terça-feira, 5 de julho de 2022

INSTITUTO REALIZA SEMINÁRIO PARA DISCUTIR GRANDES PROJETOS E EDUCAÇÃO  NA AMAZÔNIA TOCANTINA 


O Instituto Caboclo da Amazônia (INCAM) realizou no último dia 25/06 o seminário "Amazônia e seus desafios contemporâneos: dos grandes projetos ao processo educacional". A programação foi realizada em formato híbrido com participação de público na subsede do SINTEPP e  transmissão pelo google  meet para os inscritos no evento. O objetivo do seminário foi problematizar a realidade sócio-econômica da Amazônia Tocantina, onde os grandes os projetos tem  impactado fortemente os modos de vida dos povos que habitam a região. O evento também discutiu alternativas educacionais e de sustentabilidade para o território local. 


                                                           Card de divulgação do evento


                                                                                              Print de transmissão do seminário pelo google meet


                                                                                   Print de transmissão do seminário pelo google meet

segunda-feira, 9 de maio de 2022

HIDROVIA ARAGUAIA -TOCANTINA : PARADOXO ENTRE "DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO" E IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS PREOCUPAM COMUNIDADES NA AMAZÔNIA



Secretária Nacional da CUT, Carmem Foro, discussando em atividade da Caravana em Defesa do Rio Tocantins, Rio Anapu, Igarapé-Miri/PA

Com mais de dois mil quilômetros de extensão, o rio Tocantins é o segundo maior curso d’água 100% brasileiro, atrás somente do rio São Francisco. Nasce em Goiás, atravessa os estados do Tocantins e Maranhão para desaguar no mar, aqui no Pará, perto de Belém. No encontro com o rio Araguaia, forma a Bacia Hidrográfica do Araguaia-Tocantins.

Ao longo do Rio Tocantins, no Pará, vivem indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, extrativistas e agricultores familiares. Populações que tiram do rio o sustento para suas famílias e que movimentam a economia dos municípios da região.

É nesse vasto território amazônico que está em curso o audacioso projeto de construção da hidrovia "Araguia-Tocantina" (projeto que prevê a dragagem do rio Tocantins para facilitar a navegação de barcaças visando o transporte de commodities, a exemplo de soja e minério).

Com base nos estudos já realizados pelo Governo Federal e pelas Universidades Federal do Pará e do Sul e Sudeste do Pará, é possível afirmar que os impactos desse projeto no modo de vida das populações locais serão irreversíveis.

Ou seja, este é mais um projeto do Governo Federal na Amazônia onde os lucros ficam com as empresas e os prejuízos sociais e ambientais ficam para as cidades e comunidades. Um empreendimento que irá se sobrepor aos problemas já existentes, trazidos pela Barragem de Tucuruí, como a perda de espécies de peixe.

Alguns dos prejuízos:

  • Aumento do risco de erosão e de assoreamento dos rios e canais, causando perda de qualidade da água e da biodiversidade, principalmente de espécies de peixes;
  • Sobreposição de áreas de pesca com o canal da Hidrovia, o que irá gerar perdas de ambientes de pesca e consequentemente perdas de receitas para os moradores e municípios;
  • Poluição por defensivos, resíduos urbanos, industriais ou de extração mineral, e óleo combustível das próprias embarcações;
  • A circulação pelo rio sendo determinada pelo fluxo das barcaças, ou seja, a prioridade não vai ser o ribeirinho transportando sua produção, mas sim, as barcaças com o minério;
  • Introdução de novas doenças na região, diante do aumento da migração populacional induzida e favorecida pela Hidrovia;
  • Substituição indiscriminada de matas e florestas por monoculturas agrícolas, principalmente a soja;
  • Perda de fertilidade e salinização do solo devido à irrigação;
  • Ocupação das margens do rio pela extração indiscriminada de minério;
  • Mudança no modo de vida e perda de bem-estar das populações locais.

A Obra

As obras previstas para o rio Tocantins têm como objetivo torná-lo navegável o ano inteiro. Envolve processos de dragagem e derrocamento, em trechos tanto a montante quanto à jusante do reservatório da Hidrelétrica de Tucuruí.

O projeto atende principalmente ao transporte de commodities, como a soja e o minério. Está inserido na lógica que prioriza a utilização dos rios da Amazônia não pelos povos da região, mas em benefício do grande capital, num crescente processo de privatização dos recursos hídricos do país.

Em 2016, o consórcio DTA/O’MARTIN, composto pelas empresas DTA Engenharia e O’ Martin-Serviços e Locação Ltda, venceu a licitação na modalidade menor preço para a elaboração dos projetos básicos e executivo, das ações ambientais, bem como a execução das obras de dragagem e derrocamento.

Segundo o Relatório de Impacto Ambiental da obra, o empreendimento é dividido em três trechos: 1) entre os municípios de Marabá e Itupiranga (52 km de dragagem); 2) entre Santa Terezinha do Tauiry e a Ilha de Bogéa (derrocamento ao longo de 43km); 3) entre os municípios de Tucuruí e Baião (dragagem ao redor de 125 km).

A dragagem é uma técnica de engenharia utilizada para remoção de materiais do solo, como sedimentos e rochas do fundo da água. Já o derrocamento é a retirada de material do rio não originado de assoreamento, ou seja, que naturalmente compõe o rio, usualmente pedregoso. No Tocantins, o processo acontecerá na região conhecida como Pedral do Lourenção que será implodido.

Em janeiro de 2022, entidades  importantes como CUT Brasil, CUT Pará e Fetagri. Pa, em parceria com a Diocese de Cametá, Conselho Pastoral dos Pescadores, Universidade Federal do Pará, campus Tocantins Cametá, Levante Popular da Juventude, Sintepp – Cametá, Movimento dos Atingidos por Barragens, organizações de pescadores e de quilombolas da região, com o apoio do Solidarity Center/AFL-Cio,  realizaram uma programação temática denominada "Caravana em Defesa do Rio Tocantins". A programação teve como objetivo dialogar com as comunidades que vivem da região. 

Com informações da comunicação REPAM-Brasil e diocese de Cametá (PA)
Foto de Capa: Pedral do Lourenço no rio Tocantins. Agencia Pará

Fonte: CNBB