terça-feira, 23 de outubro de 2018

EDUCADORES DIVULGAM MANIFESTO EM SOLIDARIEDADE AO PROFESSOR HÉLIO JUNIOR


 Em ato comemorativo ao dia do professor realizado a manhã de sábado dia 20/10/2018 no Chalé do Professor Glaybe Pimentel, educadores mirienses divulgaram um manifesto de apoio ao professor Hélio Junior, vítima de difamação pública em rede social, após publicação em que o educador manifestava seu posicionamento favorável a candidatura de Fernando Haddad, conforme lê abaixo: 
MANIFESTO DE APOIO AO PROFESSOR HÉLIO JUNIOR 
É com imenso sentimento de respeito, que em nome de um grupo de professores das redes municipal e estadual de Igarapé-Miri (os quais assim este manifesto), queremos neste ato alusivo ao dia do professor, celebrado no último dia 15 de outubro manifestar toda a nossa solidariedade ao Prof. Mdo. Hélio Nascimento da Paixão Junior, vítima de difamação pública em rede social (facebook), ocorrida ironicamente neste 15/10/2018, após publicação em que o conceituado educador usando da liberdade de expressão e cidadania garantida pelo atual sistema democrático, manifestava seu posicionamento favorável a candidatura presidencial do também Professor Fernando Haddad (PT), motivo pelo qual foi virtualmente agredido por um cidadão adepto do candidato Jair Bolsonaro (PSL).
Professor Hélio Junior é paraense do município de Capitão Poço, casado com a miriense Josineide Pantoja (professora/doutora pelo programa de Pós-graduação em Parasitologia e Biologia Estrutural- UFPA).
Hélio Junior é notoriamente reconhecido pelo relevante trabalho prestado à educação miriense. Possui graduação em Ciências Naturais/Habilitação em Química, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), possui especialização em Metodologia no ensino da Química, pela faculdade Integrada Jacarepaguá, FIJ/RJ. Atua como docente na educação básica, lecionando as disciplinas de Química pela Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) e Ciências Físicas e Biológicas (CFB) pela Secretaria Municipal de Educação de Igarapé-Miri (SEMED), atuou como Coordenador de Apoio e Incentivo a Iniciação Científica - CAIIC, pela Secretaria Municipal de Educação, cujo objetivo é organizar, incentivar e apoiar ações e atividades voltadas a projetos de pesquisa e iniciação científica na educação básica. Pós graduando em Ensino de Ciências pela Instituto de Educação Matemática e Científica da Universidade Federal do Pará. É um incansável defensor da Pedagogia de Projetos com orientação e participação em Feiras de Ciências em todo nacional.
Conhecendo bem o Professor Hélio, temos a satisfação de testemunhar o profissionalismo, respeito e amizade com que sempre trata seus colegas de trabalho e alunos neste município. Por isso reiteramos nossa solidariedade ao Professor Hélio Junior ao mesmo tempo em que repudiamos as atitudes difamatórias que causaram enorme desconforto moral ao professor.  Da mesma forma exigimos que soluções sejam tomadas por parte dos órgãos competentes.




Igarapé-Miri, 20/10/2018



Atenciosamente

Prof.Ms. Israel Fonseca Araújo (Coordenador do Sintepp)
Prof. Mdo. Antonio Marcos Ferreira (Presidente da Academia Igarapemiriense de Letras e do Instituto Caboclo da Amazônia)
Prof. Mdo. José Moraes Quaresma (Vice- coordenador do Sintepp)
Prof. Dr. Édson de Jesus Antunes (sociólogo)
Prof. Ms. Glaybe Pimentel (Pedagogo)

domingo, 21 de outubro de 2018

COMUNIDADE RIBERINHA FESTEJA MAIS UM CÍRIO DE NAZARÉ: A FESTIVIDADE OCORREU NO SEGUNDO DOMINGO DE OUTUBRO NO RIO MAMANGALZINHO, IGARAPÉ-MIRI, PA.





