alguns números, já que as pessoas grandes confiam mesmo é nesses dados do “mundo da seriedade”, como bem poderia dizer O Pequeno Príncipe, de Saint–Exupéry: em Belém do Pará, 98ª Zona Eleitoral, foram registradas 662 (seiscentos e sessenta e duas) candidaturas (08 para Prefeito (a): Arnaldo Jordy (PPS), Duciomar Costa (PTB), João Moraes (PSL), José Priante (PMDB), Marinor Brito (PSOL), Prof. Mário Cardoso (PT) e Valéria Pires Franco (DEM) e as demais para a vereança). Em Ananindeua, a coligação que tem Helder Barbalho (PMDB) e Sandra Batista (PT), para a Prefeitura, e mais treze partidos, inscreveu bem mais de duas centenas de concorrentes na proporcional. No Pará, o total de pedidos é 13.858 (treze mil, oitocentas e cinqüenta e oito) e 140 em Igarapé-Miri (05 para Prefeito (a): Jamir Pantoja (Jamil, PRB), Mário da Costa Leão (PP), Dilza Pantoja (PMDB), Pr. Amorim (PSOL) e Roberto Pina (PT), sendo as demais para a corrida proporcional).
Depois da curiosidade numérica, algumas coisas hilárias, do tipo: o Nome “de guerra” do Candidato Fulano de Tal é “tal coisa do Fulano” ou “da Fulana” – parece que, neste mundo, o importante é ser de alguém! Mas há igualmente, aqui no “Miri”, muito requinte: temos Pr. (Pastor), Pb. (Presbítero) e outros, além de “Professor Doutor PAULO CORRÊA” (PV), todos na proporcional: isso mesmo, lá está na lista que eu, em pessoa, conferi no Átrio da 6ª Zona Eleitoral, que é a nossa de Igarapé-Miri. Trata-se do muito respeitado professor Paulo Sérgio de Almeida Corrêa, dos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação (UFPA), pesquisador do CNPq (onde é líder de grupo), Mestre e Doutor na área da Educação: Currículo pela PUC-SP, e acadêmico de Direito numa IES (Instituição de Nível Superior) paraense.
Do “requinte”, desçamos ao submundo da vida pública: em Belém, seis (06) candidaturas foram contestadas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), a saber: na majoritária (para Prefeito) apenas Duciomar Costa foi contestado – deixemos a sua lista (longa) para depois. Os cinco (05) restantes, cuja solicitação de impugnação foi feita pelo MPE, são:

“... ex-senador Ademir Andrade e de Antônio dos Santos Neto, ambos da ‘Frente Popular’; do ex-secretário de saúde, Fernando Dourado, candidato a vereador pela coligação ‘Pra Belém Ficar Pai D’égua’ ; da comerciante Benedita de Souza Almeida – a ‘irmã Benedita’, que pretende concorrer a uma vaga à vereança pela coligação ‘Unidos por Belém’ (PR, PRTB e PSC); e do empresário André Luis Portela Dacier Lobato, o ‘Kaveira’, do (PV)” .


Pesam contra o “DUDU”, que tenta a reeleição em nossa Capita, dentre outros processos : a) utilizar de dinheiro público para fazer promoção pessoal; b) de desviar veículos adquiridos com recursos federais, por meio do SUS, de sua finalidade original para abastecer a Guarda Municipal; e c) de dispensar irregularmente licitação pública para aquisição do Hospital Sírio-Libanês, e que nunca chegou, de fato a ser implementado.
Algumas são as razões que justificam os pedidos de impugnação de candidaturas, como as que seguem: 1) a vida pregressa incompatível com a dignidade do cargo em disputa – a chamada “ficha suja”, 2) as contas rejeitas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e dos Municípios (TCM), e 3) atos de improbidade administrativa.
O prazo para defesa desses candidatos começou em 21/07 e vai até 27/07 deste julho.
Aquela situação vivida pelo prefeito-candidato belenense ilustra bem as suspeitas que, no meio do “povão”, acabam pesando contra aqueles (as) que estão administrando e tentam legalmente se manter no poder, que são, talvez, os mais vigiados (as) do Certame Eleitoral.
Aqui no “Miri”, e nesse mesmo Átrio que consultei na manhã do dia 24/07/2008, nada tinha sobre algum candidato (a) ter sofrido pedido de impugnação de registro, mas sei que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) divulgou lista de “condenados” (pessoas que estavam com problemas em prestações de contas de eventos/exercícios passados) e lá estava o nome de nosso ex-prefeito Mário da Costa Leão (PP).
Tomara com que a Justiça faça, de fato, justiça, e sempre que for “cutucada” e que se comprovar irregularidades “simples-zinhas”, como é o caso do uso da Máquina Pública em benefício próprio para levar vantagens e conquistar mais votos do que outros (as) concorrentes: pessoalmente, desafio as pessoas que dirigem prefeituras e que concorrem à reeleição a usar da publicidade de forma impessoal para mostrar à população o que estão fazendo com os recursos que recebem e como estão preenchendo o seu Quadro de Pessoal (sobretudo de pessoal contratado por tempo determinado, e por “excepcional interesse público”), ao menos nestes últimos três (03) meses – abril, maio e junho corridos, para que possamos ter certeza de que a disputa está sendo, de fato, limpa. Mas provar sem “conversa fiada”, mostrando mesmo os fatos, por “A” mais “B”, e com base na legalidade. A moralidade e a eficiência na Administração Pública agradeceriam sobremodo.
Por falar em Justiça (entenda-se Eleitoral), quero registrar aqui a minha preocupação quanto ao nosso sossego público, haja vista que nesses mais de dois meses de carro-som nas ruas há momentos em que as pessoas não têm sossego sequer no intervalo de 12 às 15h, pois os mais fortes – e sempre são os (as) mais fortes financeiramente, quase nuca em termos de competência – sempre estão querendo abafar as candidaturas mais “fraquinhas”. Parece que vivemos uma “Lei da Selva”, em que leões e leoas de tudo fazem para devorar quem atravessar os seus caminhos. Isso sem citar o limite de decibéis que nunca são respeitados, parece que ninguém denuncia e/ou, se alguém denuncia, o que ocorre? Qual é a resposta? Não sabemos. O que sabemos é que uns põem o volume sempre mais alto do que outros e, assim, sucessivamente. Para as pessoas de bem, fica o transtorno. Ouvi dizer que, neste pleito, a Justiça irá ser mais enérgica (mais justa): tomara!
Então, cidadão e cidadã mirienses, jovens, idosos, adultos (as), eis a hora de mostrar que sabemos nos defender de quem não respeita os nossos direitos já na hora de quererem os nossos VOTOS! Imagines depois. Não votemos nessas pessoas, pois já estão provando que só querem “se dar bem às nossas custas”.
O que esperarmos dessa que será a (sempre) mais acirrada corrida à caça de votos, aqui no “Miri”, e em todo lugar? Por meu lado, quero que seja uma disputa acirrada, mas ética, dentro dos limites impostos pela legislação mais geral de nosso País (CF/88) e pelas específicas, como um todo. Que seja humana, acima de tudo. Que não deixemos o fervor da disputa dizimar amizades construídas desde muito tempo atrás, como já vi acontecer; que irmãos, parentes, conhecidos (as), depois de ganharem/perderem desmontem os palanques e continuem trabalhando para que o nosso Igarapé-Miri cresça.
Por falar em crescimento para o “Miri”, em breve discorreremos sobre os (as) sanguessugas que aparecem por aqui de 4 em 4 anos querendo nos enganar, porque pensam que temos o nariz furado pra cima e que, por isso, morreremos afogados (as) na primeira chuvada que nos abater. O tempo mostrará que estamos amadurecendo e aprendendo (também) com as porradas que já levamos.

