sexta-feira, 20 de junho de 2008

UM BILHÃO DE ÁRVORES PARA A AMAZÔNIA

Prof°.Antonio Marcos Ferreira
A meta do programa de reflorestamento lançado no dia 30 de maio pelo presidente Lula e pela governadora Ana Julia Carepa,no Pará parece ser uma proposta extremamente ousada, que arrancou elogios até mesmo do príncipe Chales. Plantar um bilhão de árvores nas circunstâncias atuais (falo especificamente do aquecimento global) é sem duvida nenhuma uma proposta plausível.
Mas Isso não é suficiente.É preciso muito mais do que isso.É necessário a implantação urgente de um novo modelo de educação construído a partir de uma política comprometida com a vida (tanto do sociedade atual, quanto das gerações futuras).Para isso é necessário que haja competência e seriedade por parte dos órgãos do governo, que precisam funcionar sem falcatruas de um modelo do toma-lá da-cá.
A proposta do governo para a o município de Tailândia parece estar sendo construída de maneira coerente (pelo menos no papel), onde a perspectiva é promover a substituição do modelo econômico predatório por uma economia sustentável (e com incentivos à agricultura familiar).Como diz o presidente Lula “a Amazônia é dos brasileiros” e(parafraeseando o próprio presidente) não podemos deixar que a nossa região seja tratada como água benta no jarro da igreja, onde todo o mundo ( inclusive os gringos) acha (m) que pode(m) meter a mão.
Porém, não basta batermos no peito e orgulharmo-nos disso. É necessário que tenhamos responsabilidade para administramos com competência aquilo que é nosso de direito (não porque eles querem, mas porque o nosso futuro depende disso). Precisamos ser de fato autônomos, mas é necessário muito mais sabermos administrar essa autonomia. Plantar um bilhão de arvores parece ser um bom começo!

sábado, 14 de junho de 2008

POEMAS DO PROF. ISRAEL


Meu amor por “Miri”
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com

A sinfonia dos pássaros
é acalentadora;
a cantiga dos barcos, reveladora;
as ruas nos desassossegam,
mas nosso encanto por ti não fenece;
os teus “destratos” nos desanimam,
porém nosso enlevo só cresce;
é amor incompreendido,
não correspondido, às vezes:
esse nobre sentimento destila
umas sensações dicotômicas.
05/04/06

À moda de Narciso
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com

Enamorei
(ME)
Apaixonei
(ME)
por mim, mesmo!

Encanto de uma só
(VEZ)

Vês, Narciso,
o quanto lutou
para poder cair
de amores
por si mesmo?

Não comigo
Que, auto-enamorado,
Nada pude.

(ME)
Conquistei
E de uma só
(VEZ)

29/05/2008



Sem título
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com

“Não serei o poeta de um mundo caduco”
Não cantarei a insanidade
tanto minha, quanto de tanta gente
Não quero ovacionar a vaidade
de todos nós
e, por que não, de TODAS?
Não aceito fazer a aclamação pública
dos atos da deslimitação egocêntrica
da raça humana
Não admito ter que aplaudir
as bobagens de tanta gente
que tanto se acha
e despreza a sobriedade
em troca de sei o quê.


08/12/2006


PRA TE (DES) ESCREVER

Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com



Às proximidades uma música toca,
sem graça;
à minha frente você passa,
me engraço.

A música não me toca;
por você estou + q’ tocado.

Caminho por meus versos,
mas tropeço nas palavras:
“Ai palavras! Ai palavras!”.

Não quero me perder
_ mas, por ti, já me perdi
(de amores):
só falo aos teus ouvidos
(silêncio!).

Posso até vencer as palavras,
porém a tua saudade
sei que não posso vencer.

Lá fora,
uma música para de tocar.
Consegui vencer algumas palavras
(O silêncio diminuiu),
mas a saudade cresceu.



AMOR E PAIXÃO
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com


O desprazer é um bálsamo
para muitos corações calejados,
mas não é isso o que as almas querem.
Todos querem o Amor correspondido,
motivação e equilíbrio para a felicidade.

Amor é felicidade e fidelidade.
A Paixão é o fogo camoniano.
Ela quer o coração arruinado,
de Renato Russo.

Amor casa mais,
(ou seria casa menos ?)
com a fidelidade de Vinícius de Morais.
Quanto a mim, caso-me mais,
com a esperança
e concubino-me com a determinação.



SIM OU NÃO?
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com



Pare agora onde você está:
não se mexa,
não apresse,
não se avexe,
não se desvaneça,
não se preocupe,
não se perturbe,
não desacredite,
não fique tão triste!
Não se desiluda,
não pare de sonhar,
não deixe de ser você.
Agora,
por tudo o que lhe ainda direi,
diga somente “SIM”.




“PROVÉRBIOS”
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com


Quando sonhamos tornamo-nos sábios
e ao devanear, somos sóbrios.

Quanto mais erguemos os pés
mais nos firmamos em terra.

Não são as metas os nossos alucinógenos,
mas a covardia o que mina o nosso coração.

A vida é triunfo aos fortes
e aos tímidos, pesada cruz.

Ser louco é ser sábio,
e a prudência às vezes agrada.

Sou louco porque te desejo,
mas a prudência ...!



LIÇÃO DE ÁGUIA
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com

A esperança da águia é ver o invisível,
sentir o que está muito distante.

Seu vôo é a própria liberdade,
embebida de um encanto guardado
em seu recôndito instintivo.

