segunda-feira, 28 de julho de 2008

Educação e Linguagem

EDUCAÇÃO E LINGUAGEM LÍTERO-MUSICAL NO BAIXO-TOCANTINS,QUE TAL ESSA POSSIBILIDADE?

Antonio Marcos Ferreira¹
A maioria das interpretações da Filosofia de Platão assinalam a linguagem poética como uma contraposição ao conhecimento filosófico-cientifico, visto tratar-se de uma linguagem de natureza fictícia.O episódio alegórico da expulsão do poeta da cidade, registrado em A República de Platão , mostraria tão bem tal concepção do filosofo. Todavia há de se acentuar que o próprio Platão faz uso dessa linguagem em sua Filosofia, por exemplo no mito da caverna.Assim, podemos sugerir que a linguagem poética (artística) mesmo em Platão é utilizada de maneira positiva, isto é, como instrumento pedagógico.
Ora, quando falamos em linguagem litero-musical no Baixo Tocantins,queremos sugerir a utilização da nossa linguagem artística como instrumento pedagógico.Certamente recurso não nos faltará ,haja visto o grande potencial artístico existente em nossa região.
Se fizermos uma rememoração na história da região do Baixo-Tocantins, nos impressionaremos com grandes referências tanto literárias quanto musicais.Segundo a revista MARGENS (2005) há poucas décadas por exemplo, até Jazz se produzia por aqui (Igarapé-Miri e Abaetetuba).Se bem que aqui tal categoria musical era chamada de Jazzes, isto é, devido a peculiaridade lingüística cabocla da região, nessa época destacavan-se diversos grupos como: Jazze Brasil, Jazze Tupi, Jazze do Manivela, Jazze União e tantos outros que animavam as noites de festas. A maioria das composições além de valorizar os aspectos regionais possuíam um lirismo extremamente rico.
Hoje,são poucos os artistas locais que ainda persistem com esse tipo de composição e os que ainda sobrevivem, quase não conseguem sair do anonimato, já que não possuem incentivos por parte do poder público.
Por conta dessa negligência de nossos governos ficamos a “mercê” de composições extremamente vulgares que além de depreciar a classe feminina tratando-a como simples objeto de prazer, não conseguindo em nada acrescentar para boa arte e a única coisa que conseguem é promover uma massificação social. Nessa perspectiva,até mesmo nossos bregas que antes até continham melhores conteúdos acabaram reduzindo-se a um entretenimento extremamente barato.
Mas o que fazer para mudar tal realidade?Será que ainda existe alguma possibilidade de promovermos algum resgate ou construirmos uma nova realidade no âmbito de nossa cultura? Particularmente acredito que sim. Há poucos em Igarapé-Miri confesso que fiquei abismado ao contemplar um concurso de música popular promovido pela secretaria de cultura onde pude perceber quanta qualidade artística nosso município possui, lembro-me que o vencedor do concurso,popularmente conhecido por Bilochel (ex-vocalista do grupo Magnatas do Som) emocionou a todos presentes ao entoar a música “Caminhos de Canoa pequena” (primeiro lugar no concurso).
Poderíamos nos perguntar quantos Bilocheis ainda temos em nossa região escondidos pela falta de incentivo? Assim como tantos poetas, escritores, que apesar de serem frutos desta terra nem sequer têm direito a participar de pelo menos uma antologia literária.
Nossa tentativa é aqui propor a partir do ponto de vista educacional buscarmos resgatar tais artistas e utilizá-los no processo educacional. Assim como conscientiza-los da rica qualidade de expressão existente em nossa própria região,que além de contribuir para o processo educativo, poderá servir para alavancar inclusive o turismo adormecido pela falta de preocupação.Certamente não faltará boas composições para serem trabalhadas.Acho mesmo é só a através do reconhecimento da nossa capacidade de produção é que poderemos adquirir conhecimento para a conquista de nossos horizontes! É isso !!!

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¹Graduado em Filosofia Licenciatura Plena/Bacharelado pela UFPA (Universidade Federal do Pará).Fez Curso em Filosofia Natural pela Organização Internacional Nova Acrópole. Atua como professor no ensino médio e cursos pré-vestibular.Colaborou com Jornal Miriense, atualmente colabora com o Jornal de Ananindeua e edita o informativo A Folha de Maiauatá.Secretario da Associação Artística Ananin. Autor de Versos de Açaí, Poesia de Igarapé-Miri e CONTRASTES,poemas que nascem na Amazônia (produção literária independente a ser publicada em setembro de deste ano em parceria com o poeta e professor Israel Fonseca Araújo).Editor do BLOG www.afolhademaiauata.blogpot.com

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