(*) Israel Fonseca Araújo é professor de língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Igarapé-Miri, PA. e-mails: fonsecaraujo@bol.com.br; poemeiro@hotmail.com

sexta-feira, 20 de junho de 2008

UM BILHÃO DE ÁRVORES PARA A AMAZÔNIA

Prof°.Antonio Marcos Ferreira
A meta do programa de reflorestamento lançado no dia 30 de maio pelo presidente Lula e pela governadora Ana Julia Carepa,no Pará parece ser uma proposta extremamente ousada, que arrancou elogios até mesmo do príncipe Chales. Plantar um bilhão de árvores nas circunstâncias atuais (falo especificamente do aquecimento global) é sem duvida nenhuma uma proposta plausível.
Mas Isso não é suficiente.É preciso muito mais do que isso.É necessário a implantação urgente de um novo modelo de educação construído a partir de uma política comprometida com a vida (tanto do sociedade atual, quanto das gerações futuras).Para isso é necessário que haja competência e seriedade por parte dos órgãos do governo, que precisam funcionar sem falcatruas de um modelo do toma-lá da-cá.
A proposta do governo para a o município de Tailândia parece estar sendo construída de maneira coerente (pelo menos no papel), onde a perspectiva é promover a substituição do modelo econômico predatório por uma economia sustentável (e com incentivos à agricultura familiar).Como diz o presidente Lula “a Amazônia é dos brasileiros” e(parafraeseando o próprio presidente) não podemos deixar que a nossa região seja tratada como água benta no jarro da igreja, onde todo o mundo ( inclusive os gringos) acha (m) que pode(m) meter a mão.
Porém, não basta batermos no peito e orgulharmo-nos disso. É necessário que tenhamos responsabilidade para administramos com competência aquilo que é nosso de direito (não porque eles querem, mas porque o nosso futuro depende disso). Precisamos ser de fato autônomos, mas é necessário muito mais sabermos administrar essa autonomia. Plantar um bilhão de arvores parece ser um bom começo!

sábado, 14 de junho de 2008

POEMAS DO PROF. ISRAEL


Meu amor por “Miri”
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com

A sinfonia dos pássaros
é acalentadora;
a cantiga dos barcos, reveladora;
as ruas nos desassossegam,
mas nosso encanto por ti não fenece;
os teus “destratos” nos desanimam,
porém nosso enlevo só cresce;
é amor incompreendido,
não correspondido, às vezes:
esse nobre sentimento destila
umas sensações dicotômicas.
05/04/06

À moda de Narciso
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com

Enamorei
(ME)
Apaixonei
(ME)
por mim, mesmo!

Encanto de uma só
(VEZ)

Vês, Narciso,
o quanto lutou
para poder cair
de amores
por si mesmo?

Não comigo
Que, auto-enamorado,
Nada pude.

(ME)
Conquistei
E de uma só
(VEZ)

29/05/2008



Sem título
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com

“Não serei o poeta de um mundo caduco”
Não cantarei a insanidade
tanto minha, quanto de tanta gente
Não quero ovacionar a vaidade
de todos nós
e, por que não, de TODAS?
Não aceito fazer a aclamação pública
dos atos da deslimitação egocêntrica
da raça humana
Não admito ter que aplaudir
as bobagens de tanta gente
que tanto se acha
e despreza a sobriedade
em troca de sei o quê.


