segunda-feira, 28 de julho de 2008

ALGUNS POEMAS DE ANTONIO MARCOS

QUEM É ANTONIO MARCOS
Antônio Marcos Quaresma Ferreira, filho de Antonio da Costa Ferreira e Maria Raimunda Quaresma Ferreira, nasceu aos 24 de março de 1980 às margens do Rio Mamangalzinho, em frente a Vila Maiauatá (a Veneza da Amazônia), município de Igarapé-Miri, região Baixo–Tocantina, no Pará. Estudou na Escolas: Nossa Senhora de Nazaré, Antonio Lopes da Costa e Dalila Afonso Cunha, tendo concluído o ensino Médio na Escola Ginásio Fernando Ferrari, em Marituba (Região Metropolitana de Belém). Cursou Filosofia Natural pela Organização Internacional Nova Acrópole.Graduou-se em Filosofia Licenciatura Plena / Bacharelado pela na Universidade Federal do Pará. Atual coordenador do GECS [Grupo Ecumênico Salmo 133.].Membro do Grupo de Intercambio da Paróquia de Confissão Luterana em Belém . Na literatura é conhecido em sua região pelos seus folhetos em cordel. Autor de “A Poesia Igarapé-Miri” e “Versos de Açaí.Integra a Associação Artística Ananin (em Ananindeua), participando da 1 Antologia Poética desta entidade, onde atuou também, como radialista durante 2 anos ao lado de J.Anestor e Ivan Costa na apresentação do Programa 5 Carmita Cultural, pela Radio Comunitária FM Cabana. Atualmente dedica-se ao magistério como professor no ensino médio. Colaborador dos Jornais Miriense (de Igarapé-Miri) e Jornal de Ananindeua. É o atual diretor de edição do Jornal Informativo “A folha de Maiauatá”, que tem publicação mensal. Editor do Blog http:// afolhademaiauata.blogspot.com.

e-mail:antoniomarcospoeta@yahoo.com.br

POEMAS REGIONAIS


1 - VERSOS DE AÇAÍ

Moleques de bocas pretas
Correm no meio da mata
Na mata do velho solo
Dos engenhos e da cachaça

Cana hoje já não existe
Hoje a terra é de Açaí
O maior produtor do mundo
É Igarapé-Miri

Cultura que conquistou
O Pará e o Brasil
Ó que fruto tão pai-d’égua
Mais gostoso tu já viu ?

Caboclas com panos nas testas
Com as mãos pretas no alguidal*
Vão amassando e peneirando
O fruto do açaizal

Pra servir como sorvete
Como creme ou picolé
Mas, Para o bom caboclo da região
O “bão” mesmo é o “pirão”
Na hora da refeição!

*Alguidal ou alguidar: recipiente feito de argila usado para extração ou armazenamento de vinho de açaí




2- IGARAPÉ MIRI DE HOJE

Minha Igarapé-Miri
Sede do meu município
Não esqueço jamais de ti
No cais olho teus barcos
Fico a ti contemplar

Lá na praça Padre Henrique
Vejo a beleza do mar
E tomar mingau gostoso
De açaí ou miriti
E a contemplar minha cidade
Minha Igarapé-Miri

Vejo a Igreja de Santana
E o palacete Senador Garcia
O Estádio Municipal
E o “Moca” todos os dias
E o novo Templo Central

Igarapé-Miri de hoje
Terra de Maria e de José
Não esqueço de tua gente
Cheia de fervor e fé
Lá de cima do coreto
Imagem que não esqueço
Da cidade miriense
Do Mindó, do Eládio e Maria José

*MOCA: Mendigo popular no município de Igarapé-Miri.