Ao alçar seu vôo não sabe o que achará
e é por isso que vai:
para saber o que tem no longínquo.

É fomentado pela curiosidade o seu olhar profícuo.
Sua garra e sua coragem
estão na instintiva razão que carrega.

Como a águia é o homem:
seus horizontes alargam-se ou diminuem
consoante sua ousadia.

Realizar metas requer asas fortes,
garras seguras, olhar certeiro
e coração emotivo-racional.

Entretanto, não raras vezes,
a covardia humana é abominável a uma águia.


A DOR E O JOGO
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com



Que seria a dor?
Uma contraparte que faz o homem,
escravo mandante das sensações,
avançar no afã de obter o alívio.

O estopim que conduz o homem
rumo ao inantingível.
Antes de ser dominado pelo medo
o ser humano está em inércia.

É o medo que nos faz sonhar.
É o receio que nos faz perder ou ganhar.
Perder-ganhar é o tudo de que somos capazes,
audaciosamente,
de fazer na vida.




INFINITIVO SONETADO
Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com


Escutar além do horizonte,
enxergar o que os ouvidos não podem ver,
acariciar as ilusões da alma
e tatear a sensibilidade do coração.

Despir a verdade que os mentirosos contam,
ladear a ausência de teu corpo,
possuir o que nunca me foi dado
e gozar tudo o que já passou.

Não sofrer por não ter tentado,
nem querer o indesejável
para não devanear.

Não acordar o inegociável,
não macular a santidade do hipócrita
e sair ileso por nada ter feito: eis tudo o que eu queria.

Artigo sobre Linguagem de Rua, Prof. Israel

Linguagem, Discurso: forma de expressão (e de protesto)
Prof. Israel Fonseca Araújo(*)

1. Considerações Primeiras

Neste momento de nossa relação sócio-cultural/político-ideológica quero imprimir a nossa Uma Croniquinha de Linguística um formato de artigo, cuja argumentação – você já sabe – será bem propedêutica, introdutória – e superficial. Sim: há uma relação interpessoal entre este Croniquista e você, leitor/leitora de meus textos do “Miriense” e dA Folha! E é por esse motivo que peço a sua permissão para mudar a “cara” daquela que seria Uma Croniquinha sobre a linguagem das ruas. O que pretendo é, basicamente, discutir dois enunciados que encontrei em ruas de nosso “Miri”, um em dezembro/2007 e outro em 23/05/08, à luz dos Estudos Lingüísticos. São, sim, análises superficiais, mas se bem lido o presente artigo poderá contribuir de alguma maneira para a nossa vida pública, e não só com professores/as, e nem só de português!.
Antes de passar às análises prometidas, devo ressaltar que se trata (em parte) de uma crônica, porque se refere a um evento de nosso cotidiano, o uso “popular” da linguagem dentro da vida pública, e porque o comenta. Também, que é “de Linguística” porque se refere a um estudo provisório de uma (digo, duas) manifestação da língua – considerada, aqui, enquanto uma forma de interação humana, não como “um instrumento externo de comunicação, de transmissão de informação”, mas como “uma forma de atividade entre dois protagonistas numa atividade interlocutiva” . Por fim, falo em linguagem porque se trata de uma manifestação humana de interação entre semelhantes – aqui, verbal, portanto, objeto de estudo da Linguística; quanto à/o (Análise do) Discurso, digo que se trata de uma (quase) primeira aproximação acadêmica, haja vista que já a vivenciamos (todos/as) nós diariamente, mas, talvez acima de tudo, estou visualizando duas formas de expressão e de protesto tipicamente humanas (todos os grifos são meus). Logo, trata-se de uma escritura marcada pela diversidade, num transito que vai da crônica ao artigo, embora por mim definido com sendo este último. Desde já ressalto que se trata de uma manifestação acerca da linguagem escrita, mas num formato que beira ao hibridismo.

2. Análise do Discurso & Linguagem: um ensaio de aproximação “teórica”

Considero, neste texto, a linguagem enquanto uma forma, um mecanismo de interação social, e de interação humana, acima de tudo, uma vez que é através da linguagem que nós, humanos/as, nos fazemos entender diuturnamente.
Costumamos fazer uma breve e arriscada distinção, com mera finalidade didática, entre a linguagem verbal (que utiliza o código lingüístico, o verbo, a palavra, que é objeto de estudo da Linguística) e a linguagem não-verbal (que se vale de outros muitos códigos não-verbais, como é o caso dos acenos, das placas de trânsito, dos asso(b)vios dos recursos expressivo-faciais...). A linguagem humana passa a ser estudada cientificamente a partir de Ferdinand Saussure (fins do séc. XIX, início do XX – o Curso de Linguística Geral, desse genebrino vem a lume em 1917, obra póstuma, graças às anotações de sala aula de alunos seus). Linguagem, em suma, “como um processo de interlocução”, como um “ponto de encontro” entre a pessoa que fala/escreve e a que lê/ouve, locutor/a e alocutário/a, para usar uma definição mais técnica.
No que diz respeito à Análise do Discurso (AD), ressalto que se trata de uma disciplina acadêmica, correlata à Linguística. Uma ciência, ou ramo de estudos através do qual se interseccionam a Linguística e outras ciências “sociais”. Podemos dizer que a AD se “estrutura no espaço que há entre a lingüística e as ciências das formações sociais”. Ou: que a AD “propõe um deslocamento das noções de linguagem e sujeito que se dá a partir de um trabalho com a ideologia. Assim, passa-se a entender a linguagem enquanto produção social”. E, para nocionar um pouco mais este campo teórico: “A AD nos permite trabalhar em busca dos processos de produção do sentido e de suas determinações histórico-sociais” .
Destaquei intencionalmente a relação linguagem e sujeito, em virtude de a análise que farei dos enunciados incidir nesses dois pontos: a linguagem, elemento usado para a interação humana (a verbal, neste texto) e o sujeito, aqui entendido como aquele que usa a linguagem (verbal) como mecanismo a serviço de sua necessidade de expressão, de protesto. Ou como o “Resultado da relação com a linguagem e a história”, uma vez que “o sujeito do discurso não é totalmente livre”. “O sujeito é constituído a partir relação com o outro” (INTERNET, 2008).
Não obstante estas tentativas de definições, quero deixar claro que o que faço aqui são aproximações de “olheiro” e não uma tessitura textual à moda de um emaranhado de discursos (linguagens) teóricos, acadêmicos. Embora em alguns momentos sejam feitas algumas incursões em estudos mais “técnicos”, o que tenho em primeiro plano na minha imagem de receptor é o leitor/a “comum”, ou seja: o/a não-especialista.

