sábado, 14 de junho de 2008

Texto de Opinião, Prof. Israel

Ainda sobre a (TV) Cultura, controvérsia!
Prof. Israel Fonseca Araújo


Esta escritura nada mais é do que uma maneira de problematizar uma situação (que é ícone de tantas outras): na mídia, sobretudo em jornais de cidades “pequenas” deste nosso Pindorama (=Brasil), é comum o aparecimento de notícias contraditórias, acima de tudo quando uma delas é de autoria de Prefeitura (tenho muito medo de Prefeituras, mas sei que são importantes e que tenho de conviver com elas!). Foi o que se deu aqui no “Miri”.
Dias antes da inauguração da Retransmissora da TV Cultura do Pará, Canal 9, uma vistosa faixa, na área da antiga Telepará, anunciava que o Governo do Estado (“Pará, Governo do Estado”) estava levando o sinal da TV Cultura a mais 13 municípios (por que justo 13?!) paraenses e, dentre estes, Igarapé-Miri. Ótimo, já não era sem tempo.
Mas (me assusto, geralmente, com esta conjunção coordenativa sindética adversativa), no MIRIENSE NOTÍCIA, encarte do Jornal Miriense de 24/2/08, na CAPA, em letras garrafais lê-se: “Prefeitura de igarapé-Miri faz parceria com o governo estadual e traz a TV Cultura para o município”. Assim mesmo, ipsilitere: (1) o verbo trazer, conjugado “traz”, tem como Sujeito “Prefeitura de Igarapé-Miri”. Portanto, por esta construção frasal, quem trouxe a TV Cultura para este torrão foi a Prefeitura de Igarapé-Miri. Mas, (2) a faixa afixada no antigo terreno da Telepará dizia que o Governo do Estado (FUNTELPA) estava levando esse Canal a mais 13 Municípios do Pará e, assim, o Sujeito de levar é (ou era) o governo estadual – que na Capa do MIRIENSE NOTÍCIA aparece, apenas, como um parceiro, em secundário destaque.
(3) Já no mesmo MIRIENSE NOTÍCIA, às págs. 2/3, em letras bem menores, um texto assinado por Ronaldo Quadros, do Portal Cultura, em Igarapé-Miri (subentendo que ele estava em Igarapé-Miri naquele momento de escritura e NÃO que esse Portal esteja sediado no “Miri”), lê-se: “A inauguração da retransmissora de Igarapé-Miri é mais um passo no projeto do governo [do Estado do Pará] de expandir a TV Cultura do Pará a todos os 143 municípios paraenses”. Ora, aqui, quem expande é o governo [do Pará] e NÃO a Prefeitura de Igarapé-Miri, como se lê na CAPA, em letras bem maiores e em destaque, obviamente.
Se me equivoquei acerca da “Contradição”, peço que alguém me elucide a questão, pois sou Professor de Leitura e quero ajudar as minhas turmas nesse sentido e acho justo (e inteligente) deduzir a partir daquilo que no texto está posto. Mas, de repente, algum (a) “especialista” mais competente (em leitura) do que eu, poderá me socorrer. Fica aqui o meu humilde pedido de ajuda.
(4) O encarte é um Documento Oficial de nossa Municipalidade, como se entende do timbre: “ESTADO DO PARÁ/ PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-MIRI”. Entretanto, e mesmo tendo o nosso Brasão, não encontrei o “TODOS POR IGARAPÉ-MIRI”, apenas, ao final da página 4, o mesmo Brasão e “DILZA MARIA PANTOJA CORRÊA – PREFEITA MUNICIPAL”. “OFERECIMENTO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-MIRI”. Segundo eu (que sou leigo em jurisprudência) deduzo, por conta dos princípios da Impessoalidade e da Legalidade, previstos em nossa Carta Magna (Lex Mater, CF/1988), a redação oficial deve ser impessoal: é o Governo (de qualquer uma das três esferas) quem comunica.
Afinal de contas, quem é esse Sujeito de levar e/ou de trazer?


Publicado originalmente no “Jornal Miriense”, 05/04/08.

(*) Breve Nota sobre o autor:

Especialista em Estudos Lingüísticos e Análise Literária (CCSE, UEPA, 2007), Licenciado Pleno em Letras/Português (CUBT, UFPA, 2007), professor de Língua Portuguesa na Rede Pública de Ensino de Igarapé-Miri (PA), poeta, cronista, colaborador dos Jornais “Jornal Miriense” e “A Folha de Maiauatá”. Ex-Formador de Grupo (Língua Portuguesa/Segmento de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental) do Programa de Formação Continuada “Parâmetros em Ação”, MEC/SEMED – Ig.-Miri, tem uma série de trabalhos publicados nesses jornais e em forma de resumos/posters em encontros científicos, de textos de opinião, além da obra “CONTRASTES – poemas que nascem na Amazônia”, no prelo, com o também poeta Antônio Marcos Ferreira. Ultimamente (2007/8), tem dado Oficinas e Palestras acerca da Poesia e da Leitura (Letramento), em algumas Escolas Públicas de Igarapé-Miri (PA). E-mail: fonsecaraujo@bol.com.br; poemeiro@hotmail.com.

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