quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

EDITORIAL



VIVA A SOCIEDADE ALTERNATIVA !

REFLEXÕES SOBRE O FORUM SOCIAL EM BELÉM E AS DISCUSSÕES SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM IGARAPÉ-MIRI. AFINAL, ATÉ ONDE PODEMOS ACREDITAR QUE UM NOVO MUNDO É DE FATO POSSIVEL?


Profº Antonio Marcos Ferreira¹

E-mail: antoniomarcospoeta@yahoo.com.br

Belém do Pará viveu nos últimos dias do mês de janeiro e inicio de fevereiro momentos históricos ao sediar a 9ª edição do Fórum Social Mundial .Criado em 2001, no Brasil, mais precisamente, na Capital gaúcha, Porto Alegre, como uma espécie de contraposição ao Fórum Econômico realizado na Suíça (conduzido pelo grupo dos países mais ricos do mundo G-8) o Fórum Social chegou a Amazônia, justamente, em momento que a região vive o foco das atenções do mundo, por ainda representar a maior reserva florestal do mundo, maior concentração de água doce e de biodiversidade do planeta.etc.
No momento em que o primeiro negro da história, chega ao poder na América do Norte, e tem a crise econômica global como principal adversária,questionamentos decisivos para o futuro da humanidade no planeta começam a vir a tona. Afinal o que o mundo deve esperar da cabeça do democrata, Barach Obama?
Bem...parece-nos é que pelo menos o seu discurso é inovador. Parafraseando o grande Martin Luther King (incontestável defensor da causa negra nos anos 60), Obama diz que tem um sonho,qual seria esse sonho? Ele disse também que quer dar um novo sentido à globalização, que sentido seria esse? Essa resposta ele mesmo nos fornece. Diz que vai lutar para garantir a preservação da identidade de cada nação e para universalizar aquilo que deve ser comum a todos: a paz e o respeito entre os povos. Um discurso que embora capitalista, parece culminar com o espírito do Fórum Social Mundial. É verdade que nem vêem com “bons olhos” ou escutam com “bons ouvidos” a fala de Obama, lembram do que disse o presidente da Venezuela? Ele mesmo, o emblemático e contundente Hugo Chaves! Não esperou nem Obama assumir para mostrar sua visão depreciativa e descrente quanto a política (capitalista) do norte americano.
Mas afinal, até que ponto podemos acreditar que um novo mundo é possível? E a sociedade brasileira, extremamente consumista, estaria apta a abrir mão do atual modelo econômico em nome de uma nova conjuntura (socialista) e a optar por uma economia solidária?
Pelo que se sabe a proposta do Fórum Social seria restabelecer a harmonia entre homem e natureza em nome da defesa da própria vida no planeta (hoje ameaçada pelo aquecimento global), o que significaria romper com a ordem atual em nome de uma política de desenvolvimento sustentável.
Tais questões nortearam as discussões do levantadas durante I Seminário de Educação e Desenvolvimento Sustentável de Igarapé-Miri, promovido pelo grupo que discute a criação do IEPA (Instituto de Educação Popular da Amazônia). O evento foi realizado no dia 23 de janeiro na Escola Aristóteles Emiliano de Castro, em Igarapé-Miri (Ginásio) e contou com a presença dos debatedores: Ary Modesto - da ONG Salve Simphonia -Sociedade Alternativa do Verde Ananin , Fabiano Reis -Biólogo, também ativista da ONG Salve Simphonia (ambos da Cidade de Ananindeua) e do miriense Edson Antunes (Mestre em Ciências Políticas e Secretário de Finanças do governo municipal).Ary Modesto, assim como Fabiano Reis, enfatizaram a proposta de um uso adequado das potencialidades do município e sugeriram, por exemplo, o Ecoturismo como fonte de renda responsável.
Enfim, os debates convergiram para um mesmo caminho: para a proposta de um mundo (no caso um Igarapé-Miri), economicamente viável e com uma política sustentável. Propostas tais que foram ratificadas pelo Fórum Social Mundial de Belém do Pará (que contou com uma ampla representação miriense, em diversos segmentos: políticos, culturais, teológicos e tantos outros). Tomara que depois da euforia do carnaval nossas fantasias sejam deixadas de lado e tais propostas sejam encaminhadas para a prática, e que o município de Igarapé-Miri acorde para a vida e acredite que um novo mundo é possível, mas para isso precisaremos a exemplo dos amigos da “Terra dos Ananins” levantar a bandeira de uma Sociedade Alternativa!

¹Graduado em Filosofia Licenciatura/Bacharelado pela UFPA.Professor de Filosofia no Ensino Médio/Seduc-Pa.Presidente da Associação Artística Ananin. Diretor de Edição do Informativo “A Folha de Maiauatá”e Coordenador do Projeto Laboratório de Imprensa Popular em Igarapé-Miri.