3. Os dois enunciados

(3.1.) “PRFFEITA, TAPE SEU BURACO”
(3.2.) “PREFEITA mande o seu secretário limpar a CAGADA que ele fez nesta rua, caso aucontrário 3 DE OUTUBRO VEM AÍ” (as palavras que eu negritei estavam escritas numa cor diferente e em destaque, nas placas onde eu encontrei tais enunciados).
Duas notas: quanto ao enunciado (3.1.), ressalto que ele estava grafado numa tábua velha, trecho da Rua “Pe. Emílio”, passando o Estádio Municipal “O Açaizão” e antes dos muros da Escola “Raimundo Emiliano Pantoja”, mês de dezembro de 2007, época chuvosa no “Miri”, numa parte dessa rua que, naquele momento, estava quase intrafegável. Subentendo que populares fizeram uma obstrução à passagem de carros, naquele trecho, uma vez que vi troncos de árvores e outros recursos dessa natureza sendo usados naquele contexto de proposto.
No que diz respeito ao enunciado (3.2.), ressalto que o li no dia 23 de maio de 2008, bem atrás do Prédio da Câmara, naquela Rua que passa pela frente da Igreja Betânia (onde tem alagado várias vezes, neste ano de 2008, ao chover um pouco mais!), dia do Aniversário da Cidade de Igarapé-Miri (112 anos), também numa tábua velha e em letras garrafais. As duas transcrições foram feitas ipslitere.

4. Tentativas de leitura

Agora quero explicar em que centrarei a minha lupa analítica, já que os dois enunciados dão margem a uma série de considerações. No que diz respeito ao (3.1.), não podemos deixar de ressaltar a relação protesto vs sexualidade/promiscuidade (?!). E, no outro (3.2.), a relação eliminação de excrementos vs política partidária.
Quanto ao primeiro enunciado, não me custa nada afirmar que todo e qualquer cidadão/ã tem o pleno direito de reclamar do Poder Público (mais imediatamente, em nosso caso, da Prefeitura) melhorias para a sua qualidade de vida, já que o/a Prefeito/a é, na verdade, um servidor/a da população; é uma pessoa legal e democraticamente investida pela população numa função pública que só existe porque é necessário que uma pessoa administre o Município (não só a cidade). Sua função é executora, articuladora e, talvez acima de tudo, planejadora. Coisa parecida se diz do Vereador/a, que tem a função de legislar, de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos por parte do Executor/a: ou seja, a função deste/a não é de andar debaixo do braço daquele/a, nem a de ficar dizendo “amém” pra quem gesta. Tem, sim, os populares o direito de cobrar, de forma responsável, coerente, respeitosa. Mas deve haver limites no uso dessa prerrogativa popular, sustento eu. Não dá para dizer “qualquer” coisa.
O enunciado (3.1.) carrega em si uma forte apelação sexual, numa conotação vulgarizada, em que a ambigüidade presente nessa frase deixa implícita uma (provável) tentativa de atingir, pelo prisma da sexualidade, uma figura pública, nesse caso a Prefeita Dilza Pantoja. Ambigüidade diz respeito ao fato de um termo (palavra, frase) poder significar, lingüisticamente, mais de uma coisa, dentro de determinado contexto de interação lingüístico-social. Fica aqui a pergunta se o direito de cobrar, de exigir, não deve ser norteado pelo respeito ao outro.
Já quanto ao (3.2.), digo que a “coisa” fedeu. Nele, a prerrogativa de se manifestar publicamente (mesmo que de forma anônima, como é o caso dos dois enunciados por mim encontrados) “baixou o nível”. O uso da linguagem verbal por esse/a sujeito (ou vários/as) beirou ao baixo calão.
Mas quero tecer mais algumas notas explicativas. Primeiramente, parece que alguém está mandando um recado atrevido à Gestora de nosso Município, “solicitando” que ela use de sua autoridade para exigir de um auxiliar seu (“o seu secretário”, de Obras Públicas, creio eu) a realização de uma tarefa pública que, em tese, só ele poderia fazer (“limpar a CAGADA que ele fez nesta rua”). Em segundo lugar, fica implícita uma condição à Gestora, que seria um provável prejuízo eleitoral nas Eleições de 5 de outubro! Isso mesmo: a pessoa se enganou/naram, já o dia de depositar o voto na urna eletrônica é 5 de outubro deste ano e não 3 de outubro, como dizia a placa.
Terceiro, o recurso de apelar ao quesito Eleições é uma tática popular que (infelizmente) ainda muito se faz aqui no “Miri” (Sei que não é só por aqui!). Se a rua, com a “CAGADA”, traz prejuízos eleitorais, então podemos dizer que, em aquela sendo limpa, haveria lucro eleitoral?! Não seria “só” uma obrigação de quem foi legal e coletivamente empregada/o para fazer esse trabalho?! Quarto, por que não se disse “mande o seu secretário limpar a” – SUJEIRA ou IMUNDICE – “que ele fez nesta rua”?! E, por fim, pessoas mais atentas observaram que, ao invés de se escrever ao contrário (ou caso contrário, somente, o que soaria melhor), a forma verbal ficou assim: “aucontrário”. Trata-se de uma escrita diferente daquela que é exigida pela Norma Padrão do Português, pela Gramática Normativa, que diz sobre o que é “certo” e sobre o que é “errado” na língua. Imagino que pessoas não-bem intencionadas andaram debochando dessa escritura, devem de ter feito caçoada desse linguajar e, sem dúvida, de quem escreveu. Por quê? É simples: essa forma de uso da língua não goza de prestigio social, é uma manifestação desvalorizada, como desvalorizada sócio-culturalmente é a pessoa, em nosso País, que fala e/ou escreve desse jeito ou doutros, como: buto, buca, fuguista, canua cheia de mapará de prua a prupa.
Vejamos, acerca desse desprestígio, Marcos Bagno (diz-se “Bânho”): “Os brasileiros letrados não só discriminam o modo de falar de seus compatriotas analfabetos, pobres e excluídos, como também discriminam o seu próprio modo de falar” (2000 - grifei).