3- CANÇÃO DA MINHA TERRA

Minha terra tem mangueiras
Tem açaí e taperebá
Tem pupunha de primeira
Tem castanha-do-Pará

Tem pescado, pratiqueira
Tem puraquê e tucunaré
Tem tribos, tem muitas raças
Tem gente de muita fé

Tem pássaro bem-te-vi
Tem curió
Tem maguari
Tem gente que chora e sorri

Minha terra tem mangueiras
Tem açaí e taperebá
Não permita Deus que eu morra
Distante do meu lugar

Distante da minha terra
Distante do meu Pará

4- MEMÓRIA DE IGARAPÉ-MIRI
Assim era meu Miri
Por todos admirados
Chego nem a acreditar
Quando o caso me é contado

Uma terra de leite e mel
Grande produtores de cana
Muitos latifundiários
Velha terra de Sant’Ana

Homens ilustres trilharam
Um caminho que fez historia
Passagem de canoa pequena
Que hoje temos em memória

Orgulho-me dos velhos tempos
Eládio Lobato registrou
E o barão de Igarapé-Miri
Até Belém lhe homenageou


5-MAIAUATÁ
Rio Maiauatá
Tuas águas lançantes
em pleno luar
Conduzem os sonhos
de um ribeirinho
Que ainda cedinho
começa a sonhar...

Acorda menino!
Desata tua rede;
que o dia está por vir!

Deixa de preguiça
te benze logo
e te põe de pé !
toma um gole de café
Vamo’s para o Igarapé
Que é já hora de despescar o matapi! (...)

CRÔNICA

Iguais
Isaac Fonseca¹
Há coisas pretas e brancas. Mas, também, vermelhas, amarelas e laranjas. Só pra não me alongar muito.
O café feito em nossas casas é preto. Já o leite é branco. Eu, por exemplo, adoro café, mas não gosto muito de leite, a menos que os dois estejam juntos.
As medalhas que os franceses ganharam na última copa do mundo de futebol são brancas, e as dos italianos amarelas. O motivo (oculto) de muitos ataques ao Iraque pelos Estados Unidos é preto – o petróleo.
No verão quente da Amazônia a chuva é recebida com alegria. Suas gotas são brancas, cristalinas, e servem para fertilizar o solo.
A palmeira mais querida no Miri, cientificamente, chama-se Euterphe Oleracea, entretanto, nós a conhecemos por açaí. Sua força já nos proporcionou o título de “capital mundial deste produto”. Quando maduro, seus frutos ficam pretos, ao se tornarem vinho, ganham a cor violácea. Ainda não vi quem o despreze neste município. Em Paragominas muitos não gostam de açaí. Não raro adoram queijo, que é branco.
Conheço pessoas que não dispensam um mamão, cujo interior é vermelho. A banana eu curto “pra caramba”, apenas quando fica amarela.
Minha cor preferida pra roupa é o preto. No entanto, nunca encontrei um médico trabalhando que não fosse de branco.
Tem os partidos políticos. O PSDB, que agora faz oposição no Pará e no Brasil, milita no amarelo; os da situação são vermelhos. Igarapé-Miri, por sua vez, está sendo governado pelos Democratas (ex-PFL),( alias hoje pelo PMDB) com suas bandeiras em laranja, mas, o Pina, que ainda se quer Prefeito, defende o vermelho.
No campo dos relacionamentos sou dado a fazer amigos. Tenho muitos: brancos, negros, mulatos e tantos mais. Meu parceiro, que neste ano foi aprovado no vestibular pra Matemática, tem o cabelo avermelhado, mas é natural. Há também os que pitam os seus, e eu não tenho preconceito com isso. Gosto de conversar com idosos de cabelos brancos. Dizem que tê-los é sinal de experiência.
Fiquei muito feliz meses atrás, ao saber por uma pesquisa do IBGE que, dos 100% de habitantes brasileiros, 51% têm raízes indígenas.
Na turma de Letras onde estudo há os que gostam de literatura; outros se afinam com a lingüística, e alguns vão mais pela gramática. Apesar disso, suas diferenças em nada os dividem, pelo contrário, ainda mais os fortalecem, porque os tornam mais completos enquanto grupo.
Vejam só como são as coisas: o Ministro da Cultura no Brasil é negro. Uma das riquezas do nosso país. O cantor, talvez de maior renome por aqui, chama-se Roberto Carlos. Ele é branco. Porém, o “rei” do futebol, inclusive em termos mundiais, que também é brasileiro, é negro.
Bom, em suma, tenho ainda que parafrasear o que outrora se disse sabiamente: cuidemos das crianças... e os adultos não serão castigados!
(inspirado em brancos e negros, de Pedro Bandeira – do livro Palavras de encantamento, coleção Literatura em Minha Casa, 2001; v. 1)



isaac.fonseca@yahoo.com.br
9168-7092

¹Acadêmico do Curso de Licenciatura Plena em Letras (Língua Portuguesa), pela Universidade do Estado do Pará (UEPA)/Núcleo de Paragominas. Colaborador dos jornais A Folha de Maiauatá e Miriense.