08/12/2006


PRA TE (DES) ESCREVER

Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com



Às proximidades uma música toca,
sem graça;
à minha frente você passa,
me engraço.

A música não me toca;
por você estou + q’ tocado.

Caminho por meus versos,
mas tropeço nas palavras:
“Ai palavras! Ai palavras!”.

Não quero me perder
_ mas, por ti, já me perdi
(de amores):
só falo aos teus ouvidos
(silêncio!).

Posso até vencer as palavras,
porém a tua saudade
sei que não posso vencer.

Lá fora,
uma música para de tocar.
Consegui vencer algumas palavras
(O silêncio diminuiu),
mas a saudade cresceu.



AMOR E PAIXÃO
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com


O desprazer é um bálsamo
para muitos corações calejados,
mas não é isso o que as almas querem.
Todos querem o Amor correspondido,
motivação e equilíbrio para a felicidade.

Amor é felicidade e fidelidade.
A Paixão é o fogo camoniano.
Ela quer o coração arruinado,
de Renato Russo.

Amor casa mais,
(ou seria casa menos ?)
com a fidelidade de Vinícius de Morais.
Quanto a mim, caso-me mais,
com a esperança
e concubino-me com a determinação.



SIM OU NÃO?
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com



Pare agora onde você está:
não se mexa,
não apresse,
não se avexe,
não se desvaneça,
não se preocupe,
não se perturbe,
não desacredite,
não fique tão triste!
Não se desiluda,
não pare de sonhar,
não deixe de ser você.
Agora,
por tudo o que lhe ainda direi,
diga somente “SIM”.




“PROVÉRBIOS”
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com


Quando sonhamos tornamo-nos sábios
e ao devanear, somos sóbrios.

Quanto mais erguemos os pés
mais nos firmamos em terra.

Não são as metas os nossos alucinógenos,
mas a covardia o que mina o nosso coração.

A vida é triunfo aos fortes
e aos tímidos, pesada cruz.

Ser louco é ser sábio,
e a prudência às vezes agrada.

Sou louco porque te desejo,
mas a prudência ...!



LIÇÃO DE ÁGUIA
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com

A esperança da águia é ver o invisível,
sentir o que está muito distante.

Seu vôo é a própria liberdade,
embebida de um encanto guardado
em seu recôndito instintivo.

Ao alçar seu vôo não sabe o que achará
e é por isso que vai:
para saber o que tem no longínquo.

É fomentado pela curiosidade o seu olhar profícuo.
Sua garra e sua coragem
estão na instintiva razão que carrega.

Como a águia é o homem:
seus horizontes alargam-se ou diminuem
consoante sua ousadia.

Realizar metas requer asas fortes,
garras seguras, olhar certeiro
e coração emotivo-racional.

Entretanto, não raras vezes,
a covardia humana é abominável a uma águia.


A DOR E O JOGO
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com



Que seria a dor?
Uma contraparte que faz o homem,
escravo mandante das sensações,
avançar no afã de obter o alívio.

O estopim que conduz o homem
rumo ao inantingível.
Antes de ser dominado pelo medo
o ser humano está em inércia.

É o medo que nos faz sonhar.
É o receio que nos faz perder ou ganhar.
Perder-ganhar é o tudo de que somos capazes,
audaciosamente,
de fazer na vida.




INFINITIVO SONETADO
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com


Escutar além do horizonte,
enxergar o que os ouvidos não podem ver,
acariciar as ilusões da alma
e tatear a sensibilidade do coração.

Despir a verdade que os mentirosos contam,
ladear a ausência de teu corpo,
possuir o que nunca me foi dado
e gozar tudo o que já passou.

Não sofrer por não ter tentado,
nem querer o indesejável
para não devanear.

Não acordar o inegociável,
não macular a santidade do hipócrita
e sair ileso por nada ter feito: eis tudo o que eu queria.

Artigo sobre Linguagem de Rua, Prof. Israel

Linguagem, Discurso: forma de expressão (e de protesto)
Prof. Israel Fonseca Araújo(*)

1. Considerações Primeiras

Neste momento de nossa relação sócio-cultural/político-ideológica quero imprimir a nossa Uma Croniquinha de Linguística um formato de artigo, cuja argumentação – você já sabe – será bem propedêutica, introdutória – e superficial. Sim: há uma relação interpessoal entre este Croniquista e você, leitor/leitora de meus textos do “Miriense” e dA Folha! E é por esse motivo que peço a sua permissão para mudar a “cara” daquela que seria Uma Croniquinha sobre a linguagem das ruas. O que pretendo é, basicamente, discutir dois enunciados que encontrei em ruas de nosso “Miri”, um em dezembro/2007 e outro em 23/05/08, à luz dos Estudos Lingüísticos. São, sim, análises superficiais, mas se bem lido o presente artigo poderá contribuir de alguma maneira para a nossa vida pública, e não só com professores/as, e nem só de português!.
Antes de passar às análises prometidas, devo ressaltar que se trata (em parte) de uma crônica, porque se refere a um evento de nosso cotidiano, o uso “popular” da linguagem dentro da vida pública, e porque o comenta. Também, que é “de Linguística” porque se refere a um estudo provisório de uma (digo, duas) manifestação da língua – considerada, aqui, enquanto uma forma de interação humana, não como “um instrumento externo de comunicação, de transmissão de informação”, mas como “uma forma de atividade entre dois protagonistas numa atividade interlocutiva” . Por fim, falo em linguagem porque se trata de uma manifestação humana de interação entre semelhantes – aqui, verbal, portanto, objeto de estudo da Linguística; quanto à/o (Análise do) Discurso, digo que se trata de uma (quase) primeira aproximação acadêmica, haja vista que já a vivenciamos (todos/as) nós diariamente, mas, talvez acima de tudo, estou visualizando duas formas de expressão e de protesto tipicamente humanas (todos os grifos são meus). Logo, trata-se de uma escritura marcada pela diversidade, num transito que vai da crônica ao artigo, embora por mim definido com sendo este último. Desde já ressalto que se trata de uma manifestação acerca da linguagem escrita, mas num formato que beira ao hibridismo.