5. Considerações de Despedida

A leitura e a análise (superficiais) desses dois enunciados puderam demonstrar o quanto as nossas ruas, com as suas linguagens, com suas manifestações públicas, são ricas culturalmente – e não só no que concerne ao código lingüístico, aliás. Mostrou, também, a possibilidade de se fazer a desconstrução do que está escrito em nossas vias públicas, haja vista que o público (a rex pública, a “coisa pública”) é de todos/as nós. Destaco, finalmente, nesses dois eventos textuais, a coragem do povo no sentido de dizer, verbalmente, um basta a certas coisas que – ano após ano – continuam teimando em se fazer presentes aqui no “Miri”, mesmo que através do anonimato, pois ninguém por lá assumiu a autoria dos escritos. Enfim: foi de suma relevância fazer essas tentativas de (re) leituras da fala de nossas ruas (nem que seja “só” pra mim!).

__________________

Importante:
Este artigo deverá ser publicado no Jornal Miriense, em duas partes, sendo a Primeira na edição de junho/08 e a Segunda, na de julho/08.

Texto de Opinião, Prof. Israel

Ainda sobre a (TV) Cultura, controvérsia!
Prof. Israel Fonseca Araújo


Esta escritura nada mais é do que uma maneira de problematizar uma situação (que é ícone de tantas outras): na mídia, sobretudo em jornais de cidades “pequenas” deste nosso Pindorama (=Brasil), é comum o aparecimento de notícias contraditórias, acima de tudo quando uma delas é de autoria de Prefeitura (tenho muito medo de Prefeituras, mas sei que são importantes e que tenho de conviver com elas!). Foi o que se deu aqui no “Miri”.
Dias antes da inauguração da Retransmissora da TV Cultura do Pará, Canal 9, uma vistosa faixa, na área da antiga Telepará, anunciava que o Governo do Estado (“Pará, Governo do Estado”) estava levando o sinal da TV Cultura a mais 13 municípios (por que justo 13?!) paraenses e, dentre estes, Igarapé-Miri. Ótimo, já não era sem tempo.
Mas (me assusto, geralmente, com esta conjunção coordenativa sindética adversativa), no MIRIENSE NOTÍCIA, encarte do Jornal Miriense de 24/2/08, na CAPA, em letras garrafais lê-se: “Prefeitura de igarapé-Miri faz parceria com o governo estadual e traz a TV Cultura para o município”. Assim mesmo, ipsilitere: (1) o verbo trazer, conjugado “traz”, tem como Sujeito “Prefeitura de Igarapé-Miri”. Portanto, por esta construção frasal, quem trouxe a TV Cultura para este torrão foi a Prefeitura de Igarapé-Miri. Mas, (2) a faixa afixada no antigo terreno da Telepará dizia que o Governo do Estado (FUNTELPA) estava levando esse Canal a mais 13 Municípios do Pará e, assim, o Sujeito de levar é (ou era) o governo estadual – que na Capa do MIRIENSE NOTÍCIA aparece, apenas, como um parceiro, em secundário destaque.
(3) Já no mesmo MIRIENSE NOTÍCIA, às págs. 2/3, em letras bem menores, um texto assinado por Ronaldo Quadros, do Portal Cultura, em Igarapé-Miri (subentendo que ele estava em Igarapé-Miri naquele momento de escritura e NÃO que esse Portal esteja sediado no “Miri”), lê-se: “A inauguração da retransmissora de Igarapé-Miri é mais um passo no projeto do governo [do Estado do Pará] de expandir a TV Cultura do Pará a todos os 143 municípios paraenses”. Ora, aqui, quem expande é o governo [do Pará] e NÃO a Prefeitura de Igarapé-Miri, como se lê na CAPA, em letras bem maiores e em destaque, obviamente.
Se me equivoquei acerca da “Contradição”, peço que alguém me elucide a questão, pois sou Professor de Leitura e quero ajudar as minhas turmas nesse sentido e acho justo (e inteligente) deduzir a partir daquilo que no texto está posto. Mas, de repente, algum (a) “especialista” mais competente (em leitura) do que eu, poderá me socorrer. Fica aqui o meu humilde pedido de ajuda.
(4) O encarte é um Documento Oficial de nossa Municipalidade, como se entende do timbre: “ESTADO DO PARÁ/ PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-MIRI”. Entretanto, e mesmo tendo o nosso Brasão, não encontrei o “TODOS POR IGARAPÉ-MIRI”, apenas, ao final da página 4, o mesmo Brasão e “DILZA MARIA PANTOJA CORRÊA – PREFEITA MUNICIPAL”. “OFERECIMENTO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-MIRI”. Segundo eu (que sou leigo em jurisprudência) deduzo, por conta dos princípios da Impessoalidade e da Legalidade, previstos em nossa Carta Magna (Lex Mater, CF/1988), a redação oficial deve ser impessoal: é o Governo (de qualquer uma das três esferas) quem comunica.
Afinal de contas, quem é esse Sujeito de levar e/ou de trazer?


