por Edir Veiga 03 de agosto, 2014 - 15h05
(Fonte:
www.bilhetim.com.br)
A União Democrática Nacional fazia campanhas
presidenciais e estaduais com um discurso fortemente moralista, pois esta
tática de campanha eleitoral era percebida como a maneira mais eficaz de
enfraquecer os partidos “populistas” PTB e PSD, ligados ao presidente
Getúlio Vargas.
Na década de 1950 o bloco varguista acumulava
enorme ativo político perante a população urbana, notadamente a classe
operária. A UDN só poderia fazer frente aos adversários através de denúncias
bombásticas de corrupção. A UDN era um partido assumidamente ultra
liberal direitista e lutou, sem sucesso pela conquista da presidência
durante toda a República de 1946.
No Pará, o ativo acumulado pelo grupo do governador
Magalhães Barata projetava uma hegemonia duradoura na política paraense.
Aqui em nosso estado, Barata militava no Partido Social Democrático-PSD e tinha
contra sí um enorme leque de partido que lhes faziam oposição que juntava da
UDN até partidos e ativistas de esquerda.
Tanto em nosso país como no Pará Vargas, Barata e
seus partidários dominaram a cena política até suas mortes, os
direitistas da UDN chegaram subjugados ao governo em aliança com os generais de
1964. A UDN seria o embrião do PDS-PFL , que hoje são os Democratas-DEM.
Em 2014 no Pará, o PMDB, ausente do comando do
governo estado desde 1994 entra na disputa estadual com reais
possibilidades de travar uma disputa equilibrada, e com chances objetivas
de vitória. O PSDB, apesar de estar com a máquina administrativa e política do
governo está fragilizado por dois motivos centrais: estar ocupando o
poder desde 1994, com um intervalo entre 2007 e 2010, e caso vença as eleições
de 2014, chegará até 2018 a 20 anos de governo no espaço de 24 anos, e
isto aguça psicologicamente o eleitorado para a ideia genérica de mudança e o
segundo motivo da fragilidade tucana no Pará é o fato do governo Jatene,
entre 2011-2014 não ter enfrentado com sucesso a agenda pública materializada
nas reivindicações por assistência à saúde, segurança e saneamento básico. Na
capital, soma-se a “grita” por mobilidade urbana.
Em todas as sondagens eleitorais, públicas ou
informais, parece clara que a avaliação positiva do governo Jatene não
ultrapassa os 30%, o que coloca claramente o sinal de alerta nos hostes
tucanos. O principal candidato oposicionista, o pemedebista Helder
Barbalho vem surfando nos desacertos que foram cometidos no ninho tucano
nos últimos seis meses e no desejo genérico do eleitorado por mudança.
Eu diria neste momento que o candidato
oposicionista já acumula vitórias parciais nesta campanha iniciante
materializada no fato de nunca ter disputado um cargo majoritário e estar,
neste momento, disputando em pé de igualdade com um governador incumbente
as intenções de votos na população paraense.
No entorno de Jatene e Helder, que devem
protagonizar uma disputa equilibrada até o dia da eleição, os grupos e partidos
se organizam. Os tucanos fragilizados pelos longos anos no poder político
no Pará atacarão no ponto mais fraco de Helder Barbalho, que são as denúncias
renovadas que o grupo governista e seus aliados na grande imprensa
perpetram contra a passagem do senador Jáder Barbalho pelo governo do
Pará.
Parece que os tucanos, em sua busca para
despotencializar o candidato oposicionista deverão demonizar a candidatura
Helder com uma campanha no velho modelo udenista, onde o apelo moralista e o
combate a corrupção deverão dominar a estratégia tucano nos meios de
comunicação e nas redes sociais. Como o PMDB e seus aliados buscarão
escancarar denúncias contra Jatene e seu governo, poderemos esperar uma
campanha onde o confronto moralista e denuncista deverão ocupar mais tempo do
que os debates programáticos.
Não advogo uma campanha eleitoral livre de
polêmicas, denúncias e debates acalorados. Acredito sim que a campanha
eleitoral é o momento de mostrar propostas e diferenças entre os candidatos,
inclusive no ponto de vista moral. Mas o exagero, seja no denuncismo, seja no
apoliticismo são prejudiciais ao debate democrático. Mas eu acredito piamente
que assistiremos nas eleições de 2014 uma campanha baseada no
moralismo, no denuncismo e na despolitização. Creio que o eleitorado
ficará decepcionado com o estilo de campanha que se aproxima para o governo do
Pará.
Na luta política eleitoral sempre assistiremos a
situação maximizando seus acertos e minimizando seus erros e a oposição
maximizando os erros do governo e minimizando os acertos: assim funciona a
democracia. Cabe aos partidos em disputa municiarem o eleitor com o máximo de
informação possível, sem dúvida nenhuma quem melhor convencer a maioria
do eleitorado receberá a maioria dos votos.
Tenho dito."
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