2. Análise do Discurso & Linguagem: um ensaio de aproximação “teórica”

Considero, neste texto, a linguagem enquanto uma forma, um mecanismo de interação social, e de interação humana, acima de tudo, uma vez que é através da linguagem que nós, humanos/as, nos fazemos entender diuturnamente.
Costumamos fazer uma breve e arriscada distinção, com mera finalidade didática, entre a linguagem verbal (que utiliza o código lingüístico, o verbo, a palavra, que é objeto de estudo da Linguística) e a linguagem não-verbal (que se vale de outros muitos códigos não-verbais, como é o caso dos acenos, das placas de trânsito, dos asso(b)vios dos recursos expressivo-faciais...). A linguagem humana passa a ser estudada cientificamente a partir de Ferdinand Saussure (fins do séc. XIX, início do XX – o Curso de Linguística Geral, desse genebrino vem a lume em 1917, obra póstuma, graças às anotações de sala aula de alunos seus). Linguagem, em suma, “como um processo de interlocução”, como um “ponto de encontro” entre a pessoa que fala/escreve e a que lê/ouve, locutor/a e alocutário/a, para usar uma definição mais técnica.
No que diz respeito à Análise do Discurso (AD), ressalto que se trata de uma disciplina acadêmica, correlata à Linguística. Uma ciência, ou ramo de estudos através do qual se interseccionam a Linguística e outras ciências “sociais”. Podemos dizer que a AD se “estrutura no espaço que há entre a lingüística e as ciências das formações sociais”. Ou: que a AD “propõe um deslocamento das noções de linguagem e sujeito que se dá a partir de um trabalho com a ideologia. Assim, passa-se a entender a linguagem enquanto produção social”. E, para nocionar um pouco mais este campo teórico: “A AD nos permite trabalhar em busca dos processos de produção do sentido e de suas determinações histórico-sociais” .
Destaquei intencionalmente a relação linguagem e sujeito, em virtude de a análise que farei dos enunciados incidir nesses dois pontos: a linguagem, elemento usado para a interação humana (a verbal, neste texto) e o sujeito, aqui entendido como aquele que usa a linguagem (verbal) como mecanismo a serviço de sua necessidade de expressão, de protesto. Ou como o “Resultado da relação com a linguagem e a história”, uma vez que “o sujeito do discurso não é totalmente livre”. “O sujeito é constituído a partir relação com o outro” (INTERNET, 2008).
Não obstante estas tentativas de definições, quero deixar claro que o que faço aqui são aproximações de “olheiro” e não uma tessitura textual à moda de um emaranhado de discursos (linguagens) teóricos, acadêmicos. Embora em alguns momentos sejam feitas algumas incursões em estudos mais “técnicos”, o que tenho em primeiro plano na minha imagem de receptor é o leitor/a “comum”, ou seja: o/a não-especialista.

3. Os dois enunciados

(3.1.) “PRFFEITA, TAPE SEU BURACO”
(3.2.) “PREFEITA mande o seu secretário limpar a CAGADA que ele fez nesta rua, caso aucontrário 3 DE OUTUBRO VEM AÍ” (as palavras que eu negritei estavam escritas numa cor diferente e em destaque, nas placas onde eu encontrei tais enunciados).
Duas notas: quanto ao enunciado (3.1.), ressalto que ele estava grafado numa tábua velha, trecho da Rua “Pe. Emílio”, passando o Estádio Municipal “O Açaizão” e antes dos muros da Escola “Raimundo Emiliano Pantoja”, mês de dezembro de 2007, época chuvosa no “Miri”, numa parte dessa rua que, naquele momento, estava quase intrafegável. Subentendo que populares fizeram uma obstrução à passagem de carros, naquele trecho, uma vez que vi troncos de árvores e outros recursos dessa natureza sendo usados naquele contexto de proposto.
No que diz respeito ao enunciado (3.2.), ressalto que o li no dia 23 de maio de 2008, bem atrás do Prédio da Câmara, naquela Rua que passa pela frente da Igreja Betânia (onde tem alagado várias vezes, neste ano de 2008, ao chover um pouco mais!), dia do Aniversário da Cidade de Igarapé-Miri (112 anos), também numa tábua velha e em letras garrafais. As duas transcrições foram feitas ipslitere.