Publicado originalmente no “Jornal Miriense”, 05/04/08.

(*) Breve Nota sobre o autor:

Especialista em Estudos Lingüísticos e Análise Literária (CCSE, UEPA, 2007), Licenciado Pleno em Letras/Português (CUBT, UFPA, 2007), professor de Língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Igarapé-Miri (PA), poeta, cronista, colaborador dos Jornais “Jornal Miriense” e “A Folha de Maiauatá”. Ex-Formador de Grupo (Língua Portuguesa/Segmento de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental) do Programa de Formação Continuada “Parâmetros em Ação”, MEC/SEMED – Ig.-Miri, tem uma série de trabalhos publicados nesses jornais e em forma de resumos/posters em encontros científicos, de textos de opinião, além da obra “CONTRASTES – poemas que nascem na Amazônia”, no prelo, com o também poeta Antônio Marcos Ferreira. Ultimamente (2007/8), tem dado Oficinas e Palestras acerca da Poesia e da Leitura (Letramento), em algumas Escolas Públicas de Igarapé-Miri (PA). E-mail: fonsecaraujo@bol.com.br; poemeiro@hotmail.com.

Crônica do Prof. Israel

Uma Croniquinha de Lingüística:
(Des) Construções sobre um 1º de Maio
Prof. Israel Fonseca Araújo(*) – fonsecaraujo@bol.com.br