Ribeirinhos do município de Igarapé-Miri, Pará, acompanharam mais uma edição do Círio de Nazaré, na localidade de Mamangalzinho, próximo à Vila Maiauatá.
De acordo com algumas lideranças das da localidade, a Festa de Nossa Senhora de Nazaré, do Rio Mamangalzinho, teve início após uma promessa feita pelo Senhor José Roberto da Costa (Zé Roque) e sua esposa Dona Antônia Farias da Costa (Dona Sinhá), ambos já falecidos.
O senhor Zé Roque e Dona Sinhá eram genitores, da hoje professora aposentada Odete Maués, uma das baluartes da história da comunidade, que hoje é conhecida como C.C Nossa Senhora de Nazaré do Rio Mamangalzinho.
Tudo aconteceu no ano de 1953, quando na época a pequena Odete, de apenas dois anos de idade ficou muito doente, de uma febre extremamente alta, os pais de Odete, apavorados com a situação, contrataram um “reboque[1]” para levá-la para a cidade de Abaetetuba.
Era época do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, quando às oito horas da manhã, o Senhor Zé Roque e Dona Sinhá, ajoelharam-se em frente ao Cruzeiro da Igreja de Conceição, e rezando fervorosamente, clamaram a mãe de Jesus Cristo pela recuperação da filha.
Para alegria e felicidade do casal, Odete foi curada, e assim o casal passou a cumprir a promessa de mandar rezar, em outubro de cada ano uma novena à Nossa Senhora de Nazaré, na casa do próprio casal.
Atualmente a festa é realizada na pequena capela da localidade, culminando com o círio fluvial que sai de Vila Maiauatá até o rio Mamangalzinho, sempre no segundo domingo de outubro.  



[1] Transporte à remo na época muito utilizada na Amazônia.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

IGARAPÉ-MIRI RECEBE NESTE 20/10 SÁBADO O VICE REITOR DA UFPA EM PLENÁRIA SOBRE EDUCAÇÃO




O vice reitor da Universidade Federal do Pará, Professor Gilmar Pereira, participará de um café temático sobre os rumos da educação pública no Brasil, que acontecerá neste sábado dia 20/10 (das 8:00 às 10:30) no Chalé do Professor Glaybe Pimentel, Bairro Centro, Igarapé-Miri/PA.
A atividade faz parte de um evento comemorativo ao dia dos professores sob a coordenação do Professor Israel Fonseca Araújo (atual coordenador do Sintepp/Subsede Igarapé-Miri) e abordará sobre os principais desafios da educação pública no Brasil diante do atual contexto político eleitoral.
Gilmar Pereira possui Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2005); Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2002); Especialização em História da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (1993) e graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (1992). Atualmente é Professor Associado III e vice-reitor da Universidade Federal do Pará.
A presença do Professor Gilmar deve ajudar a esclarecer muitas dúvidas de professores e estudantes sobre os riscos e ameaças ao ensino público no Brasil diante do processo eleitoral deste 2018.



sábado, 6 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018: ENTREVISTA COM O PROFESSOR E FILÓSOFO ANTONIO MARCOS FERREIRA

Prof. Israel F. Araújo (poemeiro@hotmail.com)

Prof. Antonio Marcos Ferreira (arquivo pessoal)


ENTREVISTA: Prof. Antonio Marcos Ferreira (Filósofo) fala sobre Política, ódio, nazi-fascismo, #EleNão e mídia: "quem aponta os rumos dos temas a serem explorados é a mídia"

O BLOG POEMEIRO DO MIRI pediu, via e-mail,  Entrevista ao Professor e Filósofo Antonio Marcos Quaresma Ferreira, que atualmente cursa Mestrado em Estado, Governo e Sociedade. Trabalhando na docência na Seduc-PA, o professor Antonio Marcos atua também no Incam (Instituto Caboclo da Amazônia), na Rádio Comunitária Natureza FM (em Igarapé-Miri, PA: freq. 87,9 mhz) e é o atual Presidente da Academia Igarapemiriense de Letras (AIL), entre outras frentes de atuação.
Na seguinte Entrevista, ele trata, p. ex., de problemáticas de nosso tempo, em especial sobre Eleições, Democracia, diálogo, "fake news", "EleNão", poder do discurso e atuação da grande mídia. CONFIRA:



ENTREVISTA: ANTONIO MARCOS FERREIRA

Blog Poemeiro do Miri: Prof. Antonio Marcos, estamos vivendo, nestes últimos meses (sobretudo nas últimas semanas) um acirramento das disputas políticas. Nesse cenário, o discurso (pronunciamentos, posicionamentos/saber o que pensam essas lideranças políticas etc.) deveria ocupar um lugar central, para que a população se torne cada vez mais esclarecida, informada, sabendo dos projetos e programas dos Candidatos(as).
Na sua opinião, é isso mesmo que está acontecendo, ou não? Ou, enfim, como o sr. vê essa realidade? São debates de propostas ou é de outra coisa que estamos tratando nestas eleições para a Presidência do Brasil?
Prof. Antonio MarcosÉ uma pergunta muito interessante pois nos faz refletir exatamente sobre o contexto de massificação e padronização que prevalece nos tempos atuais, ou seja quem aponta os rumos dos temas a serem explorados é a mídia. A grande intenção é vender um produto, isto é, a partir de uma lógica de mercado. Nesse sentido a política também entra no jogo. A emissora de televisão, por exemplo, explora aquilo que pode ser facilmente “comercializado” e promove o espetáculo de acordo com interesses de quem as patrocina ou melhor associa-se a suas perspectivas. Não parece nada “comercial” tratar sobre programas de governo, pode parecer técnico demais. Por isso a seleção de conteúdos, imagens e a preferência por questões mais apelativas, isto é, aquilo que “vende” com maior facilidade. Grande parte dos candidatos também esquecem as propostas e partem para apelações que nesse contexto ganhariam maior evidência. O que para um processo político é prejudicial, já que rouba a cena do debate realmente necessário.  

Blog Poemeiro do Miri: Tendo em vista que o sr., atualmente, faz Mestrado em Estado, Governo e Sociedade e que tem formação em Filosofia (que é estudioso da Ética, da participação popular e da política), como o sr. vê essa relação (ética, política e participação) ou, de outra forma, é possível falar que o campo da ética é um campo visível nestas eleições? Ou o problema maior é, justamente, um modus de apagamento da ética na política?

Prof. Antonio MarcosEntendo que o debate da ética pode muito bem ser atrelado a questão da justiça social. Aristóteles defendia que a política é uma extensão do indivíduo, de modo que um sujeito sendo um péssimo exemplo do ponto de vista da vida particular não será boa referência para a vida pública. É muito provável que a vida pública sirva para desmascarar sujeitos que na vida privada sempre foram cidadãos ruins. No contexto eleitoral, por exemplo, é possível perceber muito bem essas questões, onde figuras facilmente identificadas como exemplos negativos do ponto de vista da ética, apresentam-se como “salvadores” e defensores de uma “nova política”, ou que vão combater a corrupção, mas se formos olhar seus modos de fazer campanha, veremos imensa contradição, com práticas irregulares, compra de votos etc, e tal. É preciso questionar: Que propostas realmente defendem? As propostas condizem com suas práticas/experiências (seja dentro da associação, sindicato, igreja, escola)? de onde vem os recursos de suas campanhas? Quem os patrocina? qual será o custo ao final da sua campanha? Enfim é preciso questionar, relacionar os discursos e práticas.

Blog Poemeiro do Miri: Professor, muitos estudiosos da política falam, nestes dias, de uma disseminação do ódio entre as pessoas, entre as classes. Há uma fala muito sedimentada acerca de um neofascismo, um neonazismo, que estariam muito bem enraizados e ainda crescendo, no seio da sociedade brasileira. Fala-se muito na candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) como sendo um motor nessa disseminação do ódio (bem lembramos de suas falas sobre negros serem pesados em “arrobas”, sobre estupro em relação à deputada petista-gaúcha Maria do Rosário, sobre as mulheres receberem menores salários do que os homens etc.). Na sua percepção, o que temos de consistente nessas análises sobre o (neo)fascismo e o (neo)nazismo?

Prof. Antonio MarcosTanto o nazismo como o fascismo foram modelos que distorceram o verdadeiro sentido da política, defendendo os privilégios de uns em detrimento da violência contra outros considerados inferiores.  Para nazi-fascismo aquele que não possui o mesmo nível social, classe ou cor, por exemplo, deve ser ignorado do ponto de vista da importância social, deve inclusive ser eliminado. Para eles não seria possível conviver com o diferente. É o que se percebe no comportamento do candidato Bolsonaro que não admite ver a empregada (o) doméstica sendo tratado com dignidade, por sem uma afronta aos privilégios de grupos. Não admite a mobilidade social e prega todo tipo de ódio ao diferente. Certamente vê no outro uma ameaça, por isso propõe eliminá-lo.