4. Tentativas de leitura

Agora quero explicar em que centrarei a minha lupa analítica, já que os dois enunciados dão margem a uma série de considerações. No que diz respeito ao (3.1.), não podemos deixar de ressaltar a relação protesto vs sexualidade/promiscuidade (?!). E, no outro (3.2.), a relação eliminação de excrementos vs política partidária.
Quanto ao primeiro enunciado, não me custa nada afirmar que todo e qualquer cidadão/ã tem o pleno direito de reclamar do Poder Público (mais imediatamente, em nosso caso, da Prefeitura) melhorias para a sua qualidade de vida, já que o/a Prefeito/a é, na verdade, um servidor/a da população; é uma pessoa legal e democraticamente investida pela população numa função pública que só existe porque é necessário que uma pessoa administre o Município (não só a cidade). Sua função é executora, articuladora e, talvez acima de tudo, planejadora. Coisa parecida se diz do Vereador/a, que tem a função de legislar, de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos por parte do Executor/a: ou seja, a função deste/a não é de andar debaixo do braço daquele/a, nem a de ficar dizendo “amém” pra quem gesta. Tem, sim, os populares o direito de cobrar, de forma responsável, coerente, respeitosa. Mas deve haver limites no uso dessa prerrogativa popular, sustento eu. Não dá para dizer “qualquer” coisa.
O enunciado (3.1.) carrega em si uma forte apelação sexual, numa conotação vulgarizada, em que a ambigüidade presente nessa frase deixa implícita uma (provável) tentativa de atingir, pelo prisma da sexualidade, uma figura pública, nesse caso a Prefeita Dilza Pantoja. Ambigüidade diz respeito ao fato de um termo (palavra, frase) poder significar, lingüisticamente, mais de uma coisa, dentro de determinado contexto de interação lingüístico-social. Fica aqui a pergunta se o direito de cobrar, de exigir, não deve ser norteado pelo respeito ao outro.
Já quanto ao (3.2.), digo que a “coisa” fedeu. Nele, a prerrogativa de se manifestar publicamente (mesmo que de forma anônima, como é o caso dos dois enunciados por mim encontrados) “baixou o nível”. O uso da linguagem verbal por esse/a sujeito (ou vários/as) beirou ao baixo calão.
Mas quero tecer mais algumas notas explicativas. Primeiramente, parece que alguém está mandando um recado atrevido à Gestora de nosso Município, “solicitando” que ela use de sua autoridade para exigir de um auxiliar seu (“o seu secretário”, de Obras Públicas, creio eu) a realização de uma tarefa pública que, em tese, só ele poderia fazer (“limpar a CAGADA que ele fez nesta rua”). Em segundo lugar, fica implícita uma condição à Gestora, que seria um provável prejuízo eleitoral nas Eleições de 5 de outubro! Isso mesmo: a pessoa se enganou/naram, já o dia de depositar o voto na urna eletrônica é 5 de outubro deste ano e não 3 de outubro, como dizia a placa.
Terceiro, o recurso de apelar ao quesito Eleições é uma tática popular que (infelizmente) ainda muito se faz aqui no “Miri” (Sei que não é só por aqui!). Se a rua, com a “CAGADA”, traz prejuízos eleitorais, então podemos dizer que, em aquela sendo limpa, haveria lucro eleitoral?! Não seria “só” uma obrigação de quem foi legal e coletivamente empregada/o para fazer esse trabalho?! Quarto, por que não se disse “mande o seu secretário limpar a” – SUJEIRA ou IMUNDICE – “que ele fez nesta rua”?! E, por fim, pessoas mais atentas observaram que, ao invés de se escrever ao contrário (ou caso contrário, somente, o que soaria melhor), a forma verbal ficou assim: “aucontrário”. Trata-se de uma escrita diferente daquela que é exigida pela Norma Padrão do Português, pela Gramática Normativa, que diz sobre o que é “certo” e sobre o que é “errado” na língua. Imagino que pessoas não-bem intencionadas andaram debochando dessa escritura, devem de ter feito caçoada desse linguajar e, sem dúvida, de quem escreveu. Por quê? É simples: essa forma de uso da língua não goza de prestigio social, é uma manifestação desvalorizada, como desvalorizada sócio-culturalmente é a pessoa, em nosso País, que fala e/ou escreve desse jeito ou doutros, como: buto, buca, fuguista, canua cheia de mapará de prua a prupa.
Vejamos, acerca desse desprestígio, Marcos Bagno (diz-se “Bânho”): “Os brasileiros letrados não só discriminam o modo de falar de seus compatriotas analfabetos, pobres e excluídos, como também discriminam o seu próprio modo de falar” (2000 - grifei).

5. Considerações de Despedida

A leitura e a análise (superficiais) desses dois enunciados puderam demonstrar o quanto as nossas ruas, com as suas linguagens, com suas manifestações públicas, são ricas culturalmente – e não só no que concerne ao código lingüístico, aliás. Mostrou, também, a possibilidade de se fazer a desconstrução do que está escrito em nossas vias públicas, haja vista que o público (a rex pública, a “coisa pública”) é de todos/as nós. Destaco, finalmente, nesses dois eventos textuais, a coragem do povo no sentido de dizer, verbalmente, um basta a certas coisas que – ano após ano – continuam teimando em se fazer presentes aqui no “Miri”, mesmo que através do anonimato, pois ninguém por lá assumiu a autoria dos escritos. Enfim: foi de suma relevância fazer essas tentativas de (re) leituras da fala de nossas ruas (nem que seja “só” pra mim!).

__________________

Importante:
Este artigo deverá ser publicado no Jornal Miriense, em duas partes, sendo a Primeira na edição de junho/08 e a Segunda, na de julho/08.