ENTREVISTA

VILA COMPLETA 107 ANOS DE HISTORIA E VOLTA DISCUTIR EMANCIPAÇAO
SOBRE A QUESTÃO CONFIRA A ENTREVISTA DO HISTORIADOR E ECONOMISTA ROSARIO PANTOJA , UM DOS ARTICULADORES DO MOVIMENTO PRO-EMANCIPAÇÃO.

No dia 04/07/2007 saiu notícia no jornal O Liberal – Repórter 70, nestes termos:
“Moradores da Vila Maiauatá estão juntando fôlego para se dedicar ao desafio de se separar do município de Igarapé-Miri. Durante todo este mês de julho, vão se reunir com lideranças políticas do município, tentando articular um projeto de lei a ser apresentado à Assembléia Legislativa com a proposta de emancipação”Para falar sobre a questão, conversamos com o prof. Rosário Pantoja(RP), um dos articuladores do movimento pro-emancipação da Vila Maiauatá.
A FOLHA : Prof. Rosário Pantoja, qual é a situação do processo de emancipação político-administrativa de Maiauatá na Assembléia Legislativa do Estado do Pará?
RP: Precisamos contactar com a Comissão de Divisão Administrativa em Assuntos Municipais da A.L para saber sobre o processo de Maiauatá. Se continua arquivado, se foi reaberto ou se precisa apresentar um novo projeto. No dia 20/05/2007 saiu na imprensa notícias sobre o assunto. O Estado está dependendo da aprovação do Congresso Nacional da Proposta de Emenda Constitucional(PEC), que determina de quem é a prerrogativa da elaboração de critérios mínimos a serem seguidos pelas localidades à emancipação.
A FOLHA : Maiauatá precisa realmente se separar do município de Igarapé-Miri? Por quê?
RP: Há uma necessidade urgente. O município dispõe de um território muito extenso. É crescente o esvaziamento da área rural por falta de políticas públicas. Os recursos públicos que o município recebe são escassos e não se vê eficiência nos atendimentos e no alcance de toda a população. A localização da Vila Maiauatá no coração geográfico do município possibilita melhor alternativa para alavancar as forças produtivas da região.
A FOLHA : Você sabe que em 1991, Maiauatá teve a experiência do plebiscito, isto é, o povo foi consultado para se manifestar se queria a emancipação. O resultado foi maciçamente favorável. Porém, houve grande abstenção de eleitores, o que causou o indeferimento do processo pela justiça eleitoral e o arquivamento do projeto de emancipação na Assembléia Legislativa. Em um novo plebiscito, isto pode se repetir?
RP: As regras do plebiscito de 1991 exigiam que houvesse a participação de 50% dos eleitores da região(área urbana e rural). Este quorum não foi atingido. Dos 4.643 eleitores aptos a votar, só compareceram 1.710 eleitores. Não houve campanha de divulgação da eleição, principalmente na área rural. É preciso ficar atento para as regras e critérios que foram estabelecidos. A eleição deve envolver todos aqueles que tem o sentimento pela mudança de um novo destino.
A FOLHA : Historicamente alguns políticos de Vila Maiauatá tentaram romper com a sede do município, mas foram vencidos. Hoje, as atuais lideranças de Maiauatá têm mais condições de se unirem e fortalecer a região em prol da emancipação? Poderia apontar algumas dessas condições?
RP: Acredito que é possível vencer todos os desafios, a começar pela superação das diferenças partidárias dos atuais vereadores. A realidade hoje é bem diferente do passado, quando a luta pela emancipação suscitava um certo preconceito cultural pelo não rompimento.Maiauatá já tem mais de 100 anos de construção de história, remonta os tempos da “Casa-Grande”,ou seja já possuímos uma identidade.
A FOLHA : Na atual divisão administrativa do município de Igarapé-Miri o distrito de Maiauatá já conta com uma população estimada em 20 mil habitantes, e tendo a Vila Maiauatá, sede do distrito, a concentração de 6 mil habitantes. Ocorrendo a emancipação para a constituição de um novo município, não vai enfraquecer ainda mais a região como um todo?
RP: Pelo contrário, significará o fortalecimento e maior integração da região. Na área rural há ausência de governo, de ações de políticas públicas para o povo. Na Vila Maiauatá se percebe isso. Os recursos são mal aplicados e gerenciados e se concentram na cidade de Igarapé-Miri. Por falta de políticas públicas o povo deixa a área rural e vem pedir socorro na cidade e na Vila Maiauatá.
A FOLHA : Para a criação de um município deve ser levado em conta o padrão de crescimento demográfico da área a ser emancipada; a estrutura econômica e a receita tributária? Sobre isso qual é a realidade de Maiauatá?
RP: A discussão desta questão passa pelo tipo de relação que a Prefeitura mantém com Maiauatá. Uma relação perniciosa.A sede se beneficia da geração de tributos sobre mercadorias que são produzidas e circulam pela região de Maiauatá. Recursos que legalmente são transferidos pelo fundo de participação do município, mas que ficam concentrados na cidade. A Vila fica sempre a “ver navios”.Os vereadores deveriam ter o interesse de reverter este tipo de relação. É como aquele filho que sempre viveu junto da sombra paternal de proteção do pai. Mas o pai não faz nada para que o filho desperte em construir com os seus próprios méritos à sua vida.Maiauatá precisa despertar para romper com esta relação perniciosa.