Tenho duas Croniquinhas no prelo, mas devo dar (o que será que o meu amigo JJ dirá disto?) algumas notas sobre esta que ora “estou a escrever”: 1) não sou jornalista e SIM colaborador de jornal; 2) nos textos que tenho publicado esporadicamente aqui e ali, há (sim) erros de digitação e confusões na morfossintaxe, mas foi o “mas” do texto sobre a (TV) Cultura, “Controvérsia”, o meu maior atropelo. Me perdoem, só posso dizer aqui que se trata de um erro no momento dar o contrl+B: e tem a pressa com o tempo nos cybers – o “dindim” anda curto. Pronto, falei; e 3) outro dia, um amigo me disse que não estava entendendo esses meus textos. É possível, até porque em alguns momentos acabo falando numa linguagem mais comum a Professores (as) de Português: perdão de novo. Mas quero falar sobre o que me trouxe a estas escrituras, nesta noite de 1º de maio de 2008 (21:30h ss).
Os textos sempre guardam as marcas de seus momentos de gestação, de criação. E este não pode fugir a essa regra geral. O que quero nesta Croniquinha é monologar com vocês sobre esses chamados “atos públicos”, entendidos (aqui) enquanto momentos de interação sócio-comunicativa que envolvem um pequeno grupo de pessoas num palanque e um “povo” maior na platéia, mais as estratégias, as metodologias, a sedução etc. Ainda hoje pela manhã, fui escutar as falas das pessoas do “Ato Público” gestado e realizado pelos “Movimentos Sociais” – SINTEPP, COLÔNIA DE PESCADORES, ASSOC. DE MORADORES, STTR/IG.-MIRI, mais CÂMARA, ALEPA. As estratégias para atrair e entreter as poucas pessoas presentes àquele mormaço do em frente ao Mercado de Peixe eram as músicas, as marchinhas, a distribuição de brindes e outras. À noite, fui (de passagem) à Praça “Pe. Henrique”, onde se passava evento parecido com o dos “Movimentos” e organizado pela Prefeitura de Igarapé-Miri. As estratégias, parecidas (só parecidas), mas muitas atrações, apresentações, dando a entender que “a competência” desse segundo Ato era bem maior do que a do primeiro aqui citado.
Em ambos, falava-se em homenagear os Trabalhadores e as Trabalhadoras de Igarapé-Miri, sendo que no primeiro faixas cobrando “coisas” do Poder Público Municipal e, no segundo, uma faixa que fazia homenagem aos “Trabalhadores e Trabalhadoras Miriense” (sem s-zinho no “Miriense”). Em termos de invólucros, tudo “mais ou menos”, como diz aquele personagem que tem olho gordo, mas é no Discurso de ambos os “Atos” que quero agora meter o meu nariz, e na Poesia do segundo, também.
No “Ato”da manhã, muitas cobranças ao Governo “Todos Por Igarapé-Miri”, seja à área da Saúde, seja à da Educação, chegando-se mesmo a falar em tentativa de criação de CPI, na Câmara Municipal para apurar possíveis irregularidades no uso dos recursos (GORDOS) dessas áreas. Cobranças por conta da não conclusão do que seria o Asfaltamento da Estrada que nos leva à Vila de Maiauatá (PA-407); por conta de placas com a indicação de “Mais uma obra do Gov. Todos Por Igarapé-Miri”, justamente, onde outro Governo estaria de fato fazendo a Obra; por conta dos atrasos de (apenas) dez, quinze, vinte ou mais dias no pagamento dos Servidores Públicos Municipais do “Miri”, dentre outras. Já no “Ato” da noite, a imagem de uma cidade sem essa de “mais ou menos”, coisa de ótimo pra lá. Não ouve nenhuma referência a nossa situação de (In) Segurança Pública, de não termos mais liberdade para trafegar pelas ruas e avenidas que fazem este nosso Igarapé-Miri, “Caminho de Canoa Pequena”, SIM, pois quando chove um pouco mais, aqui na cidade, só canoas pequenas podem trafegar na rua que passa à frente da Igreja “Betânia”, esquina da Sesquicentenário. A situação sugerida é tão animadora que um material (de excelente acabamento gráfico), por lá distribuído “gratuitamente”, diz que “Governar é, sobretudo, trabalhar o desenvolvimento possibilitando melhorias na qualidade de vida da população”. Nesse sentido, poderíamos falar noutros meios de transporte para os momentos de chuvas mais fortes (?!). O material não traz créditos, mas tem o “Todos Por Igarapé-Miri”, o que lhe dá status de Texto Oficial de nossa Municipalidade.
Porém, foi a Poesia (Poiesis, “criação”, “imaginação”, “linguagem travada”), nesse segundo “Ato”, o que mais me alegrou. Ouvi os nomes das poetizas Cláudia Araújo, Naiara Serrão e Anne Monteiro. Ótimo, Parabéns à Organização, pois a nossa (globalizada) Cultura deve ser valorizada, a Poesia deve ser gritada por todos os cantos para que comecemos a deixar de ser um País de Não-Leitores. Só não entendi porque não se fez referência aos nomes de poetas como este que vos monologa e Antonio Marcos Quaresma Ferreira, que tão bem levou seus “Versos de Açaí” (que só falam do nosso “Miri”) para países da Europa, mas tudo bem: a gente nunca consegue agradar a todo mundo. Os Parabéns ficam mantidos. Mais feliz ainda eu fiquei quando ouvi a colega Anne dizer que um de seus dois livros a serem publicados entre junho em julho deste ano, e aqui no “Miri”, terá o apoio/patrocínio da Prefeitura deste Município. É, sim, (é isso mesmo: não é o nome de “A” ou “B” é só Prefeitura de Igarapé-Miri, só isso). Anne, que há alguns anos saiu daqui para bem levar o nosso nome adiante. Também aplaudo a idéia de tê-la na equipe da Assessoria de Comunicação do Gov. “Todos Por Igarapé-Miri”. Sobre o citado apoio, fiquei muito feliz, pois tenho (com o poeta dos “Versos de Açaí”, Produção “Independente”) a obra “CONTRASTES”, no prelo, quentinha, só de Poemas, para bem colaborar com as Letras deste torrão. É o crescimento da Cultura desta Terra. Os Parabéns ficam mantidos. Até a próxima.

Publicada originalmente no Jornal Miriense, de 05/05/08, p. 8.

CRÔNICAS DO PROF. ISRAEL

A Cultura (TV) e a “Dona” Ionete: fragmentos de uma opinião
Prof. Israel Fonseca Araújo(*)