Texto de Opinião, Prof. Israel

Ainda sobre a (TV) Cultura, controvérsia!
Prof. Israel Fonseca Araújo


Esta escritura nada mais é do que uma maneira de problematizar uma situação (que é ícone de tantas outras): na mídia, sobretudo em jornais de cidades “pequenas” deste nosso Pindorama (=Brasil), é comum o aparecimento de notícias contraditórias, acima de tudo quando uma delas é de autoria de Prefeitura (tenho muito medo de Prefeituras, mas sei que são importantes e que tenho de conviver com elas!). Foi o que se deu aqui no “Miri”.
Dias antes da inauguração da Retransmissora da TV Cultura do Pará, Canal 9, uma vistosa faixa, na área da antiga Telepará, anunciava que o Governo do Estado (“Pará, Governo do Estado”) estava levando o sinal da TV Cultura a mais 13 municípios (por que justo 13?!) paraenses e, dentre estes, Igarapé-Miri. Ótimo, já não era sem tempo.
Mas (me assusto, geralmente, com esta conjunção coordenativa sindética adversativa), no MIRIENSE NOTÍCIA, encarte do Jornal Miriense de 24/2/08, na CAPA, em letras garrafais lê-se: “Prefeitura de igarapé-Miri faz parceria com o governo estadual e traz a TV Cultura para o município”. Assim mesmo, ipsilitere: (1) o verbo trazer, conjugado “traz”, tem como Sujeito “Prefeitura de Igarapé-Miri”. Portanto, por esta construção frasal, quem trouxe a TV Cultura para este torrão foi a Prefeitura de Igarapé-Miri. Mas, (2) a faixa afixada no antigo terreno da Telepará dizia que o Governo do Estado (FUNTELPA) estava levando esse Canal a mais 13 Municípios do Pará e, assim, o Sujeito de levar é (ou era) o governo estadual – que na Capa do MIRIENSE NOTÍCIA aparece, apenas, como um parceiro, em secundário destaque.
(3) Já no mesmo MIRIENSE NOTÍCIA, às págs. 2/3, em letras bem menores, um texto assinado por Ronaldo Quadros, do Portal Cultura, em Igarapé-Miri (subentendo que ele estava em Igarapé-Miri naquele momento de escritura e NÃO que esse Portal esteja sediado no “Miri”), lê-se: “A inauguração da retransmissora de Igarapé-Miri é mais um passo no projeto do governo [do Estado do Pará] de expandir a TV Cultura do Pará a todos os 143 municípios paraenses”. Ora, aqui, quem expande é o governo [do Pará] e NÃO a Prefeitura de Igarapé-Miri, como se lê na CAPA, em letras bem maiores e em destaque, obviamente.
Se me equivoquei acerca da “Contradição”, peço que alguém me elucide a questão, pois sou Professor de Leitura e quero ajudar as minhas turmas nesse sentido e acho justo (e inteligente) deduzir a partir daquilo que no texto está posto. Mas, de repente, algum (a) “especialista” mais competente (em leitura) do que eu, poderá me socorrer. Fica aqui o meu humilde pedido de ajuda.
(4) O encarte é um Documento Oficial de nossa Municipalidade, como se entende do timbre: “ESTADO DO PARÁ/ PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-MIRI”. Entretanto, e mesmo tendo o nosso Brasão, não encontrei o “TODOS POR IGARAPÉ-MIRI”, apenas, ao final da página 4, o mesmo Brasão e “DILZA MARIA PANTOJA CORRÊA – PREFEITA MUNICIPAL”. “OFERECIMENTO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-MIRI”. Segundo eu (que sou leigo em jurisprudência) deduzo, por conta dos princípios da Impessoalidade e da Legalidade, previstos em nossa Carta Magna (Lex Mater, CF/1988), a redação oficial deve ser impessoal: é o Governo (de qualquer uma das três esferas) quem comunica.
Afinal de contas, quem é esse Sujeito de levar e/ou de trazer?


Publicado originalmente no “Jornal Miriense”, 05/04/08.

(*) Breve Nota sobre o autor:

Especialista em Estudos Lingüísticos e Análise Literária (CCSE, UEPA, 2007), Licenciado Pleno em Letras/Português (CUBT, UFPA, 2007), professor de Língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Igarapé-Miri (PA), poeta, cronista, colaborador dos Jornais “Jornal Miriense” e “A Folha de Maiauatá”. Ex-Formador de Grupo (Língua Portuguesa/Segmento de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental) do Programa de Formação Continuada “Parâmetros em Ação”, MEC/SEMED – Ig.-Miri, tem uma série de trabalhos publicados nesses jornais e em forma de resumos/posters em encontros científicos, de textos de opinião, além da obra “CONTRASTES – poemas que nascem na Amazônia”, no prelo, com o também poeta Antônio Marcos Ferreira. Ultimamente (2007/8), tem dado Oficinas e Palestras acerca da Poesia e da Leitura (Letramento), em algumas Escolas Públicas de Igarapé-Miri (PA). E-mail: fonsecaraujo@bol.com.br; poemeiro@hotmail.com.

Crônica do Prof. Israel

Uma Croniquinha de Lingüística:
(Des) Construções sobre um 1º de Maio
Prof. Israel Fonseca Araújo(*) – fonsecaraujo@bol.com.br