ÉTICA E POLÍTICA

Os Dotados por Ares




Merynilza Santos de Oliveira
merynilza@yahoo.com.br

Ares, ao conversar com os demais deuses do Olimpo, confessou que tinha
dado a Xena a valentia de ir até o Fim, independendo dos custos desse Fim, haja vista que se o Bem era desejado os meios assim mesmo o eram: morte, sofrimento, covardia, perda, tudo valia a pena.
Essa história repete-se, Ares deve orgulhar-se novamente perante os deuses da crueldade que incute nos homens. Deve falar por estes momentos: “estão vendo o Bush, ele mesmo, ele é o Cara”. Arrasar dois países por dinheiro, espera aí, os EUA são a economia mais forte do mundo, ah, mas seja pelo que for, o importante é lutar e ir até o fim.
Maquiavel mesmo com os seus “os fins justificam os meios” teria vergonha desse cara. A ética menos cristã, menos humana para defender o governo, como a maquiavélica, teria medo desse Cara.
E, nós aqui no Brasil, talvez nos sentiríamos presunçosos em diferenciarmos-nos totalmente desse “tipinho”. Porém, não dá, somos a vergonha dos deuses, estamos sem Fim, sem meio, trancafiados num limite eleitor de maus dotados por Ares, destruidores de sonho, de desenvolvimento, de vida decente. E o pior de tudo é que esses “tipinhos” não têm Fim.