Blog Poemeiro do Miri: Prof. Antonio Marcos, dito de outra maneira, o que seriam neonazismo e neofascismo? Senhor avalia que nosso povo não tá despertado, ainda, para essa questão?
Prof. Antonio MarcosTratam-se de “movimentos” perversos que “ressuscitam” para os tempos atuais a ideia de violência e preconceito, assim como a necessidade de destruição do outro. O que importante para eles é pôr fim a dignidade humana de “classes inferiores” e minorias, tudo em nome de uma falsa paz (que inclusive atrai apoio de setores conservadores da sociedade), defendem a guerra contra o ser humano que é diferente ou que pensa diferente. Percebe-se que a falta de atenção para o perigo desses movimentos, sobretudo em tempos de campanha eleitoral.  

Blog Poemeiro do Miri: E sobre os chamados “fake news”, professor Antonio Marcos, o que o senhor tem a dizer? Esses dias, milhares de pessoas denunciaram (atribuíram a...) que defensores de Jair Bolsonaro estariam produzindo milhares de notícias falsas (fakes) para difamar, desmoralizar o candidato petista Fernando Haddad: o alvo seriam grupos de “zap-zap”, de igrejas evangélicas, sobretudo neopentecostais, grupos focados no público feminino-evangélico e outros mais notadamente (ou, em tese) anti-petistas... Ao sr. parece um fenômeno social bem novo no Brasil, capaz de gerar uma preocupação (inter)nacional, a ponto de o Presidente do TSE (instância máxima da Justiça Eleitoral) ter dito, meses atrás, que “fake News podem anular uma eleição”?

Prof. Antonio MarcosÉ uma questão assustadora, atitudes criminosas, feitas por “profissionais” para fazer parecer verdade uma informação falsa.  Realmente as redes sociais apresentam-se como ferramentas com dependendo de quem as usa ou para o que se usa, pode ser favorável ou prejudicial. Percebo que a justiça está um pouco perdida nesse aspecto, não conseguindo punir ou frear um “recurso” que pode ser determinante para o processo eleitoral. A quantidade de notícias falsas expondo supostas imagens ou conteúdos associados ao candidato Fernando Haddad e a sua vice Manuela D’Avila realmente assusta, resta saber se esses crimes são praticados de maneira individualizada ou estão alinhadas a um projeto de marketing eleitoral do candidato opositor. Embora com todos os esforços no sentido de esclarecer os boatos, não conseguem acompanhar a velocidades de prejuízos desses crimes ou corrigir os estragos causados. Até justificar para uns, centenas e milhares já levaram a informação adiante. Estamos vivendo um período de grande ameaça à democracia, e os fack News parecem ser a grande arma do principal do antipetismo.  

Blog Poemeiro do Miri: Professor, e essa participação das mulheres, as mobilizações em redes sociais, a produção (surgimento) do enunciado #EleNão, os atos de rua, a luta por trabalho, emprego, creches, lazer, respeito à diversidade...? É uma espécie de “Primavera Árabe”? Esse ineditismo e essa resistência, enfim: como o sr. analisa essa problemática toda, inscrita e constituidora do político/eleitoral nestas disputas de 2018 (sabendo-se, podemos supor, que mantém estreita vinculação com a deposição de uma presidenta da República, em 2016, internacionalmente interpretado como Golpe de estado...)?

Prof. Antonio MarcosPercebo nessas mobilizações populares, grandes iniciativas de resistência que ultrapassam os limites dessa ou daquela candidatura. Ainda que pareçam atividades de apoio à este ou aquele candidato, a coisa é muito mais ampla. Há um esforço coletivo de diversos segmentos da sociedade brasileira, reunindo no caso do # Ele Não, centenas e milhares de mulheres que há décadas vem lutando por respeito e dignidade. São clamores que ecoam pelo país inteiro em defesa da democracia e da preservação de direitos. O que se justifica pela visível ameaça à democracia (experimentada desde o golpe que retirou a presidenta Dilma Roussef da presidência em 2015), diante do discurso de ódio e retrocesso do candidato Jair Bolsonaro, explicito representante da extrema direita no país.


Blog Poemeiro do Miri: Obrigado, professor.