Tenho duas Croniquinhas no prelo, mas devo dar (o que será que o meu amigo JJ dirá disto?) algumas notas sobre esta que ora “estou a escrever”: 1) não sou jornalista e SIM colaborador de jornal; 2) nos textos que tenho publicado esporadicamente aqui e ali, há (sim) erros de digitação e confusões na morfossintaxe, mas foi o “mas” do texto sobre a (TV) Cultura, “Controvérsia”, o meu maior atropelo. Me perdoem, só posso dizer aqui que se trata de um erro no momento dar o contrl+B: e tem a pressa com o tempo nos cybers – o “dindim” anda curto. Pronto, falei; e 3) outro dia, um amigo me disse que não estava entendendo esses meus textos. É possível, até porque em alguns momentos acabo falando numa linguagem mais comum a Professores (as) de Português: perdão de novo. Mas quero falar sobre o que me trouxe a estas escrituras, nesta noite de 1º de maio de 2008 (21:30h ss).
Os textos sempre guardam as marcas de seus momentos de gestação, de criação. E este não pode fugir a essa regra geral. O que quero nesta Croniquinha é monologar com vocês sobre esses chamados “atos públicos”, entendidos (aqui) enquanto momentos de interação sócio-comunicativa que envolvem um pequeno grupo de pessoas num palanque e um “povo” maior na platéia, mais as estratégias, as metodologias, a sedução etc. Ainda hoje pela manhã, fui escutar as falas das pessoas do “Ato Público” gestado e realizado pelos “Movimentos Sociais” – SINTEPP, COLÔNIA DE PESCADORES, ASSOC. DE MORADORES, STTR/IG.-MIRI, mais CÂMARA, ALEPA. As estratégias para atrair e entreter as poucas pessoas presentes àquele mormaço do em frente ao Mercado de Peixe eram as músicas, as marchinhas, a distribuição de brindes e outras. À noite, fui (de passagem) à Praça “Pe. Henrique”, onde se passava evento parecido com o dos “Movimentos” e organizado pela Prefeitura de Igarapé-Miri. As estratégias, parecidas (só parecidas), mas muitas atrações, apresentações, dando a entender que “a competência” desse segundo Ato era bem maior do que a do primeiro aqui citado.
Em ambos, falava-se em homenagear os Trabalhadores e as Trabalhadoras de Igarapé-Miri, sendo que no primeiro faixas cobrando “coisas” do Poder Público Municipal e, no segundo, uma faixa que fazia homenagem aos “Trabalhadores e Trabalhadoras Miriense” (sem s-zinho no “Miriense”). Em termos de invólucros, tudo “mais ou menos”, como diz aquele personagem que tem olho gordo, mas é no Discurso de ambos os “Atos” que quero agora meter o meu nariz, e na Poesia do segundo, também.
No “Ato”da manhã, muitas cobranças ao Governo “Todos Por Igarapé-Miri”, seja à área da Saúde, seja à da Educação, chegando-se mesmo a falar em tentativa de criação de CPI, na Câmara Municipal para apurar possíveis irregularidades no uso dos recursos (GORDOS) dessas áreas. Cobranças por conta da não conclusão do que seria o Asfaltamento da Estrada que nos leva à Vila de Maiauatá (PA-407); por conta de placas com a indicação de “Mais uma obra do Gov. Todos Por Igarapé-Miri”, justamente, onde outro Governo estaria de fato fazendo a Obra; por conta dos atrasos de (apenas) dez, quinze, vinte ou mais dias no pagamento dos Servidores Públicos Municipais do “Miri”, dentre outras. Já no “Ato” da noite, a imagem de uma cidade sem essa de “mais ou menos”, coisa de ótimo pra lá. Não ouve nenhuma referência a nossa situação de (In) Segurança Pública, de não termos mais liberdade para trafegar pelas ruas e avenidas que fazem este nosso Igarapé-Miri, “Caminho de Canoa Pequena”, SIM, pois quando chove um pouco mais, aqui na cidade, só canoas pequenas podem trafegar na rua que passa à frente da Igreja “Betânia”, esquina da Sesquicentenário. A situação sugerida é tão animadora que um material (de excelente acabamento gráfico), por lá distribuído “gratuitamente”, diz que “Governar é, sobretudo, trabalhar o desenvolvimento possibilitando melhorias na qualidade de vida da população”. Nesse sentido, poderíamos falar noutros meios de transporte para os momentos de chuvas mais fortes (?!). O material não traz créditos, mas tem o “Todos Por Igarapé-Miri”, o que lhe dá status de Texto Oficial de nossa Municipalidade.
Porém, foi a Poesia (Poiesis, “criação”, “imaginação”, “linguagem travada”), nesse segundo “Ato”, o que mais me alegrou. Ouvi os nomes das poetizas Cláudia Araújo, Naiara Serrão e Anne Monteiro. Ótimo, Parabéns à Organização, pois a nossa (globalizada) Cultura deve ser valorizada, a Poesia deve ser gritada por todos os cantos para que comecemos a deixar de ser um País de Não-Leitores. Só não entendi porque não se fez referência aos nomes de poetas como este que vos monologa e Antonio Marcos Quaresma Ferreira, que tão bem levou seus “Versos de Açaí” (que só falam do nosso “Miri”) para países da Europa, mas tudo bem: a gente nunca consegue agradar a todo mundo. Os Parabéns ficam mantidos. Mais feliz ainda eu fiquei quando ouvi a colega Anne dizer que um de seus dois livros a serem publicados entre junho em julho deste ano, e aqui no “Miri”, terá o apoio/patrocínio da Prefeitura deste Município. É, sim, (é isso mesmo: não é o nome de “A” ou “B” é só Prefeitura de Igarapé-Miri, só isso). Anne, que há alguns anos saiu daqui para bem levar o nosso nome adiante. Também aplaudo a idéia de tê-la na equipe da Assessoria de Comunicação do Gov. “Todos Por Igarapé-Miri”. Sobre o citado apoio, fiquei muito feliz, pois tenho (com o poeta dos “Versos de Açaí”, Produção “Independente”) a obra “CONTRASTES”, no prelo, quentinha, só de Poemas, para bem colaborar com as Letras deste torrão. É o crescimento da Cultura desta Terra. Os Parabéns ficam mantidos. Até a próxima.

Publicada originalmente no Jornal Miriense, de 05/05/08, p. 8.