Canto do Estudante

ANALFABETISMO TECNOLÓGICO A CEGUEIRA SOCIAL
*Ivanete Ferreira
Apesar do índice de analfabetismo ter diminuído nos últimos anos ainda existem em nosso país milhares de pessoas analfabetas.O que se observa é que em outros tempos as pessoas não eram analfabetas por escolha, mas, sim pela escassez de oportunidades.No entanto mesmo com todas as dificuldades muitas dessas pessoas estudaram e adquiriram certa formação.Nos dias de hoje observamos que embora nossas escolas ainda não tenham alcançado a meta que desejamos, elas estão de certa forma evoluindo.Afinal qual seria a verdadeira importância da educação?
Quando não temos acesso a educação de qualidade somos privados de participar da vida política e social do país de forma ativa.A política é a base de uma sociedade.Quando não temos participação na mesma, não temos argumentos convincentes para reivindicar nossos direitos de cidadãos.Mesmo assim ainda existem muitos que batem no peito dizendo “Eu não gosto de política,”COITADOS!Não sabem que no arroz, no feijão, na farinha e inclusive no açaí que vai todos os dias para suas mesas, está contido certo efeito da ação política, mesmo sem a sua participação direta!
Outra questão é que com a chegada da globalização no Brasil, o homem acabou sendo substituído por máquinas ou teve que aprender a competir com esta, ou seja coube a ele ter que aprender a dominá-la ou pelo menos entender o seu funcionamento. Mas apesar dessa evolução tecnológica existem em nosso país inclusive em nossa região milhares de analfabetos diante das máquinas.Ou seja, nos dias atuais não basta apenas conhecer a língua portuguesa ou os fundamentos da matemática – Precisamos sim também estar atualizados diante da revolução tecnológica, pois, na fila dos capacitados os que não estão plenamente adequados ao sistema serão simplesmente incluídos, queiramos ou não!

*Estudante de cursinho pré-vestibular em Ananindeua, natural do município de Igarapé-Miri.

NO RESPLENDOR DA MEMÓRIA

A EXPANÇÃO DO NÚCLEO URBANO DE VILA MAIAUATÁ
*Rosário Pantoja
A formação da área central continuou com outras obras como o calçadão na frente da igreja a construção da primeira rua de madeira em frente o mar, que substituía o caminho feito de açaizeiros.Tal infra-estrutura possibilitou o surgimento de diversos trapiches para embarques e desembarque, instalações de mais casas comerciais e estímulos ao movimento do comercio marítimo na região.Outra obra importante construído nessa fase inicial foi o grupo escolar denominado Antonio Lopes da Costa, nome em homenagem a um grande industrial do Rio Maiauatá.
Fundamentalmente essas obras contribuíram para atrair visitantes, viajantes, que muitas vezes constituía-se em novos habitantes da pequena Vila.O fato e que rapidamente aumentou a população e o movimento mercantil, principalmente por aqueles que intermediavam a circulação das mercadorias para outras localidades do Estado do Pará ou da Amazônia.
O crescimento da Vila Maiauatá era resultado da expansão econômica do município que se refletia em diversos setores, como da construção naval, em ativação dos estaleiros de embarcações, pescas, criação de aves e caça de animais e na implantação dos engenhos de cana-de-açúcar.
Com porto geograficamente bem localizado, a margem do rio Meruu-Açu, na pequena baia formada pela confluência do rio Meruu-Açu e o rio Maiauatá, Vila Maiauatá viabiliza a integração fluvial dos municípios da micro-região.Assim, no inicio possibilitava o escoamento da produção e a parada obrigatória das embarcações que transitavam para a capital do Estado.Daí a importância econômica no tocante sua participação na arrecadação fiscal do município e por conseqüência nas relações sociais e políticas junto às lideranças da cidade de Igarapé-Miri.

* Economista e Historiador pela Universidade Federal do Pará

Educação e Linguagem

EDUCAÇÃO E LINGUAGEM LÍTERO-MUSICAL NO BAIXO-TOCANTINS,QUE TAL ESSA POSSIBILIDADE?