Antes de mais nada, advertências: este texto não foi/está sendo escrito por um Cientista Social, ou Doutor em Comunicação Social, ou Antropólogo...; nesta máquina, não se tem o circunflexo e nem o grave; sou professor de Língua Portuguesa, como sabem (e com orgulho, apesar dos pesares!).
Sempre esperei pela entrada da TV Cultura ao nosso Município, mas acreditava (to) que não seria uma boa cartada para a nossa sociedade eminentemente capitalista. Delongas á parte, a Cultura chegou em nossa Cidade (é pura transgressão!), bateu-nos á porta e entrou (sem o “-nos”) em nossos lares. Na minha opinião, uma das pouquíssimas melhores notícias que nos tem chegado nos últimos anos. Tento me fazer entender a seguir.
Para quem queria mais uma oportunidade de ver aqueles filmes desengraçados que a Globo passa, ou umas sete novelas por dia (SIM, o Big Bosta também é uma novela, só que mais “picante” e apelativa do que as outras), ou uma enxurrada de anúncios das Casas Bahia, do Líder ou da Yamada (esqueci do Nazaré)... essa “entrada” não é bem vinda – mas toda primeira vez costuma doer: é o que se diz amiúde por aí. A (TV) Cultura chega até nós para trazer mais conhecimentos/saberes/cultura de boa qualidade, para falar do Brasil, SIM, mas para nos mostrar coisas do Pará que, ás vezes, nem sabemos que existem ou, por muitos motivos, esquecemos que existem: a Globo só passa as coisas ruins do Pará!.
Um amigo meu disse: “pra mim, que não tenho cultura, não foi bom” – crasso erro!; numa borracharia, outro homem disse que é bom, mas que estaria (até 25/02/08) passando apenas coisas da parabólica... Bom, pra mim (que sou educador) é uma ótima notícia – no mínimo pelo que tenho a dizer a seguir sobre a “Dona” Ionete.
No “Sem Censura Pará”, da Cultura, 25/02/08, tinha a coordenadora do Pro-Paz (gov do Estado), uma Doutora em Lingüística, uma Doutora em Letras (Amarílis Tupiassú/UFPA, assim mesmo o nome dela) e um Doutor em Genética – mas doutoras (res) que cursaram Doutorado e defenderam uma Tese de Doutoramento: não “doutoras/res” de apelido – e “Dona” Ionete! Fiquei arrepiado (!) em virtude da qualidade do programa, e por ver a Professora Aposentada Ionete, daqui do “Miri”, baluarte do “Canarana” e da Cultura igarapemiriense. Sendo chamada de “Dona” (sem maldade contra as outras “donas”) é que eu não gostei: deveria ser Professora.
Incrível o encanto, a nostalgia, o deleite com os quais Ionete fala de nosso Município. Após dizer que veio da região do Marajó, passou a falar de Igarapé-Miri de forma apaixonada, vislumbrada. Disse que tudo ela deve a um Município chamado Igarapé-Miri. Impressionante como o nosso “Miri” (lembrei-me, agora, do “Alo, Miri”, do Nazareno da Sabor Açaí!) faz os olhos de Ionete brilharem, o que me faz perguntar por que o Pinduca, ao ser entrevistado pela Ana Maria Braga (2006) e pela TV Liberal (2006/sobre o 1º DVD), não fez sequer uma referência-zinha (transgressão!, a volta) ao nosso “Miri”: falou bem e justamente de Belém, das viagens pelo Pará, a São Paulo, do programa com Ana e Louro José, mas do “Miri” NADA. Mesmo quando a apresentadora disse: “O que você vem fazendo ultimamente?” – a resposta passou por longe.
Incrível essa questão das Identidades (são transitórias: vivemos a Pós-Modernidade). O mesmo torrão que tanto fascina umas pessoas passa ao longe nas veias de outras. Ionete falou de seu trabalho (já exposto aqui no JM), em Belém, em Marapani, em São Paulo, do CD gravado, da vida de professora de História, dos quatro anos em que foi Secretária de Cultura por aqui, de outras coisas. Mas, antes de tudo falou que é de e que “deve” a Igarapé-Miri – talvez seja o contrário. Se me equivoquei, perdoem-me: é o encanto, o fascínio de ser Miriense, e com orgulho (o retorno do orgulho!). A Democracia pede passagem.

(*) Breve Nota sobre o autor:

Especialista em Estudos Lingüísticos e Análise Literária (CCSE, UEPA, 2007), Licenciado Pleno em Letras/Português (CUBT, UFPA, 2007), professor de Língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Igarapé-Miri (PA), poeta, cronista, colaborador dos Jornais “Jornal Miriense” e “A Folha de Maiauatá”. Ex-Formador de Grupo (Língua Portuguesa/Segmento de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental) do Programa de Formação Continuada “Parâmetros em Ação”, MEC/SEMED – Ig.-Miri, tem uma série de trabalhos publicados nesses jornais e em forma de resumos/posters em encontros científicos, de textos de opinião, além da obra “CONTRASTES – poemas que nascem na Amazônia”, no prelo, com o também poeta Antônio Marcos Ferreira. Ultimamente (2007/8), tem dado Oficinas e Palestras acerca da Poesia e da Leitura (Letramento), em algumas Escolas Públicas de Igarapé-Miri (PA). E-mail: fonsecaraujo@bol.com.br; poemeiro@hotmail.com.


Publicado originalmente nA Folha de Maiauatá, mar/2008.

sábado, 7 de junho de 2008

PARA FALAR EM DESENVOLVIMENTO LOCAL/REGIONAL SUSTENTÁVEL:UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DO DESENVOLVIMENTO
A idéia de desenvolvimento vem mudando ao longo da história, diferentemente do que se tentou impor como pensamento único no passado, cujo objetivo era o crescimento econômico sendo o mercado condutor de todos os processos, hoje se tem clareza da existência de várias concepções sendo disputadas.
Para Furtado (2000:09), o desenvolvimento enquanto idéia de progresso tem suas raízes em três correntes do pensamento europeu do século XVIII, ao assumirem uma visão otimista da história. 1) O iluminismo, onde a história é uma marcha progressiva para o racional; 2) A acumulação de riqueza, como opção de um futuro que encerra uma promessa de melhor bem estar e 3) A expansão geográfica da influência européia, como acesso a uma forma superior de civilização para os povos da terra ditos “retardados”.
A rigor pode-se compreender que o desenvolvimento econômico é o crescimento econômico acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população proporcionando alterações profundas no modelo da economia, da organização política e social.
O período pós-guerra é um marco para o conceito de desenvolvimento econômico, devido à criação de organismos internacionais como o BIRD e FMI com o objetivo de reconstruir os países arrasados pela 2ª guerra mundial e emprestar dinheiro para o desenvolvimento dos países do terceiro mundo.Assim nos anos 50 e 60 o conceito de desenvolvimento evolui com a inclusão das questões sociais entre outras questões, incorporadas pela tecnocracia das instituições financeiras multilaterais.
Na década de 70, o conceito de desenvolvimento avançou com o efervescer do debate sobre a consciência dos impactos ambientais tanto a nيvel mundial com as grandes questões que colocam em cheque a vida no planeta como a níveis locais com problemas de poluição localizadas, em fim estão em debate os limites do uso indiscriminado dos recursos naturais.
Para Ignacy Sachs (1993), partindo do conceito de “ecodesenvolvimento”, todo planejamento do desenvolvimento deveria levar em conta cinco dimensões de sustentabilidade: sustentabilidade social, sustentabilidade econômica, sustentabilidade ecológica, sustentabilidade espacial e sustentabilidade cultural. Portanto o “ecodesenvolvimento” buscaria a satisfação das necessidades básicas; solidariedade com as gerações futuras; participação da população envolvida; preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; elaboração de um sistema social que garanta emprego, educação, segurança social e respeito a outras culturas.
Em 1983 a Assembléia Geral das Nações Unidades, cria a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, que irá publicar em 1987 o relatório "Nosso Futuro onde desenvolvimento sustentável é definido como “aquele que responde às necessidades do presente de forma igualitária, mas sem comprometer as possibilidades de sobrevivência e prosperidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades”. .
Por fim a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida também como Eco-92, ocorrida no Rio de Janeiro teve a finalidade de ter e reverter à degradação ambiental bem como promover o desenvolvimento sustentável do meio ambiente (Foladori 2001, Almeida 2001) e até hoje vem servindo como referência para o debate da questão ambiental e da concepção de desenvolvimento sustentável.
Edson Antunes