CRÔNICAS DO PROF. ISRAEL

A Cultura (TV) e a “Dona” Ionete: fragmentos de uma opinião
Prof. Israel Fonseca Araújo(*)


Antes de mais nada, advertências: este texto não foi/está sendo escrito por um Cientista Social, ou Doutor em Comunicação Social, ou Antropólogo...; nesta máquina, não se tem o circunflexo e nem o grave; sou professor de Língua Portuguesa, como sabem (e com orgulho, apesar dos pesares!).
Sempre esperei pela entrada da TV Cultura ao nosso Município, mas acreditava (to) que não seria uma boa cartada para a nossa sociedade eminentemente capitalista. Delongas á parte, a Cultura chegou em nossa Cidade (é pura transgressão!), bateu-nos á porta e entrou (sem o “-nos”) em nossos lares. Na minha opinião, uma das pouquíssimas melhores notícias que nos tem chegado nos últimos anos. Tento me fazer entender a seguir.
Para quem queria mais uma oportunidade de ver aqueles filmes desengraçados que a Globo passa, ou umas sete novelas por dia (SIM, o Big Bosta também é uma novela, só que mais “picante” e apelativa do que as outras), ou uma enxurrada de anúncios das Casas Bahia, do Líder ou da Yamada (esqueci do Nazaré)... essa “entrada” não é bem vinda – mas toda primeira vez costuma doer: é o que se diz amiúde por aí. A (TV) Cultura chega até nós para trazer mais conhecimentos/saberes/cultura de boa qualidade, para falar do Brasil, SIM, mas para nos mostrar coisas do Pará que, ás vezes, nem sabemos que existem ou, por muitos motivos, esquecemos que existem: a Globo só passa as coisas ruins do Pará!.
Um amigo meu disse: “pra mim, que não tenho cultura, não foi bom” – crasso erro!; numa borracharia, outro homem disse que é bom, mas que estaria (até 25/02/08) passando apenas coisas da parabólica... Bom, pra mim (que sou educador) é uma ótima notícia – no mínimo pelo que tenho a dizer a seguir sobre a “Dona” Ionete.
No “Sem Censura Pará”, da Cultura, 25/02/08, tinha a coordenadora do Pro-Paz (gov do Estado), uma Doutora em Lingüística, uma Doutora em Letras (Amarílis Tupiassú/UFPA, assim mesmo o nome dela) e um Doutor em Genética – mas doutoras (res) que cursaram Doutorado e defenderam uma Tese de Doutoramento: não “doutoras/res” de apelido – e “Dona” Ionete! Fiquei arrepiado (!) em virtude da qualidade do programa, e por ver a Professora Aposentada Ionete, daqui do “Miri”, baluarte do “Canarana” e da Cultura igarapemiriense. Sendo chamada de “Dona” (sem maldade contra as outras “donas”) é que eu não gostei: deveria ser Professora.
Incrível o encanto, a nostalgia, o deleite com os quais Ionete fala de nosso Município. Após dizer que veio da região do Marajó, passou a falar de Igarapé-Miri de forma apaixonada, vislumbrada. Disse que tudo ela deve a um Município chamado Igarapé-Miri. Impressionante como o nosso “Miri” (lembrei-me, agora, do “Alo, Miri”, do Nazareno da Sabor Açaí!) faz os olhos de Ionete brilharem, o que me faz perguntar por que o Pinduca, ao ser entrevistado pela Ana Maria Braga (2006) e pela TV Liberal (2006/sobre o 1º DVD), não fez sequer uma referência-zinha (transgressão!, a volta) ao nosso “Miri”: falou bem e justamente de Belém, das viagens pelo Pará, a São Paulo, do programa com Ana e Louro José, mas do “Miri” NADA. Mesmo quando a apresentadora disse: “O que você vem fazendo ultimamente?” – a resposta passou por longe.
Incrível essa questão das Identidades (são transitórias: vivemos a Pós-Modernidade). O mesmo torrão que tanto fascina umas pessoas passa ao longe nas veias de outras. Ionete falou de seu trabalho (já exposto aqui no JM), em Belém, em Marapani, em São Paulo, do CD gravado, da vida de professora de História, dos quatro anos em que foi Secretária de Cultura por aqui, de outras coisas. Mas, antes de tudo falou que é de e que “deve” a Igarapé-Miri – talvez seja o contrário. Se me equivoquei, perdoem-me: é o encanto, o fascínio de ser Miriense, e com orgulho (o retorno do orgulho!). A Democracia pede passagem.

(*) Breve Nota sobre o autor:

Especialista em Estudos Lingüísticos e Análise Literária (CCSE, UEPA, 2007), Licenciado Pleno em Letras/Português (CUBT, UFPA, 2007), professor de Língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Igarapé-Miri (PA), poeta, cronista, colaborador dos Jornais “Jornal Miriense” e “A Folha de Maiauatá”. Ex-Formador de Grupo (Língua Portuguesa/Segmento de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental) do Programa de Formação Continuada “Parâmetros em Ação”, MEC/SEMED – Ig.-Miri, tem uma série de trabalhos publicados nesses jornais e em forma de resumos/posters em encontros científicos, de textos de opinião, além da obra “CONTRASTES – poemas que nascem na Amazônia”, no prelo, com o também poeta Antônio Marcos Ferreira. Ultimamente (2007/8), tem dado Oficinas e Palestras acerca da Poesia e da Leitura (Letramento), em algumas Escolas Públicas de Igarapé-Miri (PA). E-mail: fonsecaraujo@bol.com.br; poemeiro@hotmail.com.


Publicado originalmente nA Folha de Maiauatá, mar/2008.