Antonio Marcos Ferreira¹
A maioria das interpretações da Filosofia de Platão assinalam a linguagem poética como uma contraposição ao conhecimento filosófico-cientifico, visto tratar-se de uma linguagem de natureza fictícia.O episódio alegórico da expulsão do poeta da cidade, registrado em A República de Platão , mostraria tão bem tal concepção do filosofo. Todavia há de se acentuar que o próprio Platão faz uso dessa linguagem em sua Filosofia, por exemplo no mito da caverna.Assim, podemos sugerir que a linguagem poética (artística) mesmo em Platão é utilizada de maneira positiva, isto é, como instrumento pedagógico.
Ora, quando falamos em linguagem litero-musical no Baixo Tocantins,queremos sugerir a utilização da nossa linguagem artística como instrumento pedagógico.Certamente recurso não nos faltará ,haja visto o grande potencial artístico existente em nossa região.
Se fizermos uma rememoração na história da região do Baixo-Tocantins, nos impressionaremos com grandes referências tanto literárias quanto musicais.Segundo a revista MARGENS (2005) há poucas décadas por exemplo, até Jazz se produzia por aqui (Igarapé-Miri e Abaetetuba).Se bem que aqui tal categoria musical era chamada de Jazzes, isto é, devido a peculiaridade lingüística cabocla da região, nessa época destacavan-se diversos grupos como: Jazze Brasil, Jazze Tupi, Jazze do Manivela, Jazze União e tantos outros que animavam as noites de festas. A maioria das composições além de valorizar os aspectos regionais possuíam um lirismo extremamente rico.
Hoje,são poucos os artistas locais que ainda persistem com esse tipo de composição e os que ainda sobrevivem, quase não conseguem sair do anonimato, já que não possuem incentivos por parte do poder público.
Por conta dessa negligência de nossos governos ficamos a “mercê” de composições extremamente vulgares que além de depreciar a classe feminina tratando-a como simples objeto de prazer, não conseguindo em nada acrescentar para boa arte e a única coisa que conseguem é promover uma massificação social. Nessa perspectiva,até mesmo nossos bregas que antes até continham melhores conteúdos acabaram reduzindo-se a um entretenimento extremamente barato.
Mas o que fazer para mudar tal realidade?Será que ainda existe alguma possibilidade de promovermos algum resgate ou construirmos uma nova realidade no âmbito de nossa cultura? Particularmente acredito que sim. Há poucos em Igarapé-Miri confesso que fiquei abismado ao contemplar um concurso de música popular promovido pela secretaria de cultura onde pude perceber quanta qualidade artística nosso município possui, lembro-me que o vencedor do concurso,popularmente conhecido por Bilochel (ex-vocalista do grupo Magnatas do Som) emocionou a todos presentes ao entoar a música “Caminhos de Canoa pequena” (primeiro lugar no concurso).
Poderíamos nos perguntar quantos Bilocheis ainda temos em nossa região escondidos pela falta de incentivo? Assim como tantos poetas, escritores, que apesar de serem frutos desta terra nem sequer têm direito a participar de pelo menos uma antologia literária.
Nossa tentativa é aqui propor a partir do ponto de vista educacional buscarmos resgatar tais artistas e utilizá-los no processo educacional. Assim como conscientiza-los da rica qualidade de expressão existente em nossa própria região,que além de contribuir para o processo educativo, poderá servir para alavancar inclusive o turismo adormecido pela falta de preocupação.Certamente não faltará boas composições para serem trabalhadas.Acho mesmo é só a através do reconhecimento da nossa capacidade de produção é que poderemos adquirir conhecimento para a conquista de nossos horizontes! É isso !!!

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¹Graduado em Filosofia Licenciatura Plena/Bacharelado pela UFPA (Universidade Federal do Pará).Fez Curso em Filosofia Natural pela Organização Internacional Nova Acrópole. Atua como professor no ensino médio e cursos pré-vestibular.Colaborou com Jornal Miriense, atualmente colabora com o Jornal de Ananindeua e edita o informativo A Folha de Maiauatá.Secretario da Associação Artística Ananin. Autor de Versos de Açaí, Poesia de Igarapé-Miri e CONTRASTES,poemas que nascem na Amazônia (produção literária independente a ser publicada em setembro de deste ano em parceria com o poeta e professor Israel Fonseca Araújo).Editor do BLOG www.afolhademaiauata.blogpot.com

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Texto sobre as Eleições 2008, em Igarapé-Miri e em Belém

Uma Croniquinha – que “não é” de Linguística:
Anotações sobre as Eleições 2008, em Belém e em Igarapé-Miri
Prof. Israel Fonseca Araújo(*)


