Prof. Israel Fonseca Araújo
“Carajás
O confronto ocorreu em 17 de abril de 1996 no município de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, quando 1,5 mil sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras na rodovia PA-150. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local. Além de bombas de gás lacrimogêneo, os policiais atiraram contra os manifestantes. Dos 155 policiais que participaram da ação, Mário Pantoja e José Maria de Oliveira, comandantes da operação, foram condenados, a penas que superaram os 200 anos de prisão. Eles estão em liberdade, por força de um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, concedido em 2005.” (http://g1.globo.com; 17/04/12 – notícia do Jornal Hoje)
Hoje, pra mim, é um dia bastante simbólico, marcado que foi pelo dia 17 de abril de 1996. Trata-se de um dia em que eu estagiava (no Grupo – Escola “Manoel Antonio de Castro”; nesse tempo ainda era Escola Estadual de 1º Grau “Manoel Antonio de Castro”), juntamente com meu colega do 3º ano do Curso de Magistério, Rivelino Bastos da Costa (hoje é Professor da Rede de Ananindeua-PA), grande colega e amigo. O estágio era dirigido pela Professora Elvira Ferreira de Castro, da Escola Estadual “Enedina Sampaio Melo”. A turma era de 1ª à 4ª série, cuja titular era a docente Maria Silva. Salvo engano, a Diretora era Maria Ivanilde Vieira Miranda. O ano de 1996 marca o inefável anúncio do nascimento de meu (ainda) unigênito, Giovanni do Nascimento Araújo.
Mas, infelizmente, simbólico acima de tudo pela atuação das tropas militares de Almir José Gabriel & (prof.) Simão Róbson Jatene (1º governo tucano de Almir Gabriel), que ceifaram 21 vidas de trabalhadores(as) rurais em Eldorado – para os criminosos, até hoje, quase ninguém pagou por nada!; condenados?. Dois; cumprindo pena?; quem?. Você sabe? Eu não sei.
Essa tragédia colocou nosso Pará nos noticiários nacionais e internacionais sob o manto da vergonha, legou-nos um primeiro lugar que ninguém gostaria de conquistar (na Violência no campo); essa atuação governamental constituiu-se (somente depois o sabemos) numa espécie de prenúncio do assassinato de Ir. Dórothy Stang, em Anapu, em 12 de fevereiro de 2005 (penúltimo ano da 1ª Gestão do Prof. Simão Jatene (PSDB) – este mesmo Jatene que, hoje, está nosso Governador. Devo dizer Sua Excelência Simão Jatene). Excelências. Assim devemos declarar, porque o que o Pará tiver de melhor a gente tem de mostrar. Não é assim que se deve dizer?
A morte dessa missionária americana deixou nosso Pará ainda mais destacado, sob o manto da desonra, nos noticiários Brasil afora.
Hoje, 17 de abril de 2012, à hora do almoço, a TV Globo – que é um grupo midiático de poderes incalculáveis dentro da comunicação social(!) brasileira, que nos deixa informados de (quase) tudo o que se passa no Mundo (aliás, só ela consegue resumir as informações do mundo todo “em 1 minuto”...), no Jornal Hoje, trouxe-nos essa funesta lembrança – de um dos episódios mais tristes da nossa história paraense pós-moderna. Ícone da maneira pela qual o Poder Público Estadual trata o povo do Pará. Carajás não morreu. Essa nossa memória continua sangrando, que Deus nos livre, perpetuamente.
Creio que só mesmo Eclesiastes, Cap. 3, pode nos fazer entender tudo isso.