NO RESPLENDOR DA MEMORIA:IGARAPÉ-MIRI DE FREGUESIA A MUNICÍPIO
Em 1843, a Lei nº 113, de 16 de outubro, concedeu à freguesia de Igarapé-Miri a categoria de Vila, instituindo, ao mesmo tempo, o respectivo Município. No ano seguinte, o Decreto Legislativo nº 118, de 11 de setembro, anexou à vila de Igarapé-Miri as freguesias de Abaeté e Cairari. A instalação do Município ocorreu, efetivamente, dois anos após a sua criação. Vitorino Procópio Serrão do Espírito Santo foi o primeiro presidente da Câmara Municipal instalada, conjuntamente com o Município, em 26 de julho de 1845.
Em 1877, através da Lei nº 885, de 16 de abril, a freguesia de Abaeté foi desmembrada do município de Igarapé-Miri e passou a integrar o patrimônio jurisdicional de Belém, até o ano de 1880, quando foi elevada à categoria de Vila.
Em 1896, a vila de Igarapé-Miri ganhou os foros de cidade, mediante a Lei nº 438, de 23 de maio de 1896.Após a vitória da Revolução de 1930, o Decreto nº 6, de 4 de novembro daquele ano, extinguiu o município de Igarapé-Miri, anexando-o ao território de Abaetetuba. Todavia, quase (que)simultaneamente, pelo Decreto Estadual nº 78, de 27 de dezembro seguinte,voltou a ganhar a sua autonomia municipal.Atualmente, o Município está constituído pelos distritos de Igarapé-Miri(sede) e Maiauatá.
( Da obra Igarapé-Miri do século XIX, do Tenente Agostinho Oliveira, reeditada em 2005 por Eladio Lobato )

Editorial

AMAZÔNIA:DE FATO UMA TERRA SEM LEI?
A absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura (O Bida), que até então era tido como acusado de ter sido um dos mandantes da execução da missionária americana Doranty Stang em 2005 na cidade de Anapu,colocou mais uma vez o Estado do Pará em evidencia na imprensa nacional e internacional.Justamente uma semana após uma comissão da CNBB ter visitado a Amazônia e promovido varias discussões sobre as questões de violência no campo, exploração sexual, trabalho infantil, além de outros temas que também afetam os direitos humanos na região .
A absolvição foi um choque para as lideranças de movimentos sociais, ecumênicos e defensores dos direitos humanos na Amazônia que ficaram perplexos ao serem pegos de surpresa diante da decisão anunciada pelo Júri. Esse fato ocorreu poucos dias depois de um senhor também defensor dos direitos humanos nestas terras ter sido assassinado a poucos metros de sua casa (O que também nos rendeu noticiais em rede nacional).
Ao mesmo tempo pelo menos três bispos paraenses estão sendo ameaçados de morte por também ousarem defender as mesmas questões, inclusive o Dom Flávio, bispo da Diocese da nossa vizinha cidade de Abaetetuba.
Afinal, será que nossa região é de fato uma terra sem lei? Será que os conflitos agrários continuarão conduzindo os nossos “15 minutos de fama” na mídia brasileira? Quando será que a Justiça paraense vai resolver punir os que a um muito tempo tem sido os verdadeiros “senhores” da nossa tão querida e maltratada região amazônica? Por que é tão difícil resolver as questões agrárias no Pará? Será de fato a falta de poder para enfrentar os mandões desta região? Ou será mesmo falta de vontade política para enfrentar o problema ?Acho que pelo menos a justiça poderia sentir um pouco de indignação diante de tanta crueldade e fazer a sua parte! Ou então continuaremos a “ver navios”sendo manchete negativa em rede nacional e internacional por muito tempo!
Prof°.Antonio Marcos Ferreira
Diretor de Edição

A Folha de Maiauata

O blog A folha de Maiauatá é o mais novo espaço on-line do nosso informativo a serviço de todos aqueles que já colaboram ou desejam colaborar com nossa proposta jornalistica popular no municipio de Igarapé-Miri( capital mundial do açaí), região do baixo tocantins, Pará, Brasil.