Cinco de julho deste ano: eis a data-limite para os Partidos Políticos/Coligações efetuarem o registro de candidaturas junto à Justiça Eleitoral, em todo o território nacional, fato que não poderia ser diferente em Igarapé-Miri. Nem o foi. A seguir e de forma bastante “leiga” faremos algumas considerações sobre esse pleito que nos espera (é pleito, mesmo!).
Inicialmente, alguns números, já que as pessoas grandes confiam mesmo é nesses dados do “mundo da seriedade”, como bem poderia dizer O Pequeno Príncipe, de Saint–Exupéry: em Belém do Pará, 98ª Zona Eleitoral, foram registradas 662 (seiscentos e sessenta e duas) candidaturas (08 para Prefeito (a): Arnaldo Jordy (PPS), Duciomar Costa (PTB), João Moraes (PSL), José Priante (PMDB), Marinor Brito (PSOL), Prof. Mário Cardoso (PT) e Valéria Pires Franco (DEM) e as demais para a vereança). Em Ananindeua, a coligação que tem Helder Barbalho (PMDB) e Sandra Batista (PT), para a Prefeitura, e mais treze partidos, inscreveu bem mais de duas centenas de concorrentes na proporcional. No Pará, o total de pedidos é 13.858 (treze mil, oitocentas e cinqüenta e oito) e 140 em Igarapé-Miri (05 para Prefeito (a): Jamir Pantoja (Jamil, PRB), Mário da Costa Leão (PP), Dilza Pantoja (PMDB), Pr. Amorim (PSOL) e Roberto Pina (PT), sendo as demais para a corrida proporcional).
Depois da curiosidade numérica, algumas coisas hilárias, do tipo: o Nome “de guerra” do Candidato Fulano de Tal é “tal coisa do Fulano” ou “da Fulana” – parece que, neste mundo, o importante é ser de alguém! Mas há igualmente, aqui no “Miri”, muito requinte: temos Pr. (Pastor), Pb. (Presbítero) e outros, além de “Professor Doutor PAULO CORRÊA” (PV), todos na proporcional: isso mesmo, lá está na lista que eu, em pessoa, conferi no Átrio da 6ª Zona Eleitoral, que é a nossa de Igarapé-Miri. Trata-se do muito respeitado professor Paulo Sérgio de Almeida Corrêa, dos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação (UFPA), pesquisador do CNPq (onde é líder de grupo), Mestre e Doutor na área da Educação: Currículo pela PUC-SP, e acadêmico de Direito numa IES (Instituição de Nível Superior) paraense.
Do “requinte”, desçamos ao submundo da vida pública: em Belém, seis (06) candidaturas foram contestadas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), a saber: na majoritária (para Prefeito) apenas Duciomar Costa foi contestado – deixemos a sua lista (longa) para depois. Os cinco (05) restantes, cuja solicitação de impugnação foi feita pelo MPE, são:

“... ex-senador Ademir Andrade e de Antônio dos Santos Neto, ambos da ‘Frente Popular’; do ex-secretário de saúde, Fernando Dourado, candidato a vereador pela coligação ‘Pra Belém Ficar Pai D’égua’ ; da comerciante Benedita de Souza Almeida – a ‘irmã Benedita’, que pretende concorrer a uma vaga à vereança pela coligação ‘Unidos por Belém’ (PR, PRTB e PSC); e do empresário André Luis Portela Dacier Lobato, o ‘Kaveira’, do (PV)” .


Pesam contra o “DUDU”, que tenta a reeleição em nossa Capita, dentre outros processos : a) utilizar de dinheiro público para fazer promoção pessoal; b) de desviar veículos adquiridos com recursos federais, por meio do SUS, de sua finalidade original para abastecer a Guarda Municipal; e c) de dispensar irregularmente licitação pública para aquisição do Hospital Sírio-Libanês, e que nunca chegou, de fato a ser implementado.
Algumas são as razões que justificam os pedidos de impugnação de candidaturas, como as que seguem: 1) a vida pregressa incompatível com a dignidade do cargo em disputa – a chamada “ficha suja”, 2) as contas rejeitas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e dos Municípios (TCM), e 3) atos de improbidade administrativa.
O prazo para defesa desses candidatos começou em 21/07 e vai até 27/07 deste julho.
Aquela situação vivida pelo prefeito-candidato belenense ilustra bem as suspeitas que, no meio do “povão”, acabam pesando contra aqueles (as) que estão administrando e tentam legalmente se manter no poder, que são, talvez, os mais vigiados (as) do Certame Eleitoral.
Aqui no “Miri”, e nesse mesmo Átrio que consultei na manhã do dia 24/07/2008, nada tinha sobre algum candidato (a) ter sofrido pedido de impugnação de registro, mas sei que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) divulgou lista de “condenados” (pessoas que estavam com problemas em prestações de contas de eventos/exercícios passados) e lá estava o nome de nosso ex-prefeito Mário da Costa Leão (PP).
Tomara com que a Justiça faça, de fato, justiça, e sempre que for “cutucada” e que se comprovar irregularidades “simples-zinhas”, como é o caso do uso da Máquina Pública em benefício próprio para levar vantagens e conquistar mais votos do que outros (as) concorrentes: pessoalmente, desafio as pessoas que dirigem prefeituras e que concorrem à reeleição a usar da publicidade de forma impessoal para mostrar à população o que estão fazendo com os recursos que recebem e como estão preenchendo o seu Quadro de Pessoal (sobretudo de pessoal contratado por tempo determinado, e por “excepcional interesse público”), ao menos nestes últimos três (03) meses – abril, maio e junho corridos, para que possamos ter certeza de que a disputa está sendo, de fato, limpa. Mas provar sem “conversa fiada”, mostrando mesmo os fatos, por “A” mais “B”, e com base na legalidade. A moralidade e a eficiência na Administração Pública agradeceriam sobremodo.
Por falar em Justiça (entenda-se Eleitoral), quero registrar aqui a minha preocupação quanto ao nosso sossego público, haja vista que nesses mais de dois meses de carro-som nas ruas há momentos em que as pessoas não têm sossego sequer no intervalo de 12 às 15h, pois os mais fortes – e sempre são os (as) mais fortes financeiramente, quase nuca em termos de competência – sempre estão querendo abafar as candidaturas mais “fraquinhas”. Parece que vivemos uma “Lei da Selva”, em que leões e leoas de tudo fazem para devorar quem atravessar os seus caminhos. Isso sem citar o limite de decibéis que nunca são respeitados, parece que ninguém denuncia e/ou, se alguém denuncia, o que ocorre? Qual é a resposta? Não sabemos. O que sabemos é que uns põem o volume sempre mais alto do que outros e, assim, sucessivamente. Para as pessoas de bem, fica o transtorno. Ouvi dizer que, neste pleito, a Justiça irá ser mais enérgica (mais justa): tomara!
Então, cidadão e cidadã mirienses, jovens, idosos, adultos (as), eis a hora de mostrar que sabemos nos defender de quem não respeita os nossos direitos já na hora de quererem os nossos VOTOS! Imagines depois. Não votemos nessas pessoas, pois já estão provando que só querem “se dar bem às nossas custas”.
O que esperarmos dessa que será a (sempre) mais acirrada corrida à caça de votos, aqui no “Miri”, e em todo lugar? Por meu lado, quero que seja uma disputa acirrada, mas ética, dentro dos limites impostos pela legislação mais geral de nosso País (CF/88) e pelas específicas, como um todo. Que seja humana, acima de tudo. Que não deixemos o fervor da disputa dizimar amizades construídas desde muito tempo atrás, como já vi acontecer; que irmãos, parentes, conhecidos (as), depois de ganharem/perderem desmontem os palanques e continuem trabalhando para que o nosso Igarapé-Miri cresça.
Por falar em crescimento para o “Miri”, em breve discorreremos sobre os (as) sanguessugas que aparecem por aqui de 4 em 4 anos querendo nos enganar, porque pensam que temos o nariz furado pra cima e que, por isso, morreremos afogados (as) na primeira chuvada que nos abater. O tempo mostrará que estamos amadurecendo e aprendendo (também) com as porradas que já levamos.

(*) Israel Fonseca Araújo é professor de língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Igarapé-Miri, PA. e-mails: fonsecaraujo@bol.com.br; poemeiro@hotmail.com